Política

Confusão entre servidores e advogado eleva clima de tensão na Câmara de Vereadores

Servidores alegam que estão sendo perseguidos e expulsos de suas salas.

Confusão na Câmara de Vereadores
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

O clima na Câmara de Vereadores de Feira de Santana, na manhã desta quarta-feira (1), foi de tensão e confusão entre servidores concursados, vereadores e o advogado que foi contratado pela presidente Eremita Mota para prestar assessoria jurídica à Casa Legislativa.

Segundo servidores, eles estão sendo perseguidos e foram expulsos de forma arbitrária de suas salas de trabalho pelo advogado, a quem acusam de querer mandar na Câmara de Vereadores, mesmo sem investidura no serviço público.

“Está havendo uma série de perseguições, mudanças em setores, só que nós, que somos do setor financeiro, técnicos de contabilidade, contador, tesoureiro, fomos expulsos das nossas salas por um advogado que não é nada da Câmara, não tem nenhum vínculo, e ele nos expulsou. Nós temos 40 anos trabalhando aqui dentro e nunca teve uma denúncia de qualquer coisa errada sobre nossos colegas e nem sobre mim, e agora ele pegou minhas pastas pessoais, que peguei na minha gaveta, não estou com documento público nenhum, e eu não vou mostrar”, protestou um servidor do setor de contabilidade chamado Edson.

O presidente da Associação dos Servidores da Câmara, José Joaquim de Oliveira Neto, também afirmou que estão acontecendo perseguições políticas no local, por pessoas de fora do serviço público.

Confusão na Câmara de Vereadores
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“O que está acontecendo são perseguições políticas na Câmara, de pessoas estranhas ao serviço público, com direitos de mando na Casa, e a gente nunca viu isso. As pessoas para terem mando no serviço público precisam estar investidas nos cargos, e que eu saiba tem pessoas na Câmara sem investidura nenhuma em cargos, mandando, chegando nas salas, expulsando os servidores, humilhando os concursados, fazendo com que colegas saiam chorando, e isso é perseguição. Nós temos 30 a 40 anos trabalhando aqui e nunca passamos por uma situação dessa, isso aqui é uma repartição pública, não é extensão de algo particular, que pessoas de fora podem a qualquer momento a mando do dono falar ou fazer alguma coisa.”

Ele confirmou que parte da confusão começou após um colega tentar deixar as dependências da Câmara portando documentos, que segundo eles, são pessoais, mas foi abordado pelo assessor jurídico.

“Estão querendo aqui assediar um colega nosso para mostrar documentos pessoais, sem ter nenhum respaldo legal. Então dissemos que chamassem a polícia, o Ministério Público, porque ele não vai mostrar documento nenhum para pessoas sem nenhum respaldo jurídico e nem investidura do cargo para estarem mandando.”

A servidora Ana Amélia, efetiva desde 2022, relatou ao Acorda Cidade que ao chegar para o trabalho, na manhã de hoje, soube que foi afastada com toda a equipe da sala do setor financeiro e que somente depois saberá em qual setor deverá ficar.

“Nós fomos afastados. Hoje entramos aqui, e o portão estava fechado. Tivemos que entrar depois. Eu abri a porta, porque tenho a chave do setor, e fui seguida pelo advogado contratado pela Câmara, e pelo diretor-geral, que está acumulando o cargo agora também como gerente de RH, e tinha liquidante ao lado. Essas pessoas me seguiram e perguntaram: ‘Você está ciente do Diário Oficial, que houve as exonerações?’, e eu disse: ‘Sim, eu vi o diário’. Então eles disseram: ‘Está havendo transferências, fizeram remoções e vocês serão transferidos, posteriormente você vai saber para onde vai, e eu preciso que você retire suas coisas, tudo que é seu, porque vai ter que sair do setor”, relatou a servidora.

Ela informou que começou a juntar os objetos pessoais e o advogado a seguiu pedindo para ver o que estava sendo levado, a exemplo de um caderno, classificadores e documentos.

“Eu mostrei minha folha de ponto e comecei a ficar nervosa, peguei minhas coisas, pertences pessoais e saí do setor. Meus colegas presenciaram toda a situação. Por último, Edson nosso colega também foi buscar e ocorreu tudo aquilo, porque ele ficou muito indignado com toda a situação. Eu fiquei muito abalada. Não fomos informados nem que haveria essa transferência e foi muito vexatório, porque fomos acompanhados, como se eu estivesse sendo vigiada”, contou.

Presente ao momento da confusão, o vereador Fernando Torres declarou estar indignado com os últimos acontecimentos.

“Estou indignado com isso de pessoas que são concursadas, que trabalham aqui há mais de 30 anos, serem expulsas da sala que trabalham. Eu sou vereador, fui deputado estadual, duas vezes deputado federal e nunca vi isso, é um absurdo”, reclamou.

O vereador José Carneiro também considerou o fato como lamentável. “A presidente da Câmara contratou um forasteiro que quer impor regras aqui.”

Em resposta às declarações dos servidores e vereadores, o advogado Wellington Osório, que realiza a assessoria jurídica para a Câmara Municipal, negou que o servidor Edson tenha sido expulso de sua sala na manhã de hoje e relatou a versão dele de como tudo aconteceu.

“O servidor, ao sair da sua repartição, pois ele não foi expulso de forma alguma, o diretor solicitou a todos que saíram com documentos que apresentassem para evitar que saiam documentos públicos da repartição pública. Se tem documentos pessoais dele, não há qualquer problema de sair, mas se tem documentos públicos e sensíveis, por exemplo, do financeiro da Casa, de empenhos, esses documentos devem ser guardados pela repartição pública e apenas nos estranha que foi solicitado ao servidor pela direção da Casa que mostrasse a documentação com a qual estava saindo, e ele não quis mostrar e saiu arredio, e por conta disso, foi solicitado que as autoridades policiais viessem para poderem constatar o que está nas mãos desse servidor, verificando se há alguma documentação de ordem pública que deve ser guardada no acervo público”, explicou.

Segundo o advogado, o clima de tensão não era necessário. “A gente compreende a situação do servidor, não queremos ofendê-lo de forma alguma, mas acredito que ele deveria ter mostrado essa documentação de uma forma apropriada às autoridades aqui presentes. Eu faço a assessoria jurídica da Câmara Municipal, estou acompanhando essa situação e estamos sendo mal tratados.”

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade.

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