Feira de Santana

Cresce número de acidentes envolvendo crianças durante as férias; saiba como evitar

Conforme o sargento João Lucas, dezembro e janeiro são os meses com mais incidentes envolvendo crianças e adultos, por conta do período de férias.

Foto: Unsplash
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As férias escolares trazem muita diversão e alegria para a criançada. Neste período, elas permanecem mais tempo em casa, mas podem aproveitar também as viagens em família. Por outro lado, é também nesta época do ano em que há aumento do número de acidentes domésticos.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o Soldado do 2º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM) João Lucas, do Setor de Planejamento Operacional e Instrução, no passado foram registrados 824 acidentes domésticos envolvendo adultos e crianças.

Foto: Arquivo Pessoal

“Se a gente pegar a estatística mais a fundo, a gente vai ver que os meses de dezembro e janeiro são os meses que a gente tem mais incidentes envolvendo crianças e adultos, por conta do período de férias, porque as crianças estão mais tempo em casa, então a gente tem uma crescente no número de acidentes”, afirmou João Lucas.

Ele elencou vários tipos de acidentes. “Primeiro a gente começa com os traumas, queimaduras, engasgos, traumas gerais, como a criança que cai e bate a cabeça; tem os traumas envolvendo acidentes elétricos, então a pessoa que está em casa e a criança coloca o dedo na tomada ou pega um fio desencapado, e tem acidentes envolvendo incêndios, queimaduras, óleo, água quente, e a criança está exposta ao fogão.”

Fazendo um comparativo entre os meses de janeiro e junho de 2021, é possível perceber, segundo o sargento, que no início do ano os índices de acidentes domésticos aumentam.

“Em janeiro de 2021, por exemplo, tivemos 92 acidentes domésticos. Se a gente olhar janeiro de 2021 e junho do mesmo ano, a diferença é muito grande, pois em junho foram 44 acidentes domésticos. A gente percebe que por conta das férias a criança fica mais exposta, como também os pais e todas as pessoas que moram naquela casa. Em 2022, em janeiro, a gente teve uma queda, somente 74 ocorrências frente a janeiro de 2021, que teve 92, e tudo isso também porque os Bombeiros entram não só com essa atuação, que a gente tem pós-incidente, mas também com as atividades de prevenção. Então os Bombeiros têm projetos com a sociedade civil, vão na escola, ajuda a conscientizar os alunos da prevenção e dos riscos de acidentes, do que fazer e o que não fazer, e a gente tem o projeto também Anjinhos da Praia, que é feito para crianças em meio aquático, visando justamente essa segurança”, informou.

Foto: Arquivo Pessoal

Conforme o sargento do 2º GBM, os acidentes mais recorrentes são as queimaduras em cozinhas com água quente derramada ou óleo. Depois, vem as demais ocorrências, como as crianças inserem anéis nos dedos, incham, e precisam ir ao quartel retirar.

“A consequência desses acidentes, primeiro, é o trauma psicológico e o dano físico, fora o trauma psicológico que essa criança adquire com esse acidente, então ela fica mais temerosa de algumas coisas, menos preparada para aquilo, acaba se desesperando mais e precisa de um apoio psicológico, a depender do dano. E o dano psicológico familiar também, porque a família que vê a criança passar por esse acidente passa por isso também.”

Ele enfatizou que é muito difícil traçar um perfil das crianças mais acometidas por esses acidentes.

“Existem várias faixas etárias desses acidentes, a gente tem as crianças de 1 a 5 anos, que têm determinados acidentes, como queimaduras, as crianças acima de 5 anos, que já têm uma inteligência maior de entender as coisas e conversar com os pais, e tem essa visão de mundo um pouco mais madura, então temos outros tipos de acidentes, que são os elétricos, envolvendo materiais perfuro cortantes, intoxicações também, temos esses perfis variados.”

Prevenção

O sargento João Lucas ressaltou que a principal forma de evitar os acidentes é atuar com a prevenção familiar.

“A ideia é a gente sempre prevenir, então se você tem uma criança em casa, proteja essa criança, coloque os cabos das panelas no fogão para dentro, tenha um protetor de tomada, de quina, escada, corrimão, preserve essa criança de um possível acidente. O segundo fator é essa falta de uma cultura organizacional de uma casa para a chegada dessa criança. Então quando chega uma criança a gente continua tendo a mesma rotina, não sabendo que essa criança está suscetível a esse tipo de acidente.”

Para ele, o que falta muitas vezes é informação por parte da família, sobretudo os pais e responsáveis das crianças pequenas.

“Eu acho que essa conscientização depende muito da faixa etária da criança, mas há informação para os pais e responsáveis no geral, para saber o que pode e o que não pode acontecer. Isso a gente faz com uma ferramenta de gerenciamento de riscos, em que a gente trabalha com a tríade de três pilares: exposição, probabilidade e consequência. A exposição é o tempo que aquela criança vai estar exposta em casa, e nas férias ele vai estar com um tempo muito maior, a propabilidade é quando o pai, a mãe ou responsável vai elencar dentro do seu próprio lar o que pode acontecer com essa criança, como cair de uma escada, ter acidentes com queimaduras no fogão, eletroeletrônicos, materiais perfuro cortantes, então depois que eu elencar tudo isso, vou partir para as consequências, o que posso fazer para evitar o dano”, frisou.

Um exemplo do que pode ser é retirar do alcance das crianças materiais perfuro cortantes e limitar o acesso a locais perigosos, como escadas e piscinas sem proteção.

“Se eu tenho um material perfuro cortante em uma gaveta que está baixa e de fácil acesso para essa criança, vou colocar em um local mais alto para que ela não tenha acesso, se minhas tomadas não têm protetor, vou colocar, e protetor de quinas, em escadas que elas tenham acesso, vou limitar o acesso dessa criança a essas escadas.”

Afogamentos

Nas férias, o número de ocorrências por afogamentos também são muito comuns, em virtude de as crianças estarem mais expostas a piscinas, rios, lagoas, lagos.

“Esses casos são os mais recorrentes, e também porque neste período os adultos acabam se distraindo com a bebida alcoólica ou por conta da própria diversão que está ali no momento e acabam perdendo a atenção naquela criança e acontecem os acidentes. O ideal é informação, atenção e prevenção. Que as piscinas não tenham acesso livre, que tenham um cercado em volta para evitar que essa criança passe, que tenha o acesso controlado pelos adultos, e quando da utilização da piscina que tenha atenção redobrada, que os pais estejam atentos ao que a criança vai fazer, evitar pulos na piscina, saltos, então evitar isso e garantir a segurança, garantindo também a diversão, que haja esse equilíbrio”, orientou o bombeiro militar

Outra situação que merece atenção dos pais é a utilização equipamentos de proteção, como bóias, regulamentados pelo Inmetro e destinados à faixa etária da criança.“Às vezes, se utiliza uma bóia de uma criança de 5 anos para um de 1 ano, então não terá eficácia.”

Em caso de acidentes, de acordo com João Lucas, o ideal a manter a calma, identificar o aconteceu e ligar para o 192 do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Porém, se precisar de uma retirada específica da criança do ambiente poderá ligar para o 193, do Corpo de Bombeiros.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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