Bahia

Integrantes do MST desocupam fazenda na Bahia após confronto com proprietários de terras

Durante a ação, em Jacobina, as barracas dos ocupantes foram destruídas. A Polícia Militar (PM) foi acionada e disparou tiros de bala de borracha para conter a confusão.

Foto: TV Santa Cruz
Foto: TV Santa Cruz

Após um confronto com proprietários de terras e pessoas da comunidade, os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) desocuparam, nesta sexta-feira (3), a Fazenda Limoeiro, na zona rural de Itaitu, em Jacobina, no norte da Bahia. A Polícia Militar (PM) foi acionada e disparou tiros de bala de borracha para conter a confusão. [Veja no vídeo acima]

Durante a ação, as barracas dos integrantes foram destruídas. A ocupação começou na segunda-feira (27), com a justificativa de que os 1.700 hectares da propriedade estariam improdutivos.

Em conversa ao g1, o MST classificou a ação como violenta e que foi colocada em risco a vida das pessoas. O movimento informou ainda que a fazenda está abandonada há mais de 15 anos.

Apesar da alegação do MST, o dono da fazenda, João Lima, defende que a terra é produtiva. ”Isso aqui não está abandonado. Todos os impostos estão pagos e declarações feitas” disse.

Segundo o tenente-coronel Reinaldo Fernandes, comandante da PM de Jacobina, os integrantes resolveram desocupar a fazenda e aguardar a decisão da justiça.

Ainda sobre a ação, por meio de nota, a PM informou que policiais foram acionados para cumprir um mandado de reintegração de posse da fazenda. No local, teriam sido identificados alguns manifestantes e suas respectivas lideranças. A PM teria realizado a mediação do conflito e os invasores do terreno saíram de maneira espontânea. Guarnições da corporação permanecem no local.

Invasões na Bahia

A fazenda desocupada nesta sexta (3) é a quarta ocupação do MST na Bahia. Outras três áreas foram invadidas em Caravelas, Teixeira de Freitas e Mucuri, cidades do extremo sul da Bahia, na segunda-feira (27).

As áreas fazem parte da empresa Suzano Papel e Celulose, que informou, por meio de nota, que não vê legalidade na invasão e tomará as medidas cabíveis. A Suzano assegurou que gera na região aproximadamente sete mil empregos diretos, mais de 20 mil postos de trabalho indiretos e beneficia cerca de 37 mil pessoas pelo efeito renda.

De acordo com representantes do MST, a ação tem 1.550 pessoas e o objetivo é fazer uma denúncia contra o crescimento das monoculturas na região, como a do eucalipto. Segundo eles, a plantação tem provocado êxodo rural e causado problemas hídricos.

Na quinta-feira (2), o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) determinou a reintegração de posse da área da empresa Suzano Papel e Celulose, em Mucuri. Na decisão da Justiça, no qual a reportagem da TV Bahia teve acesso, o juiz Renan Souza Moreira classificou, na terça-feira (28), a empresa como “legítima proprietária” da área.

Na quinta, a assessoria do MST informou que cerca de 1.200 pessoas seguem nas invasões em terrenos na Suzano. Foram montadas nos acampamentos a estrutura com lona, barracões, cozinha e setor de atendimento de saúde. Desde que chegaram nas áreas, os acampados derrubam eucaliptos e, após a retirada, plantam árvores nativas e frutíferas, como mangueiras e goiabeiras.

Em nota, a Suzano informou que cumpre integralmente as legislações ambientais e trabalhistas nas áreas em que mantêm operações. A empresa reconhece a relevância da sua presença nas áreas onde atua e reforça seu compromisso por manter um diálogo aberto e transparente, de maneira amigável e equilibrada.

Somente em seus projetos sociais, programas e iniciativas na região, a empresa alcançou mais de 52 mil participantes diretos e indiretos, em 82 comunidades e mais cinco sedes municipais, com um investimento de mais de R$ 10,3 milhões em 2022.

Fonte: G1

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