O Hospital Otorrinos realiza na próxima sexta-feira (17) uma ação no Boulevard Shopping, como parte da programação da Semana do Sono, iniciada na última segunda-feira (13) e que vai até o dia 19 de março.
Será montado um estande próximo à loja Lupo, com uma equipe multidisciplinar de profissionais de saúde, como fonoaudiólogos, fisioterapeutas, dentistas, que irão orientar durante todo o dia sobre os distúrbios do sono e suas implicações para a saúde humana.
“A Semana do Sono iniciou na última segunda-feira. Neste dia, nós fizemos um evento para falar sobre os distúrbios do sono para os profissionais de saúde de Feira de Santana. O evento é nacional, e nesta semana os profissionais de saúde se dedicam a divulgar sobre o assunto. Temos fonoaudiólogos, fisioterapeutas, dentistas, todo mundo envolvido realmente em prol de divulgar que os distúrbios do sono têm tratamento, porque a Medicina do Sono ainda é pouco propagada, as pessoas não conhecem. Muita gente cresceu achando que roncar é normal, tem alguém na família que ronca e nós sabemos hoje que não é. O ronco traz diversos danos à saúde e precisamos investigar. A pessoa que não dorme bem acorda cansada, sente sonolência no dia seguinte, e tem que investigar por que isso está acontecendo. Dormir bem é essencial para a saúde”, observou a médica do sono e otorrinolaringologista, Carolina Grinlfeld, uma das organizadoras do evento em Feira.
Segundo ela, diversas doenças podem gerar o cansaço diurno, mas a apneia do sono é a principal delas.
“A apneia são paradas respiratórias que acontecem à noite, o paciente não vê, mas no dia seguinte está cansado, com a memória diminuída, aquela sensação de que dormiu, mas não descansou, e a apneia do sono gera muitas consequências. O paciente pode ter complicações cardiovasculares, complicações metabólicas, neurocognitivas, fica mais irritado, nervoso, mas é uma doença que tem tratamento se for diagnosticada.”
A médica do sono destacou também que após o período de pandemia, houve um aumento muito grande dos casos de pacientes acometidos por insônia, é uma dificuldade para iniciar ou manter o sono.
“Aqueles que acordam muito cedo e não conseguem voltar a dormir, a ansiedade pode ser uma das causas da insônia, mas temos que observar os pacientes como um todo, observar seus hábitos, o que está gerando esse problema. O sono começa quando a gente acorda, então tudo que a gente faz durante o dia interfere no sono à noite. O que se pode fazer para melhorar o sono é evitar excesso de cafeína e derivados, fazer atividade física é primordial, ter rotina, pois o paciente tem que ter hora certa para dormir e acordar. Se o paciente tiver dificuldade de dormir, ele deve levantar da cama, ir para a sala, colocar um ambiente mais escuro, com pouca luminosidade, esperar o sono chegar para retornar à cama e não ficar em celular, pois os estímulos luminosos deixam a cabeça mais ativa e com dificuldade de relaxar para dormir”, explicou.
A cirurgiã dentista e especialista do sono, Eliane Martins acrescentou que a Semana do Sono conta com uma programação online que as pessoas também podem ter acesso através do site www.semanadosono.com.br. Ela destacou também o papel da Odontologia no tratamento dos distúrbios do sono.
“O dentista pode atuar no bruxismo noturno, que é o ato de apertar ou ranger os dentes, que pode estar ligado a doenças neurológicas, pacientes com Parkinson podem ter, pacientes que usam álcool de uma maneira indiscriminada, que fazem uso de drogas e a própria ansiedade. E o profissional também pode usar um aparelho para tratar o ronco e a apneia do sono. Nós dispomos de um aparelho usado somente para dormir, intraoral, que controla mecanicamente, pois empurramos a mandíbula discretamente no intuito de aumentar o volume da via área”, esclareceu.
Conforme a dentista do sono, o ronco há alguns anos não era tratado e estava associado à obesidade. Entretanto essa abordagem evoluiu.
“Hoje em dia, recebemos no consultório muitos pacientes magros, atletas e com esse questionamento de ronco, então é importante investigar e tratar. É importante a avaliação de um médico do sono, de um otorrino, observar a questão anatômica, se tem desvio de septo, se necessita de cirurgia prévia, porque para os tratamentos o nariz tem que estar com boa qualidade. E o ronco é um sinalizador da apneia do sono, que é a parada respiratória de 10 segundos, em média. O paciente que ronca é sinalizado por alguém, e quando chega ao médico do sono, é feita toda uma anamnese e será solicitado um exame chamado polissonografia. Através desse exame é que fechamos um diagnóstico e a gente precisa saber se aquele paciente tem só um ronco primário ou se tem uma apneia e o tipo dela.”
Uso do CPAP
A médica Carolina Grinfeld abordou ainda sobre o uso do CPAP no tratamento da apneia do sono.
“O CPAP nasal é realmente o tratamento padrão ouro para apneia do sono. É um aparelho de pressão positiva. É como se fosse uma máscara que faz com que a via área não se feche à noite. Para se usar um aparelho como este, o ideal é que se tenha uma via aérea aberta, por isso precisamos examinar o paciente e ver se tem uma amígdala muito hipertrófica, a idade, o índice de massa corporal, doenças associadas, e a gente pode indicar uma cirurgia ou não.”
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