Representantes da Secretaria de Meio Ambiente de Feira de Santana (Semmam) e entidades ligadas a área realizaram uma ação na manhã desta terça-feira (17), no distrito de Humildes, a fim de coletar dados e identificar possíveis estados de degradação dos rios que cortam a localidade.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o ambientalista e diretor do Departamento de Educação da Semmam, João Dias, informou que o projeto se chama ‘Expedição’.
“Nós temos um projeto chamado Expedição, que tem como objetivo identificar os rios que nascem e passam em Feira. Depois de identificar, a gente produz relatórios e faz encaminhamentos dando sugestões de quais ações podem ser desenvolvidas. A gente já fez isso no Rio Jacuípe e continua fazendo, em uma expedição de 5.300 quilômetros, fizemos a primeira expedição a Barrocas para identificar as nascentes do Rio do Peixe, e hoje estamos aqui em Humildes identificando as nascentes e também a foz do Rio Humildes. É um rio pequeno, onde há muita reclamação, mas é perene e afluente do Rio Subaé”, explicou João Dias.
Ele afirmou que depois de fazer as identificações necessárias, como o clima, o bioma, a bacia hidrográfica, e também a situação ambiental em que se encontra o rio, a equipe dá sugestões ao poder público sobre o que pode ser feito.
“Podemos ver aqui despejo de esgoto, construções inadequadas, e a gente vai sugerir as intervenções que o município pode desenvolver para evitar que o rio morra, para ver se a gente despolui o rio. E outra questão muito preocupante é que o rio é líder em casos de dengue. Um dos problemas com certeza é a contaminação, o barramento e a poluição do Rio Humildes. O trabalho é feito dentro da Secretaria, de localização, usando tecnologias. Vai ser feito também um levantamento utilizando fotos de drones e um trabalho com visita in loco, onde a gente mede a temperatura da água e observa a localização do rio. A partir daí é produzido um relatório e o rio também vai fazer parte de um banco de dados, para que no futuro as pessoas possam consultar e saber a atual situação dele.”
Despejo de lixo e dejetos
Conforme o ambientalista, muitas pessoas constroem na beira do rio e passam a lançar dejetos na água, trazendo a contaminação.
“Infelizmente, não é só em Feira de Santana, é no Brasil todo, de forma equivocada constroem nas áreas de APP (Área de Preservação Permanente), que são áreas proibidas e além de construírem jogam água de fezes, água da pia e urina para dentro do rio, que é um local que poderia estar sendo aproveitado por eles, como local de lazer, que a população de Humildes já me falou para falar que o rio era o local onde eles pescavam e tomavam banho, mas eles mesmos ocupam a beira do rio e jogam todos os dejetos, matando o rio e trazendo sérios problemas para a saúde pública. São construções irregulares. Toda construção em APP é irregular”, sinalizou.
João Dias ressaltou também, em entrevista ao Acorda Cidade, que cabe ao poder público municipal a fiscalização, mas a população também precisa fazer a sua parte.
“A gente observa que às vezes as pessoas falam que falta fiscalização, que é papel do município, mas se a população não contribuir, o município, que tem um território de 1.415 quilômetros quadrados, se as pessoas não ajudarem, será impossível fazer esse trabalho. Além disso, Feira tem os distritos-sede, que a gente precisa da ajuda da população. Que as pessoas possam aprender que os rios e as lagoas, os corpos hídricos têm uma demarcação chamada APP, onde não se pode construir e também, de jeito nenhum, pode se jogar os dejetos dentro. A Embasa, a prefeitura e a Uefs (Universidade Estadual de Feira de Santana) podem ajudar na questão do saneamento básico para as pessoas não jogarem lixo dentro dos rios.”
O rio poluído, segundo o diretor do departamento ambiental, traz um prejuízo terrível para a sociedade.
“Todo mal que se faz a um rio, a gente recebe de volta. O mosquito da dengue, a fêmea do Aedes Aegypti põe 450 ovos durante 45 dias. Ela se adaptou, e agora põe em água limpa e em água suja. Qual era a solução? Ter o rio limpo, porque a gente coloca peixes, que come as ovas e come insetos. Com o rio poluído, a gente não tem peixes, e temos mosquitos, que matam as pessoas. Eu escuto muitas autoridades falando que vão investir dinheiro em saúde, mas se não investirem no meio ambiente, isso é um grande equívoco, porque os dois andam juntos para que a população possa ter uma boa qualidade de vida. Se a gente não cuidar, os arbovírus vão matar a maior parte da população do planeta, e Feira corre muito risco por causa da condição hidrológica do município”, alertou João Dias.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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