Feira de Santana

Poluição sonora lidera ranking de reclamações no Cicom; média de 60 ocorrências por dia

O atendimento do Cicom funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.. Tomba é o bairro com mais registros de poluição sonora.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O Centro Integrado de Comunicação (Cicom) registrou 69.105 ocorrências no ano de 2022, 7% a menos que em 2021, quando 74.313 ocorrências foram registradas. O órgão atende a chamados de Feira de Santana e mais 16 municípios por meio dos números 190, 191,192 e 193.

  • Dos registros principais realizados em 2022, o maior número referiu-se à perturbação do sossego (poluição sonora) com 23.287 ocorrências, correspondendo a 34% do total. Os números também foram 7,4% maiores que em 2021, que teve 21.563 atendimentos.
  • Em seguida vem o crime de ameaça, com 6.510 registros (9,4% do total de ocorrências) e em terceiro lugar ocupam os casos de violência contra a mulher, que correspondem a 6.356 (9,2% do total de ocorrências).

“Tivemos uma redução em 2022, porque em 2021 tivemos o período pandêmico, e em razão disso, tivemos algumas restrições de funcionamento de comércio, e o Cicom também acabou registrando isso, e no ano passado a gente não teve. Então isso refletiu nos nossos números. Então tivemos um aumento de som alto, de cerca de 10%, e na violência contra a mulher teve um aumento também de cerca de 5% em relação ao ano anterior”, informou ao Acorda Cidade o capitão Rosuilson, coordenador do Cicom.

Segundo ele, os bairros mais populosos de Feira sempre aparecem nas primeiras colocações como os que mais têm registros de reclamações de poluição sonora, então tem o Tomba, com um número considerável de ocorrências. Em seguida, o bairro Campo Limpo, conjunto George Américo e o bairro Mangabeira.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O atendimento do Cicom funciona 24 horas por dia, todos os dias da semana.

“A minha análise é que o Cicom continua com o seu papel de receber as informações da população, de registrar e transmitir às guarnições das áreas da Polícia Militar, o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil, sempre tendo atenção em registrar, atender e prestar o melhor trabalho possível. O Cicom não atende apenas Feira de Santana, mas temos uma região com mais 16 municípios, com quase 1 milhão de pessoas residentes, então a gente atende uma população superior a 13 capitais do estado”, ressaltou o capitão.

Poluição sonora

Acerca dos números elevados de perturbação do sossego em Feira e região atendida, o coordenador do Cicom ressaltou que o som alto vai muito além da questão policial. Diz respeito à noção de convivência coletiva.

“Muitas vezes nossa principal fonte de emissão sonora são as residências, e não o paredão, mas o vizinho que aumenta o som na madrugada e incomoda a vizinhança. Então isso para nós é um problema, e sobretudo um problema para a sociedade. Temos que observar que isso precisa ser revisto pela sociedade, que é um problema primeiramente de convivência coletiva e em segundo para a segurança pública, porque afeta nosso trabalho também”, observou.

Ele destacou que se tratando de Feira de Santana, o bairro Tomba sempre aparece como primeiro lugar.

“Temos ali vários conjuntos habitacionais, uma população grande, e ele aparece com cerca de 2 mil ocorrências, ou seja, das cerca de 20 mil registradas, 10% disso aí foi realmente no Tomba. E também aparece Campo Limpo, Mangabeira, Conceição, Asa Branca, Gabriela, que são bairros que tem uma densidade populacional muito grande e isso é recorrente”, enfatizou

Conforme o capitão, Feira possui uma média de 60 ocorrências de poluição sonora por dia, e esse número aumenta consideravelmente nos finais de semana.

“O som alto acontece todos os dias, mas no final de semana temos um pico de ocorrências. Nossa média diária é de cerca de 60 ocorrências diárias, mas no final de semana chegam a quase 400 registros, então é um problema muito sério, porque demanda nosso serviço e a gente tem que deslocar uma viatura para atender a ocorrência, deixando despoliciada uma área, onde poderíamos estar prevenindo crimes mais relevantes como homicídio, por exemplo.”

Na zona rural de Feira, os distritos de Humildes e Maria Quitéria figuram nos primeiros lugares do ranking de poluição sonora.

“A zona rural é uma área extensa, mas tem algumas localidades que a gente percebe que é mais comum esse problema. Humildes é o que mais registra esse tipo de ocorrência de som alto, seguido por Maria Quitéria, que também tem uma incidência muito grande de som alto, principalmente no final de semana. O detalhe é que o som alto acontece em todo o tempo, mas no período noturno ele é mais problemático, porque incomoda o descanso das pessoas e atrapalha a coletividade de forma geral.”

O coordenador do Cicom salientou em entrevista ao Acorda Cidade, que qualquer um que comete esse tipo de infração, pode ser responsabilidade conforme a lei.

“O som alto é aquilo que temos uma fonte emissora de som, mas a perturbação de sossego vai além do som alto. É um vizinho que fica batendo na parede da casa, é qualquer ruído que cause perturbação alheia e é uma contravenção. Temos a emissão sonora, que posso tipificar como poluição sonora e também é crime, e som automotivo, que tem a tipificação aí como infração de trânsito. Quem cometer uma infração desta poderá ser alcançado por alguma dessas possibilidades: contravenção penal, crime ambiental ou infração de trânsito”, pontuou.

Registros da Polícia Militar

A Polícia Militar representa cerca de 92% dos registros computados pelo Cicom, frisou Capitão Rosuilson.

“Registramos no ano passado 69 mil ocorrências, sendo que dessas 65 mil foram da PM, com uma média diária de 178. Mas a gente atende também o Corpo de Bombeiros e a Polícia Civil. Os bombeiros têm uma demanda particular de incêndio e Defesa Civil, a demanda é um pouco menor, e ano passado foram registradas cerca de três mil ocorrências para os Bombeiros, uma média de nove ocorrências por dia. E a Polícia Civil são questões relacionadas a homicídios, tráfico de drogas, levantamentos cadavéricos, e tivemos cerca de 1.500 ocorrências. De toda forma,tudo isso é registrado, levantado, para que seja feita a análise e seja feito um atendimento mais específico para determinadas ocorrências”, informou.

Reconhecimento Facial

O coordenador do Cicom falou também sobre o sistema de reconhecimento facial e de placas de veículos em Feira de Santana.

“Feira de Santana e mais três municípios (Santo Amaro, Saubara e Santo Estevão) foram contemplados com o Projeto Vídeo Polícia em Expansão. Essas câmeras compõem um sistema que permite o reconhecimento de placas de veículos roubados e furtados, reconhecimento de rostos de pessoas procuradas pela Justiça e desaparecidas. E temos uma câmera que faz a leitura dos caracteres de indivíduos e rostos também. Essas câmeras compõem um sistema abrangente de reconhecimento de pessoas e placas, é um sistema ativo, não precisamos ficar em frente à tela, pois ele emite alarmes quando identifica algum rosto ou veículo roubado ou com restrição. Então é um recurso que vem para somar à Segurança Pública. O sistema está sendo implantado em todo o interior da Bahia”, explicou o capitão.

O Cicom fica instalado no Beic e trabalha com 80 colaboradores, entre policiais militares, civis, bombeiros e terceirizados.

“Diretamente, trabalham conosco aqui a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros, com profissionais dentro do Cicom, mas também trabalhamos com o Departamento de Polícia Técnica, a Polícia Rodoviária Federal, o Samu, a SMT, enfim com vários órgãos públicos, que direta ou indiretamente trabalham com a segurança pública ou a Defesa Civil. Nós recebemos as informações e transmitimos também. O Cicom não atende pelo 192, mas eventualmente as pessoas ligam para cá relatando algum tipo de necessidade, em relação ao Samu, ou a PRF, que é 191. A gente recebe essas informações, faz os registros e orienta as pessoas a ligarem para os números específicos”, esclareceu.

Nos casos de homicídios, a ocorrência é feita de forma imediata. “Alguém visualiza uma ocorrência e por uma questão de confiança no serviço, liga para o 190, a gente faz a recepção da chamada e faz o registro dessa ocorrência, mandando logo em seguida a viatura ao local. Ressalto aqui que quanto mais rápido essa informação chegar, mais rápida será a resposta ao atendimento, e quanto mais rico for em detalhes, melhor será tanto para o atendimento policial naquele momento como também para a investigação policial e localização da autoria daquele crime.”

Trotes

Em meio ao grande número de ligações para ocorrências e necessidades reais, há também os chamados ‘trotes’. Segundo o capitão Rosuilson, esse tipo de conduta prejudica o trabalho das polícias.

Em 2021, os atendentes do Cicom registraram 6.856 ligações falsas. Mas, em 2022, esse número aumentou quase em 90%, com 12.987 trotes registrados.

“O serviço deve ser acionado quando efetivamente for necessário o atendimento dos órgãos policiais ou do Corpo de Bombeiros, então a gente registrou ano passado um aumento no número de trotes, de cerca de 90%. Foram cerca de 12 mil registros ano passado, e isso chama atenção, são cerca de 30 trotes por dia. Isso vai sobrecarregar o nosso serviço, estressar o atendente que está aqui para atender uma ocorrência de emergência. Então a gente clama à população que, precisando do serviço da polícia ou dos bombeiros, ligue para o 190, 193, 197, mas não sendo relevante para as instituições, evitem a ligação e não passem trotes, que é efetivamente um crime, e uma falta de educação e consciência em relação ao serviço de emergência”, solicitou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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