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Por que tanta violência?

O Brasil um dos países mais desiguais do mundo, a consequência é que seja um dos mais violentos.

abuso infantil crime imagem ilustrativa
Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

Institutos de pesquisa, quase por unanimidade, revelam que a violência, a saúde, o desemprego e a fome são as quatro maiores preocupações da população brasileira. Das quatro, a violência, com 47% de indicações, aparece em primeiro lugar. Realmente, sofremos e estamos todos assustados com tanta violência nas famílias, no campo, na cidade e em todo país. A segurança é um direito humano do cidadão.

UMA DAS CAUSAS da violência é a desigualdade social. Quanto mais desigual uma sociedade, maior é a violência que nela impera. Sendo o Brasil um dos países mais desiguais do mundo, a consequência é que seja um dos mais violentos. Milhares de pessoas são mortas por ano, principalmente, negros, mulheres e jovens. No Brasil, mata-se, de forma violenta, quatro mulheres por dia.

A FOME é, também, uma grande forma de violência. No mundo, a cada sete segundos, morre uma criança de fome. No entanto, a violência é mais profunda do que os efeitos da desigualdade social e da fome. Ela está ligada ao ódio, à vingança, à cobiça, à corrupção, ao dinheiro, ao tráfico de drogas e armas, à disputa pelo poder, a filmes, novelas e seriados violentos que ensinam a roubar, matar e agredir.

COMO SUPERAR tanta violência? O modo mais eficaz para superar a violência é a formação para o respeito à vida humana, presente de Deus. É necessário priorizar a educação de crianças e jovens para uma cultura de paz. É preciso superar a lei do “olho por olho e dente por dente”. E, caminhar na direção indicada por Jesus, que afirma: “Vós sois todos irmãos” (Mt.23,8), “Amai vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem” (Mt.5,44).

ALÉM DISSO, é necessário buscar a justiça, jamais a vingança. Aceitar que o outro também erre. Aprender a pedir perdão. Evitar discutir assuntos que incitam agressão. Dirigir com responsabilidade. Controlar o próprio temperamento. Priorizar o diálogo. Discordar com respeito e caridade. Nunca alimentar a ira e o ódio. Podemos ser adversários, nunca inimigos. Não fazer ao outro aquilo que não gostaria que fizesse a você.

O PROFETA Isaías adverte: “A verdadeira paz é obra da justiça” (Is. 32,17). Portanto, a paz passa pelo direito à vida, à terra, à saúde, ao emprego, à educação e a moradia. E tudo isso dentro de uma cultura do diálogo, do perdão e da consciência do valor do ser humano. Jesus nos diz: “Felizes os que promovem a paz porque serão chamados filhos de Deus”. (Mt. 5,9). “Eu vos deixo a paz, eu vos dou a minha paz” (Jo. 14, 27).

Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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