Entrevista

Toc: Crianças e adolescentes são as mais atingidas com o Transtorno Obsessivo Compulsivo

Segundo a psicóloca Viviane Portugal, que atende no Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil, mais de 200 crianças têmm transtorno de ansiedade associando ao Transtorno Obsessivo compulsivo.

Daniela Cardoso

O transtorno obsessivo compulsivo ( TOC) vem crescendo em todo mundo. A doença mental, que foi considerada rara, atualmente atinge, principalmente, crianças e adolescentes. Em entrevista ao repórter Ney Silva do Acorda Cidade, a psicóloga, Viviane Portugal, que atende no Centro de Atenção Psicossocial infanto-juvenil de Feira de Santana, explicou que a doença é classificada como um transtorno de ansiedade que envolve preocupações excessivas, ansiedade, dúvidas e pensamentos impróprios, que são as obsessões que invadam a mente das pessoas sem que elas queiram e que são repetitivos e acompanhados de medo e aflição. Ela afirmou que muitas pessoas não sabem que sofrem desse transtorno.

Acorda Cidade: O que é o Transtorno Obsessivo Compulsivo – TOC?

Viviane Portugal:  É uma doença mental bastante comum, que apesar de ser considerada rara até pouco tempo, atinge 1 em cada 40 ou 50 indivíduos. No Brasil é provável que exista, segundo a Organização Mundial de Saúde, mais de 3 milhões de portadores de TOC. Muitas pessoas nunca foram diagnosticadas ou tratadas. É uma doença mental grave que está entre as 10 maiores causas de incapacitação e atinge, principalmente, os jovens. Geralmente é uma doença crônica que se não for tratada pode destruir a vida da pessoa.

AC: Com o tempo os sintomas podem desaparecer?

Viviane Portugal:  Nem sempre os sintomas, se não tratados, desaparecem por completo e cerca de 10% se agravam progressivamente. De acordo com a Associação Psiquiátrica Americana, o TOC é classificado como um transtorno de ansiedade que envolve preocupações excessivas, ansiedade, dúvidas, pensamentos impróprios, que são as obsessões que invadam a mente das pessoas sem que elas queiram e que são repetitivos e acompanhados de medo, de aflição. Essa aflição pode produzir a compulsão que são atos realizados repetidamente para reduzir o sentimento constante de angústia.  Essa ação compulsiva vem produzir um prazer que alivia a sensação de culpa por algo errado que aconteceu.

AC: Como as crianças com o Transtorno Obsessivo Compulsivo agem?

Viviane Portugal:  Hoje o TOC é definido como um dos males da clínica moderna; cada vez mais cedo a gente tem observado crianças com comportamentos obsessivos compulsivos. São crianças que o tempo todo percebem em seus discursos que não têm sentido aqueles comportamentos, mas não sabem o porquê. Então elas lavam as mãos muitas vezes até ferir, apagam e acendem as luzes por diversas vezes, comem compulsivamente.

AC: Quais fatores podem contribuir para o desenvolvimento do TOC?

Viviane Portugal:  É interessante a gente pensar o seguinte: todos nós vivemos uma vida moderna, angustiante que nos pressiona e busca por excelência de padrões de vida, de qualidade de poder pagar, de poder consumir. Cada vez mais a ansiedade é exagerada e as crianças são produtos dessas famílias que buscam esses padrões de exageros. Muitas vezes essas crianças são cobradas a não errar, o que gera uma ansiedade muito grande e faz com que as crianças busquem a perfeição.

AC: Em Feira de Santana existem muitos casos confirmados de crianças que apresentam o TOC?

Viviane Portugal:  Hoje temos mais de 200 crianças com transtorno de ansiedade associando ao Transtorno Obsessivo compulsivo.

AC: Como é que a gente pode saber se temos um transtorno obsessivo compulsivo?

Viviane Portugal:  É importante a gente se observar, se avaliar e se questionar se está tendo atitudes repetitivas como lavar as mãos várias vezes, verificar repetidas vezes se a porta ou o gás estão fechados.

AC: Quais são os sintomas do Transtorno Obsessivo Compulsivo?

Viviane Portugal:  Preocupar-se excessivamente com limpeza, não usar roupas de determinadas cores, mania de organização, mania de perfeita localização de objetos, não sair de casa em certas datas, não passar por certos lugares, essas são ações que são perturbadoras e que popularmente são consideradas manias, mas que na verdade são sintomas do transtorno obsessivo compulsivo. A gente tem que entender que repetir não é doença, mas o quanto que essa repetição nos causa sofrimento. O TOC são atos conscientes. A pessoa tem consciência que está lavando as mãos várias vezes. A pessoa tem consciência, mas a aflição e o sofrimento em não fazer a repetição é que gera o transtorno mental.

AC: A sociedade está preparada para identificar o transtorno em uma criança?

Viviane Portugal:  A maior parte das queixas das mães vem como falta de obediência e falta de limite da criança. Muitas vezes a falta de informação leva o atendimento a ser tardio, ou ele nem chega a acontecer.  Se você vê que seu filho tem atitudes repetidas e você sente que ele sofre com aquilo, mas não consegue se livrar é hora de procurar ajuda.

AC: Essa ajuda se dá apenas pela consulta a um psicólogo?

Viviane Portugal:  Na verdade uma parceria com médico e psicólogo se faz necessário. O médico entra com a medicação antidepressiva e a terapia e a psicanálise vai ajudar a pessoa a mudar os padrões repetidos e sofridos de vida.

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