Acorda Cidade
Dezesseis toneladas e 15 quilos de maconha, prontas para consumo e 500 gramas de haxixe apreendidas pela Polícia Civil da Bahia em três fazendas nos municípios de Cafarnaum e Canarana, entre os dias 21 e 24 deste mês foram apresentadas à imprensa, nesta segunda-feira (26), na sede da Coordenação de Operações Especiais (COE), em São Cristovão do Aeroporto. Trata-se da maior apreensão da droga já feita no Nordeste brasileiro, segundo informou o diretor do Departamento de Narcóticos (Denarc), delegado Jorge Figueiredo, que coordenou as operações. O delegado geral, Hélio Jorge Paixão, também acompanhou a operação policial na zona rural dos dois municípios
Destinados ao abastecimento de pontos de tráfico em Salvador e localidades do Litoral Norte baiano durante o Verão, os 16 mil e 15 quilos de maconha renderiam aos traficantes, conforme estimativa da polícia, cerca de R$ 8 milhões. A droga estava acondicionada em cerca de 3 mil sacos, quase a metade deles enterrados nas propriedades rurais e cobertos com lonas. Para transportar a droga ensacada até a esse da COE, em Salvador, os policiais utilizaram um caminhão baú.
A maconha será destruída mediante autorização da Justiça. Mais de 10 mil pés da erva, com cerca de 1,5 metros de altura foram erradicados pelos policiais e incinerados nas três propriedades rurais, tendo o caseiro José Marcos Rodrigo dos Santos, 33 anos, empregado da Fazenda Boa Nova, no povoado de Alecrim, em Cafarnaum, sido preso em flagrante por tráfico e conduzido para a 14ª Coordenadoria Regional de Polícia (Coorpin), em Irecê. Nesta propriedade foram apreendidos 10 toneladas e 440 quilos.
Numa segunda fazenda em Cafarnaum, no Povoado de Queimada, foram encontradas outras cinco toneladas e 170 quilos de maconha, ensacadas. O meio quilo de haxixe apreendido estava escondido sob uma árvore nesta mesma propriedade. Na fazenda situada em Canarana havia 405 quilos de maconha. As investigações apontam que alguns dos proprietários das três roças, cujas identidades são mantidas em sigilo, são procedentes de dois estados nordestinos.
Cesta Básica
Também foram apreendidas prensas industriais, balanças de precisão, bombas de irrigação, sementes e ferramentas, além de um veículo Gol e uma motocicleta. Estima-se que cerca de 20 pessoas trabalhavam no plantio e colheita da maconha em cada roça.
Segundo apurou o diretor do Denarc, delegado Jorge Figueiredo, a maioria dos trabalhadores rurais é proveniente de outros estados e permaneciam entre quatro e cinco meses na região cultivando a maconha e fazendo a colheita.Também apreendida pelos policiais civis e militares envolvidos na operação, a grande quantidade de alimentos abandonada pelos fugitivos das roças foi distribuída como mais de cem cestas básicas para a população de Cafarnaum, no final da tarde de sexta-feira (23).
Irrigação por gotejamento
As investigações do Denarc nas zonas rurais de Cafarnaum e Canarana começaram no final de setembro deste ano, tendo o diretor do DENARC solicitado mandado de busca e apreensão à Justiça. A maconha era irrigada através de sistema de gotejamento.
Três poços artesianos foram desativados e equipamentos utilizados para irrigação, como mangueiras e tubulação, destruídos. Calcula-se que os traficantes investiram cerca de R$ 2 milhões em aquisição de terras, irrigação, plantio, colheita e distribuição da droga. Eles utilizavam uma estufa improvisada para a secagem da maconha, que depois de enterrada em buracos era coberta com lonas revestidas com folhas e galhos de árvores.