Pela manhã, quando o pai ia trabalhar, o jovem filho sentiu vontade de beijá-lo, sentar no seu colo como fazia quando era criança e lhe dizer quanto o amava. Talvez falar um pouco da sua vida…
Porém o pai estava sempre apressado e nem percebia o desejo do filho.
Ao ver o pai acenar de longe, o jovem sentiu saudades do tempo em que jogavam bola e das noites em que, acordando assustado, o pai o tranqüilizava ficando ao seu lado. Lembrou também que nessa época seu pai era menos preocupado, mais disponível e aí percebeu como o pai estava mudado. Sentiu um aperto no peito e assim, naquele dia, foi pensativo para o trabalho.
À noite, ao voltar para casa, já encontrou seu pai dormindo. Teve novamente vontade de abraça-lo, beija-lo e pedir um carinho, mas não teve coragem de acordá-lo, pois ele deveria estar muito cansado… e assim o jovem foi dormir com saudades do pai.
No dia seguinte, ao sair de seu quarto, notou um movimento estranho na casa. Foi em direção ao quarto do pai e se deparou com o médico, que lhe disse:
– O coração de seu pai parou!
Desesperado, porém tarde demais, o filho pensou: “Talvez se eu tivesse dito o quanto o amava, seu coração continuaria batendo.” E, diante do seu pai imóvel na cama, conversou com ele: “Pai, o seu coração não agüentou e parou. O meu há algum tempo também parou… desde quando você deixou de me abraçar… Será que é tão errado assim crescer? Porque desde que eu cresci, você pareceu me esquecer.
Desculpe se eu não pude continuar a ser criança, mas não deu para evitar essa mudança. Talvez, um dia, quando nos encontrarmos novamente, eu o veja de novo contente.
E aí, então poderei novamente sentar em seu colo, abraçá-lo e dizer o que não tive coragem: “Pai, eu amo você!”
Fonte: http://www.construirnoticias.com.br/asp/materia.asp?id=498