A pesquisa da Obesidade e Gordofobia 2022 – Percepções, realizada pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (Abeso), com 3,6 mil participantes, constatou que 85,3% dos entrevistados foram vítimas de gordofobia – constrangimento por conta da doença.
Segundo o levantamento, os constrangimentos sofridos têm relação direta com o estigma social da aparência e quanto maior o peso, mais recorrentes são os episódios de gordofobia vivenciados. Os ambientes em que mais ocorrem são a própria casa ou de familiares, estabelecimentos comerciais, rodas de amigos, consultas médicas e locais de trabalho.
Neste sábado, dia 4, é lembrando o Dia Mundial da Obesidade, uma doença que, no Brasil, entre 2006 e 2019, aumentou 72%, de acordo a última Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Os casos de excesso de peso já atingem 55,4% da população, enquanto que a obesidade acomete 19,8% dos brasileiros.
Segundo a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), a obesidade é fator de risco para uma série de doenças. O obeso tem mais propensão a desenvolver problemas como hipertensão, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, entre outras.
A psicóloga Áquila Thalita destaca que é muito importante entender que a obesidade é uma doença e que as pessoas precisam ter consciência, além de acesso à informação, já que a gordofobia é uma espécie de preconceito que afeta toda a sociedade.
A psicóloga lembra que esse preconceito pode provocar problemas de saúde mental como depressão, crises de ansiedade, síndrome do pânico, entre outros. Ela lembra que essas questões estão muito associadas a um padrão social, baseada num tipo de corpo ideal e que isso é manifestado através do preconceito, que gera estresse psicológico, podendo desenvolver problemas de saúde mental e também alguns transtornos alimentares.
“Hoje é muito comum as pessoas desejarem naturalizar e normalizar questões que são de saúde pública e a gente está tentando falar de um corpo obeso, não no sentido do padrão estético, mas da reação inflamatória, das questões crônicas e orgânicas que estão associadas ao sobrepeso e que impactam no adoecimento desse sujeito de uma forma direta ou indireta. A questão da aceitação de que existem corpos diferentes é muito importante, que não existe um padrão ideal”, destacou.
A coordenadora do curso de psicologia da Estácio lembrou ainda sobre a importância de cuidar da saúde mental durante o tratamento contra a obesidade, já que, segundo ela, a pessoa pode vivenciar um sofrimento devido ao preconceito existente por conta desse padrão social de corpo ideal.
“Nesse processo de emagrecimento da pessoa obesa é importante que ela possa se ver dentro desse corpo e assim conseguir falar sobre sua própria estima, construir um processo que ela possa entender quais são os prejuízos e qual a melhor maneira que ela tem de lidar com a obesidade, de uma forma minimamente saudável, para manter a qualidade de vida no sentido biológico, psicológico e social”, afirmou Áquila.
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