O Mutirão de Negociação de Dívida promovido pela Prefeitura de Feira está gerando descontentamento dentre alguns consumidores que foram resolver pendências com a Coelba e Embasa na sede da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), localizada na rua Castro Alves, nº 635, Centro.
Nesta terça-feira (21), consumidores insatisfeitos com o Mutirão procuraram o Acorda Cidade e relataram que os problemas não estão sendo resolvidos. Uma entrevistada, que não escondeu a sua indignação em relação ao serviço, até disse que o movimento deveria ser entitulado como o ‘Feirão da Enganação’.
A consumidora Juliana Souza disse ao Acorda Cidade que desde às 7h estava tentando resolver uma dívida no valor de R$3.000 que subiu para R$6.000.
“Desde de 7h da manhã estou aqui para resolver um problema, e agora são quase 17h e ainda não fomos atendidos. Ainda não resolveram o problema. Estou com uma dívida de R$3.000 e antes eu pagava R$70, e foi subindo para R$400, R$700 e agora com esse Multirão aproveitei para vir, mas pelo visto não resolveu nada, nem vai resolver, porque eu também não vou pagar esse valor”, afirmou.
Logo que as contas começaram a auamentar, a consumidora explicou que foi à Justiça e abriu um processo.
“Pedimos para retirar o relógio, eles tiraram. Houve verificação e vários protocolos e a gente pediu para retirar só que até hoje consta. No site consta R$3.000 e no multirão está dando R$6.000 e me falaram que eram juros e multas. E não paguei, porque estáva aguardando a decisão judicial”, pontuou.
Outra consumidora, Eliana Ferreira também descontente com sua situação, disse ao Acorda Cidade que procurou o Mutirão para solicitar um desconto à Coelba, mas não obteve êxito.
“Os recibos estão vindo R$300 e pouco. Eu pagava R$200 e pouco, houve o reajuste mas eles não dão o desconto. Cheguei às 8h e não tinham mais fichas, voltei à tarde e não consegui resolver”, contou.
Renalda também foi ao Procon nesta terça-feira e infelizmente não conseguiu resolver seu problema.
“Eu estou com débitos na Coelba, no valor de R$1.300 e pouco, referente a seis contas que eu já tinha contestado o valor alto mais eles informaram que era isso mesmo. Então vim pagar. E não pedi parcelamento, eu disse que iria pagar à vista e queria desconto eles me disseram que não tinha desconto. Então isso para mim é uma farça. Qual o objetivo do Feirão dentro do Procon para fazer uma coisa que a gente pode resolver pelo aplicativo? Eu perdi o dia inteiro para absolutamente nada. Eu cheguei às 8h, fui atendida às 16h30 e não resolveram. Eles imprimiram o boleto e me deram. Eles chamaram o nome disso de Feirão, mas para mim é o Feirão da Enganação”, abordou a consumidora.
Conciliações
O Advogado Euclides Arthur do Procon disse em entrevista ao Acorda Cidade que o serviço em questão não se trata de um Feirão, mas de um Multirão em razão do Dia do Consumidor.
“A gente está na Semana do Consumidor e aqui nós fizemos essa empreitada junto a Coelba e a Embasa justamente para tentar a conciliação de alguns casos referentes à Embasa e à Coelba com o objetivo de resolver os problemas que mais afligem o consumidor. Aqui nós atendemos contas elevadas, cancelamentos de dívidas, empréstimos de contas, cortes, ligação nova, e outros casos que passamos para a Coelba”, informou.
Reduções
Euclides destacou que em casos específicos, o Procon não pode interferir em políticas internas das empresas. E acrescentou que reduções são feitas, mas não em todos os casos.
“Uma dessas pessoas veio pela manhã, foi atendida e depois ficou insatisfeita e voltou à tarde, porque tinha no aplicativo dela uma conta no valor de R$3.000 e estariam cobrando R$6.000 só que essa conta tem um período bem antigo. Quando atualizou foi para R$6.000. A gente ponderou com a Embasa, porque o nosso objetivo é que realmente dê um desconto. A conciliação que estamos tendo aqui já ultrapassa 70% dos casos. E sobre o caso com a Coelba, infelizmente, a gente não pode interferir na Política interna da empresa para que eles possam dar o desconto, entendo que deveriam dar, inclusive”, destacou.
Sobre o tempo de espera, o advogado do Procon reiterou que todas as pessoas que receberam fichas foram atendidas.
“Nós distribuímos 40 fichas para a Coelba e 40 fichas para a Embasa. Quando a gente entrega as fichas, dessas 40 fichas da Embasa 10 são prioridades, e com a Coelba é o mesmo jeito. E a gente obedece a ordem. E como tem muita gente eu avisei as pessoas que a Coelba e Embasa, à medida que forem atendendo, eles vão chamando o pessoal. Então quem tiver ficha com o número 21, 22, 30 é evidente que não será atendido de imediato, vai esperar um pouco, vai entrar pelo período da tarde. Inclusive tivemos pessoas que saíram foram almoçar e depois voltaram para serem atendidas. E nós temos que respeitar a ordem cronológica, porque senão teria que ultrapassar e passar na frente de alguém, o que não é correto”, frisou.
O Multirão começou nesta segunda (20) e segue até o dia 31 de março.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.
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