O Dia Nacional da Parteira Tradicional é comemorado nesta sexta-feira, 20 de janeiro. A data foi incluída no calendário nacional em 2015, como forma de valorizar este ofício, que é considerado um dos mais antigos do mundo, e tem por objetivo acolher mulheres desde a fase inicial da gestação até o trabalho de parto, de forma humanizada e com grande valor simbólico.
Atualmente, muitas mulheres que residem em comunidades mais distantes, como áreas rurais, quilombos e florestas, ainda são assistidas por parteiras tradicionais, cujos conhecimentos, muitas vezes, foram passados por avós e mães que também atuavam na área.
Mas, com o passar do tempo e o surgimento de novos conhecimentos científicos e novas tecnologias, o parto domiciliar com a contribuição das parteiras foi perdendo espaço na sociedade, sobretudo nas áreas urbanas, dando lugar aos profissionais da enfermagem especializados em Obstetrícia (enfermeiras ou enfermeiros obstétricos) e médicos obstetras, nas maternidades.
De acordo com a enfermeira obstétrica Luana Rodrigues, que atua em uma maternidade de Feira de Santana, há dois anos, as parteiras tradicionais tiveram e ainda têm um valor importante na sociedade.
“A parteira tradicional é algo cultural. Ela tinha informações que eram passadas de geração em geração e conduziam esses partos nas residências. Porém, hoje, nós, enfermeiras obstétricas, temos a tecnologia, que eu costumo dizer que salva vidas. Conduzimos os trabalhos de parto, mas quando a gente necessita de uma intervenção, temos perto de nós a tecnologia para salvar vidas, e as parteiras tradicionais não têm essas condições”, diferenciou.
Luana Rodrigues é a favor do parto domiciliar e já participou de partos nesta modalidade em Feira de Santana. No entanto, o parto normal em casa precisa ser acompanhado por uma equipe especializada e com toda a segurança para a mãe e o bebê, e a maioria das parteiras tradicionais não possui a atualização necessária para lidar com situações adversas.
“Hoje eu acho que com a tecnologia que a gente tem é seguro parir em casa com o apoio de parteiras, desde que sejam de fato capacitadas, ou uma equipe de parto domiciliar. (…) Eu costumo defender o parto domiciliar, e já cheguei a atender aqui em Feira. Mas eu defendo que seja de forma segura, que tenha uma equipe capacitada para assistir esse parto, porém eu não desfaço das parteiras, porque elas durante muito tempo conduziram os partos e antigamente a maioria das mulheres pariu em casa com o apoio de suas parteiras. Eu acho que o atendimento no domicílio é de grande importância, porque a mulher precisa se sentir segura, mas precisa ser com uma equipe capacitada”, ressaltou
A enfermagem obstétrica
Luana Rodrigues já atua há 6 anos como enfermeira obstétrica. Ela ressalta que a formação é primordial para redução da mortalidade materna e infantil.
“A atuação qualificada da enfermagem em obstetrícia é primordial para a redução da mortalidade materna e infantil, porque a gente vai conduzir esta mulher desde o pré-natal ao trabalho de parto, e o pós-parto, de certa forma identificando as complicações que essa mulher pode vir a ter e intervindo com a solicitação imediata se for dentro do hospital ou encaminhando imediatamente para um médico obstetra. Mas nós temos capacidade também de intervir nas complicações que o nosso Conselho nos referencia, para diminuir esse risco para a mulher e o bebê”, explicou.
A enfermagem obstétrica auxilia a gestante tanto na parte física quanto emocional, e sua atuação se diferencia da enfermagem generalista.
“A generalista é aquela que atua em todos os âmbitos da enfermagem, porém a enfermeira obstétrica, desde que fez essa especialização ou residência em obstetrícia, vai atuar diretamente no atendimento do pré-natal, parto e pós-parto dessa gestante. Ela vai identificar as complicações que essa mulher pode ter, auxiliar essa mulher de forma física e emocional no trabalho de parto, vai conduzir e assistir ao parto. Já a cesariana é de competência do médico obstetra, que fez a graduação em Medicina e residência em obstetrícia. Então quando uma mulher tem uma complicação, que deve ser encaminhada para uma cesariana, ele deve conduzir e encaminhar para o atendimento médico”, pontuou a enfermeira.
Desde que começou a atuar na área, Luana Rodrigues viu na profissão uma oportunidade para transformar, dentro do seu contexto, a cultura de parto que existe no Brasil.
“A gente consegue mudar um contexto do que é cuidar de um gestar e do maternar. Nós, como enfermeiras obstétricas, desde o pré-natal, nós orientamos essas pacientes, essas gestantes do que é o trabalho de parto e o pós-parto. Então a enfermagem obstétrica hoje representa para mim poder mudar um pouco a realidade do nascer no Brasil, de forma segura e com assistência qualificada.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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