Agressão no Carnaval

Médica fala sobre agressão sofrida em bloco de Bell Marques no Carnaval

A médica Patrícia Schettini contou ao Acorda Cidade que a confusão se intensificou após um integrante do mesmo bloco em que estava mostrar o órgão sexual para ela.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

A médica Patrícia Schettini, 44 anos, foi agredida com um murro na face enquanto estava curtindo o Bloco da Quinta com seu esposo e cunhada. O bloco estava sendo comandado pelo cantor Bell Marques, na quinta-feira (16), primeiro dia de festa.

Ao Acorda Cidade, a médica contou detalhes de como a confusão começou até o momento em que sofreu a agressão.

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Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Estava tudo bem até a chegada do Bloco na região de Ondina, nas proximidades do Morro do Gato em frente ao camarote Brahma. A minha cunhada jogou um resto de cerveja no chão e a mulher que estava atrás dela, próxima a três homens, começou a gritar dizendo que minha cunhada estava fazendo xixi no chão. Aí falamos que isso não era verdade, foi cerveja, e ficou aquela conversa, conversa pra lá, conversa pra cá. Nesse instante o cidadão que está nas imagens [de um vídeo que repercutiu nas redes sociais], de short azul, verbaliza a seguinte frase: ‘se você é mulher e pode fazer xixi aqui, eu sou homem, eu também posso fazer'”, relembrou a cena.

Exposição

Patrícia Schettini disse ao Acorda Cidade que após dizer isso o homem abaixou as calças e mostrou a genitália para todos que estavam presentes.

“Ele abaixou as calças e mostrou a genitália para mim, a meu esposo, para minha cunhada e para todos os casais que estavam ali ao redor. Aí eu disse que isso era loucura, que era um crime isso que ele estava fazendo. Aí um homem de boné cinza entrou na conversa e falou: ‘vai deixar isso aqui ou vai levar isso adiante? Por que eu sou polícia’. Aí meu esposo falou: ‘não seja por isso, porque eu também sou polícia, mas o seu colega cometeu um crime”, descreveu.

Após isso, Patrícia disse que era melhor não prolongar a situação e que só gostaria de continuar curtindo o bloco, e seguiu com seu esposo e cunhada, a fim de saírem do local.

“Eu falei que não queria confusão, só queria aproveitar o bloco e caminhamos. Eu acho que não andamos mais de 400 metros, meu esposo então saiu do bloco, foi atrás da guarnição da PM, porém teve outra confusão fora da corda e essa guarnição precisou conduzir um pessoal para fora e ele ficou sozinho. Quando ele encostou em mim na corda, estava eu e minha cunhada e esse cara, o de boné cinza, já estava me afrontando e dizendo: ‘o quê é que você quer aqui de novo, você vai querer confusão?’. Aí eu disse: ‘rapaz, eu não quero confusão. Eu estou aqui seguindo o bloco em paz’. Aí meu esposo empurrou ele, porque viu que ele estava muito em cima de mim, me afrontando, de fato, e quando ele empurrou, quando ele veio para trás, ele já veio com um soco na minha boca”, relatou a situação.

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Foto: Arquivo Pessoal

Trauma

A vítima compartilhou em entrevista ao Acorda Cidade que após receber o soco ela não lembra mais de nada, porque perdeu a consciência.

“A ajuda que eu recebi foi do pessoal que estava realmente ali, ao meu lado, que me ampararam. Em um vídeo que eu recebi já mostra que eu estou no chão, mas eu não sei se, de fato, eu caí de vez no chão ou se eu tive um apoio pra me sustentar na queda. O pessoal do bloco que estava comigo me levou até o carro de apoio. Após isso eu senti uma sensação enorme de impotência, indignação e angústia. Eu só vim tomar consciência do soco quando eu já estava lá na unidade de saúde da Sabino Silva, em Salvador, para fazer a sutura no lábio. Eu fiquei muito desorientada, porque foi um trauma craniano, apesar de leve, porque não teve fratura, mas eu fiquei confusa. A sexta-feira, o sábado e o domingo foi muito difícil para mim, porque eu estava com a cabeça tonta, tive muita tontura, e fiquei muito confusa, até com a questão de não saber que dia era, e o que eu tinha que fazer”.

Conforme a médica destacou, o primeiro dia de Carnaval foi traumatizante e não curtiu mais a festa. “O Carnaval acabou para mim naquele dia. Inclusive eu estava com um abadá comprado para o Camaleão e tratei de vender na sexta-feira os dois abadás. Eu não volto nunca mais, porque sinceramente, eu vi que viver vale muito mais do que qualquer momento ali de entretenimento”, pontuou.

Memória

O Carnaval era uma festa a qual Patrícia sempre curtia, desde os seus 14 anos, juntamente com o seu pai.

“E eu achei que saindo no bloco eu estaria mais segura, apesar de ser Carnaval e apesar de ser Bell Marques . Eu me sentia mais segura dentro de um bloco, eu curto Carnaval desde os meus 14 anos, meu pai sempre me levou, tenho várias fotos com ele saindo no Camaleão, curtia Carnaval na barra. E eu nunca fui roubada, agredida, nada no Carnaval. Então o Carnaval para mim sempre me remetia a boas lembranças e bons momentos. Eu não tinha essa imagem muito pesada do Carnaval, porque eu não tinha passado por nada disso até então”, disse.

A médica frisou que entrará com as medidas necessárias a quem deve. “Vou entrar com as ações a quem deve, seja o bloco ou a pessoa que me agrediu. Eu acredito no potencial que as câmeras da Segurança Pública têm para identificar. E assim como eu recebi, de forma espontânea, no Instagram, um vídeo que está circulando na imprensa, tenho certeza que tem outras pessoas que filmaram e que estavam ali ao meu redor no bloco. Eu acredito que imagens podem aparecer, até mesmo, porque o bloco é todo filmado via drone, então acredito que assim como é possível me achar é possível achar esse agressor também”, concluiu Patrícia.

A autoria e motivação do crime serão apuradas pela Polícia Civil, por meio da Delegacia do Rio Vermelho, em Salvador.

O Acorda Cidade entrou em contato com o Bloco da Quinta e aguarda retorno.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.

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