Feira de Santana

Família acusa UPA de negligência após morte de idosa de 88 anos com grave diarreia

A dona de casa Edileusa Francisca de Lima, filha da paciente, contou que a mãe começou a passar mal no dia 2 de fevereiro.

UPA da Queimadinha
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Familiares da idosa Luzia Francisca de Lima, que morreu no dia 21 de fevereiro, aos 88 anos, após ser acometida por uma forte diarreia com sangue nas fezes, acusam a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Queimadinha de omissão de socorro e negligência, o que segundo eles, teria contribuído para a morte da paciente.

Em entrevista ao Acorda Cidade, as filhas da idosa relataram as dificuldades que enfrentaram para conseguirem atendimento para mãe e falta de informações precisas sobre o problema de saúde dela.

A dona de casa Edileusa Francisca de Lima, filha da paciente, contou que a mãe começou a passar mal no dia 2 de fevereiro.

UPA da Queimadinha
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Ela estava defecando com sangue. Não era toda hora, mas de duas a três vezes foi com sangue. Isso começou na quinta-feira à tarde, e continuou na sexta e no sábado. Quando a gente viu que não tinha melhora, no domingo, a gente trouxe de manhã cedo para a UPA da Queimadinha. Quando a gente chegou aqui, tinha duas pessoas na triagem, duas enfermeiras, que me disseram que não poderiam atender naquela hora porque ela não era de risco e disse para eu levá-la para outro local, mas que não podia atender, porque o caso não era tão grave. Mediu a pressão dela e liberou”, informou Edileusa de Lima.

Segundo ela, levou a mãe para a Policlínica do bairro Parque Ipê e lá também não obteve o atendimento esperado.

“Eu fui para a Policlínica do Parque e logo fizeram a ficha. Só que o médico que atendeu lá não me disse nada, só falou para eu não dar nada que tivesse leite, mas também não informou o que era. Passou um soro, e no mesmo dia voltamos para casa. Na segunda-feira, em vez de ela melhorar, começou a vomitar, e as fezes continuaram com sangue.”

De acordo com a dona de casa, sem saber o que fazer, a irmã Maria Elza de Lima ligou para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que informou não ter condições de se deslocar até a casa da paciente, pois já havia outra pessoa na fila.

UPA da Queimadinha
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Na terça-feira, de manhã cedo, trouxemos para a UPA de novo, porque minha irmã ligou para o Samu, que disseram que não poderiam vir porque iria atender um paciente. A médica do Samu disse que iria ligar e mandar a UPA atender. Quando chegamos aqui, a atenderam, e ela passou logo mal com o remédio que tomou. Botaram na Sala Vermelha, e às 15h, ela estava morta. Isso foi na terça-feira, dia 7. Houve negligência no domingo, que ninguém me falou nada. Disseram que não era caso urgente. Uma senhora de 88 anos defecando sangue há dois dias, e não era urgente, mandou para outro lugar e eu fui, mas também não gostei do atendimento porque o médico também não me falou nada, só passou remédio, que fez ela piorar”, protestou.

Ainda conforme Edileusa, a mãe não tinha histórico de problemas graves de saúde. “O problema que minha mãe tinha era de pressão, mas era controlada, que ela tomava remédio. Só na última eleição, que ela caiu no banheiro e o médico disse que ela teve um AVC, mas ela não sentiu nada.”

A filha da paciente, Maria Elza de Lima disse que na UPA, havia leitos vazios, mas não quiseram atender. Na Policlínica do Parque Ipê, de acordo com ela, não passaram nenhum exame para tentar descobrir o que a idosa tinha. Ao ligar para o Samu, ela relatou recebeu um diagnóstico por telefone. E o prontuário da morte aponta como causas doenças que a mãe não tinha.

Para ela, houve negligência por parte da UPA, e considera que o tempo foi crucial para a perda da mãe.

“Houve negligência porque no domingo tinha dois leitos vazios, que eu vi, quando ela foi mandada embora. Na terça-feira, já tinha passado dois dias e olha o motivo da morte. Se ela estava com anemia profunda e morreu na terça, no domingo já era grave. Ela precisava de uma transfusão de sangue urgente, mas quando a bolsa de sangue chegou, já não conseguiram mais colocar, porque ela teve parada cardíaca, ou seja, o tempo foi crucial. A falta de atendimento e omissão de socorro no domingo foi crucial para a morte dela. Se não tivesse ocorrido, ela estaria viva”, lamentou.

A filha informou que irá entrar com uma ação na Justiça para responsabilizar a unidade pelo mau atendimento.

“Vou entrar na Justiça, adotar as medidas cabíveis. Consultei um advogado, peguei todos os prontuários, já fui ao Ministério Público, o advogado está avaliando toda a documentação, e vou entrar na Justiça, porque isso aqui é costumeiro”, finalizou.

NOTA DE ESCLARECIMENTO

Sobre o falecimento da paciente L.F.L., de 88 anos, ocorrido no dia 07/02/2023, após ser atendida na UPA da Queimadinha, a Secretaria Municipal da Saúde esclarece:

  1. No dia 05/02/2023, a paciente foi atendida na UPA da Queimadinha pela equipe médica de plantão e classificada como risco verde, conforme protocolo do Humaniza SUS;
  2. De acordo com a equipe, como a paciente não apresentava um quadro grave ou de urgência foi direcionada para outra unidade. Ela foi atendida na Policlínica do Parque Ipê, medicada e liberada, com orientações médicas de retorno, caso necessário;
  3. No dia 07/02/2023, a idosa voltou para UPA da Queimadinha. Foi atendida e apresentava um quadro diferente do inicial. A equipe utilizou todos recursos para estabilização da paciente;
  4. Após o falecimento da paciente, uma das filhas agrediu verbalmente os plantonistas e fez ameaças. Além disso, voltou diversas vezes na UPA da Queimadinha e na Policlínica do Parque Ipê, ameaçando os médicos que prestaram atendimento a idosa, e, em uma das vezes chegou a quebrar alguns objetos da UPA. Ela sempre foi acolhida pela equipe de assistência social das unidades que forneceram os esclarecimentos pertinentes, e disponibilizaram os prontuários da paciente.

A Secretaria de Saúde lamenta profundamente e se solidariza com os familiares e os amigos.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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