Feira de Santana

Jogadores do Projeto Boleiros do Rosário recebem proposta para jogar profissionalmente em Goiás

Dois jogadores do Projeto foram aceitos para jogar no clube Itaberaí, no estado de Goiás.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Arquivo Pessoal

O sonho de muitos meninos é se tornar um jogador de futebol profissional, e isso não é diferente para os garotos do Projeto Boleiros do Rosário, em Feira de Santana. Em entrevista ao Acorda Cidade, Rita Paim, diretora do Projeto Aprender Residencial Viver Alto do Rosário e coordenadora do Projeto Boleiros do Rosário contou como surgiu a oportunidade de meninos do Boleiros jogarem profissionalmente em Goiás.

“Esse projeto começou com uma brincadeira de criança, meninos de 8 a 14 anos, se juntando para bater o famoso baba. De repente surgiu o professor Júlio, o qual abraçou essa brincadeira deles e começou a treiná-los em um campo aberto, onde hoje é uma creche e depois foi transferido para outro campo, no qual agora está sendo construída uma escola para a população do Residencial Viver Alto do Rosário”, contou Rita.

Sem patrocínio

Mais de 50 jovens, de 7 à 18 anos, fazem parte do projeto.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Não contamos com ajuda, às vezes conseguimos ajuda por meio de doações, o próprio síndico nos apoia. Quando pode ele nos ajuda conseguindo patrocínio, conseguindo alguma coisa para podermos nos deslocar, profissionais donos de vans que às vezes ajudam e levam os meninos para algum jogo. o material esportivo é comprado pelo treinador Júlio César, ele vai comprando aos pouquinhos e ajeitando para esses meninos serem o futuro da Seleção,” contou.

O projeto possui mais de seis anos e existe desde o início do Residencial Viver Alto do Rosário. Mas Rita informou que infelizmente os meninos estão sem um campo para treinarem.

“Temos dois meninos que estão graças a Deus sendo levados. Mas, infelizmente a gente está sem um campo, no qual foi derrubado uma quadra para ser feita uma arena aqui. Vou aproveitar para pedir aos governantes, ao prefeito Colbert e se possível também ao governador Jerônimo que possam dar esse apoio para gente e construir uma Arena de Futebol com tudo que eles têm de direito, com vestuário, e tudo mais, para que os meninos voltem e não entrem no caminho errado”, pontuou Rita.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Arquivo Pessoal

Como aconteceu o contato com o time profissional?

Rita Paim informou que uma senhora, que possui um projeto na cidade de Feira de Santana, olhou os meninos jogando na quadra improvisada e convidou eles para irem a Irará, município baiano, e lá os meninos foram convidados para fazerem o teste.

O técnico do Boleiros Futebol Clube, Júlio César Pereira, motorista de transporte alternativo, destacou que é uma satisfação imensa treinar o clube.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Eu acordo às 4h30 para ir para o trabalho, volto às 19h e já me reúno como eles. Faço o treinamento pela noite, porque durante o dia não tem como a gente treinar por causa do trabalho, mas é uma satisfação imensa, é uma coisa que eu jamais pensaria que chegaria a esse ponto de ter essa garotada toda comigo. É um projeto que já vinha lá do Alvorada, quando eu morava na Gabriela, e implantei aqui no Alto do Rosário e hoje, graças a Deus junto a comunidade, e alguns parceiros que estão comigo desde lá, que me dão um apoio. Quando eu preciso eu ligo…, o próprio presidente da Associação de Moradores, que é o síndico; a pró Rita e mais alguns moradores que nos apoiam é que ajudam e me dão a oportunidade de treinar esses meninos”, informou.

A oportunidade

Júlio relatou que alguns garotos que já passaram pelo seu projeto também tiveram a oportunidade de ir jogar profissionalmente em outros clubes.

“Teve o filho de um grande amigo meu que teve a oportunidade de jogar em um clube, mas desistiu por motivo de saudade. Isso é uma das coisas que acaba com os nossos garotos, e muitos não tiveram a oportunidade que ele teve. Meu filho mais velho teve cinco oportunidades de ir fazer avaliações, mas devido a pandemia e outras situações financeiras de não poder se sustentar lá, porque a maioria dos clubes não alojam, tem aquela burocracia toda, então ele desistiu de jogar futebol. Porém eu tenho mais um filho no Projeto que foi fazer essa avaliação e outro garoto do projeto, e lá eles foram aceitos, foram bem olhados e tiveram essa oportunidade. E graças a Deus eles estão indo para Itaberaí, em Goiás, ingressar nesse clube lá”, acentuou o treinador.

Pedro Henrique Santos, 18 anos, é meio-campista e faz parte do projeto desde que foi implantado no Alto do Rosário.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Eu fico na posição de armador e no meio-campo”, disse.

Pedro contou que ficou sabendo que participaria de um teste para jogar profissionalmente a partir de um convite.

“Eu fiquei sabendo através de um convite ao meu professor lá em Irará e através disso veio essa oportunidade para nós”, contou.

O sonho de Pedro é ser um jogador de futebol profissional. “Esse projeto abre as portas para a gente, foi uma coisa boa não só para mim, mas para os outros meninos também”, enfatizou.

Kauan Jefersson Silva, 17 anos, também viajará com Pedro para Goiás. Kauan joga na posição de zagueiro e volante.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Tudo começou através do meu pai que treinava os meninos e viu que eu jogava bola, então ele criou o projeto. A gente começou a andar junto, chamei os meninos lá para participarem também e todo mundo entrou no projeto e começou a jogar com a gente”, disse.

Kauan relatou ao Acorda Cidade que treinava todos os dias.

“Quando tinha o campo lá todo dia era treino, de segunda a sexta. Aí no sábado tinha o baba da gente”, relembrou.

Assim como Pedro, Kauan possui o sonho de tornar-se um atleta profissional.

“Quero realizar também os sonhos dos moleques de lá, que é virar um jogador também, quero ajudar muito eles”, pontuou Kauan.

Projeto Alto do Rosário
Foto: Arquivo Pessoal

Os recursos são poucos para arcar com os materiais necessários. Kauan Silva ainda treina em campo de chão e compartilhou que, infelizmente, é uma das maiores dificuldades. “Não tem recurso. A gente pede ajuda a um e a outro, tem vezes que meu pai dá os ‘corres’ e arruma o dinheiro, a gente vai indo desse jeito”, descreveu.

Vivenciar essa experiência em um time profissional é algo novo, mas Kauan ressaltou que está treinando bastante e se preparando psicologicamente.

“Eu tô me preparando psicologicamente, estou treinando bastante. Meu pai leva a gente à noite para treinar na caixa de areia, correr, a gente tá indo assim e se preparando bem”, concluiu Kauan.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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