Feira de Santana

Ambulantes denunciam maus-tratos do rapa após terem mercadorias apreendidas

Segundo eles, os homens chegaram encapuzados e com armas.

Vendedores ambulantes_ Foto Paulo José Acorda Cidade
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Vendedores ambulantes denunciaram nesta quinta-feira (2), a ação de rapas que apreenderam suas mercadorias de forma indiscriminada, com uso de força. Segundo eles, os homens estavam utilizando máscaras e armados. A ação aconteceu na Rua Barão do Cotegipe, em frente a um restaurante.

Após a ocorrência, o grupo se dirigiu à Câmara de Vereadores para pedir apoio e uma solução para o problema.

De acordo com o ambulante Elielton Silva de Oliveira, a mercadoria dele foi apreendida.

“Foi apreendida minha mercadoria, como banana da prata, da terra, goiaba, batata doce, tudo preso lá com meu carrinho. Eles chegaram com máscaras na cara e com armas, parecendo que nós somos ladrões, mas somos trabalhadores, só estava arrumando para pegar meu carrinho e sair no bairro. A gente nem fica na rua. Tinha precisão de eles fazerem isso, levar nossa mercadoria, nosso pão de cada dia? Eu com minha filha em casa e minha mulher, vou fazer o que da vida agora?”, protestou o vendedor.

Segundo Elielton Silva, os homens alegaram que estavam cumprindo ordens da prefeitura.

“Eles disseram que era para a gente ir procurar o prefeito. No centro da cidade a gente não pode circular, mas nos bairros pode. Nós só estávamos arrumando, não estávamos circulando, apenas arrumando para sair”, contou.

Foto: Vídeo/Reprodução/WhatsApp

Outro ambulante, Marciel Conceição de Santana também teve as mercadorias apreendidas. Ele lamentou o prejuízo.

“Levaram meu carrinho e minha mercadoria. A gente estava arrumando com banana, melancia, goiaba e abacate, quando fomos surpreendidos pelo caminhão com homens de preto, mascarados e armados, intimidando a gente, dizendo que a gente perdeu, e aí nos agrediram e levaram toda a nossa mercadoria. Estava avaliada em 500 a 550 reais, fora o que carro que a gente perdeu. Agora eu quero saber onde a gente pode ir para correr atrás, quero minha mercadoria de volta, esse é meu sustento, o meu trabalho, sou vendedor ambulante há 7 anos”, relatou.

“Ele garantiu que não circula com o carrinho pelo centro da cidade, somente pelos bairros. “A gente estava arrumando os carrinhos no centro, em um local distante, que eles mesmos mandaram, e eles vieram e nos renderam, isso é roubo”, reclamou.

Alisson Matheus Carvalho, que também vende frutas há 6 anos, protestou contra a forma como os homens chegaram e jogaram as mercadorias em cima do caminhão.

“Trabalho com frutas já tem seis anos, aqui todo mundo me conhece. Vieram mais de 30 homens encapuzados, pegaram a mercadoria. Eu disse pelo amor de Deus que não levassem minha mercadoria, e eles disseram que era ordem da prefeitura. Na hora que eu peguei meu celular, eles me enforcaram, pegaram minha bolsa, que não era para eu pegar minha mercadoria e jogaram tudo em cima.”

Foto: Vídeo/Reprodução/WhatsApp

O jovem destacou que tinha acabado de comprar os produtos no Centro de Abastecimento.

“Eu tinha acabado de chegar do centro de abastecimento, que eu tinha comprado banana, abacate, frutas, batata-doce. Quando eu estava saindo para vender, eles chegaram, nos surpreenderam e jogaram em cima do carro, e falaram para a gente tomar nossas providências. A gente fica sem saber, queremos trabalhar honestamente e fazem isso com a gente. Queremos apoio, alguém que possa nos dar uma força.”

Outro vendedor ambulante Genilson Carvalho dos Santos disse que estava prestes a carregar o carrinho com as frutas que tinha acabado de comprar, quando os homens chegaram.

“Eu comprei banana, goiaba, melancia, abacate e eles levaram tudo. Não levaram o carrinho, porque só tinha a banana em cima, mas eles tentaram puxar meu carro, eu segurei, e eles pegaram a banana como se não fosse nada, uma banana cara, que custa R$ 150 a caixa e ainda comprei fiado. Parecia que era lixo, levaram tudo. Estou sem dinheiro, não tenho nem a passagem para voltar para casa, que moro no Parque Lagoa Subaé”, concluiu.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

A Secretaria de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico informa que a ação de fiscalização faz parte do processo de ordenamento do centro da cidade. Conforme apuração da SETTDEC, os ambulantes estavam se concentrando diariamente no trecho da rua Barão de Cotegipe, desrespeitando determinação da Prefeitura, o que resultava em sujeira no local, obstrução de calçadas e acostamentos, além de cercear o direito de ir e vir dos cidadãos.

A SETTDEC ressalta ainda que não procede a afirmação de que fiscais estavam armados, uma vez que os profissionais que atuam na fiscalização não utilizam arma de fogo. Toda a mercadoria apreendida, que consistia em alimentos perecíveis, foi doada à AAPC (Associação de Apoio à Pessoa com Câncer). Os carros de mão só podem ser retirados em 10 dias úteis. Os proprietários devem procurar a SETTDEC neste prazo.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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