Mães de crianças com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) que recebem atendimento no Centro de Apoio Psicossocial (Caps I), localizado no bairro Olhos D’Água, em Feira de Santana, fizeram uma manifestação nesta quarta-feira (26) no prédio do paço municipal. Elas denunciam a falta de médicos neuropediatras para atender as crianças, demora na marcação das consultas e terapias, além de um mau atendimento prestado pelos funcionários.
Mãe de uma criança autista, a dona de casa Ana Claudia informou, em entrevista ao Acorda Cidade, que os neuropediatras que trabalhavam no Caps I pediram demissão por falta de pagamento dos salários.
“Nossas crianças estão sem atendimento, pois os dois neuropediatras que tinha pediram demissão por falta de pagamento. A demanda de muitas crianças faz com que as consultas sejam prolongadas. Em 28 de agosto de 2022, foi que eu consegui marcar uma consulta com o fonoaudiólogo para o dia 15 de fevereiro deste ano, uma longa data, e agora nem isso estamos tendo. Lá está entregue às moscas e nem água tem para as crianças beberem. Os funcionários estão há 3 meses sem receber o pagamento, então atendem a gente mal. Ontem mesmo seria a consulta da minha filha com uma médica, que não está mais lá, e a gente quer uma solução”, explicou a mãe.
Ela também protestou contra a falta de auxiliares nas escolas da rede municipal para atender a esse público. “Estamos aqui também lutando por isso. Minha filha está sem ir para a escola porque não tem uma auxiliar de classe. É um pacote de reivindicações.”
Mãe de gêmeos, Rosana Miranda também disse que está tendo muita dificuldade em conseguir as medicações para os filhos.
“Sou mãe de gêmeos e estamos passando muita dificuldade, porque a medicação que nossos filhos usam, não tem mais neuro para receitar. As crianças ficam em casa em crise e a gente nessa situação sem vaga para as terapias. Eles colocam que tem vagas, mas não tem. Para conseguir vaga, você tem que aguardar 1 a 2 anos. O atendimento demora de 3 a 4 meses. Estamos em busca de uma solução”, afirmou.
Sirlei Magalhães reside no bairro Asa Branca e contou que, além da falta de médicos, não tem água para as crianças porque o filtro de água mineral está há mais de um ano quebrado.
“O atendimento é muito precário. E no centro para autistas no Muchila, minha filha já tem mais de um ano na fila de espera para fazer a terapia e até hoje não tem a vaga. Faltam profissionais, remédios para as crianças que tomam medicação controlada. Está um caos, e a gente quer providências. Faltam auxiliares para as crianças que necessitam de acompanhamento em sala de aula. Queremos ser ouvidas. Alguém tem que olhar com mais empatia, mais carinho, para essas crianças.”
A Secretaria Municipal de Saúde esclareceu, em nota enviada ao Acorda Cidade, que dois neuropediatras pediram desligamento, mas uma nova profissional já foi contratada para assumir o cargo e manter o fluxo de atendimento no CAPs Infantil.
Sobre a falta de água, o órgão informou que a unidade possui bebedouro, que sempre passa por manutenção e funciona normalmente. Referente à marcação, existe uma quantidade por turno de atendimentos e que a equipe é multidisciplinar, formada médicos, psicólogos, além do serviço de terapias em grupo e individual.
A reportagem também entrou em contato com a Secretaria de Educação sobre a falta de auxiliares de classe nas escolas e ainda aguarda o retorno.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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