Dilton e Feito

STF conclui julgamento e derruba lei estadual que proíbe linguagem neutra em escolas

Em 2021, lei de Rondônia proibiu uso da linguagem neutra na grade curricular, no material didático de instituições de ensino locais e em editais de concursos públicos.

Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

O Supremo Tribunal Federal (STF) concluiu julgamento e derrubou uma lei de Rondônia que proíbe o uso da chamada linguagem neutra nas escolas do estado.

O julgamento, realizado no plenário virtual, em que os ministros inserem seus votos no sistema do STF, terminou às 23h59 desta sexta-feira (10).

A ação analisada foi apresentada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Estabelecimentos de Ensino (Contee). A entidade contestou lei de 2021 de Rondônia que proibiu a linguagem neutra na grade curricular e no material didático de instituições de ensino locais, públicas ou privadas; e em editais de concursos públicos.

Os 11 ministros da Corte declararam que a lei estadual fere a Constituição uma vez que cabe à União legislar sobre normas de ensino.

Votos

Relator do caso, o ministro Luiz Edson Fachin afirmou que uma “norma estadual que, a pretexto de proteger os estudantes, proíbe modalidade de uso da língua portuguesa viola a competência legislativa da União” (leia mais detalhes abaixo).

O voto de Fachin foi acompanhado na íntegra pelos ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Luiz Fux e Gilmar Mendes.

Os ministros Nunes Marques e André Mendonça concordaram com o relator em relação à inconstitucionalidade da lei de Rondônia. Mas apresentaram pequenas ressalvas quanto à tese a ser fixada pela Corte.

André Mendonça, por exemplo, propôs uma redação mais genérica: “Norma estadual ou municipal que disponha sobre a língua portuguesa viola a competência legislativa da União”.

O que diz o pedido

Na ação que propôs, a Contee afirmou que lei de Rondônia é inconstitucional porque, além de caber à União legislar sobre normas de ensino, a medida atenta contra os princípios fundamentais do país.

A entidade também disse que a linguagem neutra não é moda e não está ligada a partido político ou ideologia.

“Quem se der ao elementar e necessário cuidado de buscar entender a linguagem neutra, a partir de sua inserção na realidade social, patente, viva e insuscetível de ser aprisionada, claro, sem a couraça da intolerância, do ódio e da negação da diversidade, com certeza, chegará à conclusão de que ela nada contém de modismo, de caráter partidário e ideológico”, diz a ação apresentada em 2021.

No processo no STF, tanto a Advocacia-Geral da União (AGU) quanto a Procuradoria-Geral da República se manifestaram pela derrubada da lei estadual por também considerarem competência da União legislar sobre ensino.

Voto do relator

No seu voto, Fachin afirmou que a norma estadual não pode contrariar as diretrizes básicas estabelecidas pela União.

Segundo Fachin, embora os Estados possam legislar de forma conjunta sobre educação, “devem obedecer às normas gerais editadas pela União”.

“Cabe à União estabelecer regras minimamente homogêneas em todo território nacional”, escreveu o relator.

Em relação ao conteúdo da lei, o ministro afirmou que a chamada “linguagem neutra” ou ainda “linguagem inclusiva” visa combater preconceitos linguísticos, retirando vieses que usualmente subordinam um gênero em relação a outro.

“A sua adoção tem sido frequente sobretudo em órgãos públicos de diversos países e organizações internacionais”, acrescentou.

“Finalmente – e talvez ainda de forma mais grave – a norma impugnada tem aplicação no contexto escolar, ambiente no qual, segundo comando da Constituição, devem imperar não apenas a igualdade plena, mas também ‘liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber'”, completou o ministro.

O que é linguagem neutra?

‘Menine’, ‘todxs’, ‘amigues’ são exemplos da linguagem ou dialeto neutro, que é conhecido também como linguagem não-binária.

Cada vez mais comum nas redes sociais e entre membros da comunidade LGBTQIA+, essa linguagem tem como objetivo adaptar o português para o uso de expressões neutras, a fim de que as pessoas não binárias (que não se identificam nem com o gênero masculino nem com o feminino) ou intersexo se sintam representadas.7

Fonte: G1

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David Stramer

É um tremendo retrocesso.

Edson

Hoje o certo esta errado e o errado está certo.

Jorge Conceição Santos

Os mais altos magistrados do país ordenando a desqualificação da língua portuguesa, que país ridículo esse nosso! Os marginais deveriam pedir ao STF a imposição das suas gírias nas sentenças judiciais, em nome da dignidade humana do bandido!

Cacilda

A dificuldade de nossos estudantes aprenderem a matéria “língua portuguesa” já é imensa agora com mais esse negócio ridículo, imagina aí.
“boa noite a todos é uma redundância”
“boa noite a todes 🤮🤢 é uma aberração”
com a palavra a ABL .

Soberano

A língua portuguesa já tem suas variações de gênero, aí os LGbts querem uma língua pra eles é?

Mendes

Parabéns ao meu lindo país por mais esta conquista, o nosso ensino como é já está entre os piores do mundo e agora com mais essa aberração.

UELITON SOARES DOS SANTOS

Tenho uma filha de apenas dois aninhos e vejo com tudo isso que está acontecendo em nosso país, um grande desafio para ensina-lá o que de fato é certo e correto em viver. Tudo isso que estão fazendo serve apenas para afundar ainda mais nossos valores. Mas cada um dara conta disso no Dia do Juízo.

UELITON

Tenho uma filha de apenas dois aninhos e vejo com tudo isso que está acontecendo em nosso país, um grande desafio para ensina-lá o que de fato é certo e correto em viver. Tudo isso que estão fazendo serve apenas para afundar ainda mais nossos valores. Mas cada um dara conta disso no Dia do Juízo.

Eu

Rapaz!!!! Que besteirada!!! STF só serve pra isso.
Só besteira, idiotice.