Feira de Santana

80 na Pista: um caso de sucesso e de amor na noite feirense

Uma análise da banda que conquistou Feira de Santana.

Foto: Reprodução/ Instagram
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Valdomiro Silva

As décadas de 60, 70 e 80 são consideradas de ouro na música brasileira. Em cada tempo, um gênero musical predominante. Nos anos 1960, a Jovem Guarda e suas baladas românticas, com Roberto Carlos, Jerry Adriany, Wanderley Cardoso, Renato e seus Blue Caps, Vanusa, Wanderleia, entre outros, eram as atrações dos grandes bailes dançantes pelo país. Na década seguinte, Donna Summer, Boney M, Abba, Bee Gees, Tina Charles e Jimmy Ciff agitavam as discotecas. A iluminação fazia brilhar o jeans da moçada e mostrava na pista os nossos “Jonh Travolta’s” e as “Olívia Newton Jonh’s”. Curtíamos muito, dançar como se fosse em câmera lenta.

Vieram os anos 80 e uma nova versão do rock nacional surgiu ao som de Lulu Santos, Leo Jaime, Lobão, Kid Abelha, Paralamas, Engenheiros, Legião. No plano internacional, o pop rock de Madonna, A-ha, Michael Jackson, Elton Jonh, Phill Collins, Queen, Alphaville, fazia sucesso nas emissoras FM. Em Feira de Santana, essas épocas musicais estão muito bem representadas, por três bandas, dedicadas exclusivamente a cada década. Caras & Coroas cuida da Jovem Guarda. A dance music está sob a batuta da Flash Back. Foco desta crítica, a 80 na Pista, pelo próprio nome, dispensa apresentação do período a que seu trabalho remete.

Liderada pelo cantor Gedson, a ’80’, seguramente, é quem mais faz sucesso, nesta trinca de boas bandas feirenses. A diferença pode ser facilmente percebida por um importante referencial, a quantidade de seguidores no Instagram: Ela tem mais de 7.600, diante de 1.545 da Flash Back e 168 de Caras & Coroas. Sou fã das três e vejo boa qualidade vocal e instrumental em todas elas. Cada uma cumpre muito bem o objetivo de atender a seu segmentado público. Precisam ser mais valorizadas nos eventos festivos da cidade, especialmente promovidos pela Prefeitura, na sede e zona rural. Talento e plateia não lhes faltam. É só haver mais vontade de valorizar a nossa “prata da casa”.

Foto: Reprodução/ Instagram

Comemorei aniversário, em agosto, em show da 80 na Pista realizado no Cantinho da Roça, excelente espaço localizado na avenida Artêmia Pires. Queria poder contratar a banda para uma apresentação exclusiva para mim e meus amigos, mas não tenho bala na agulha para tanto. Fomos, então, eu, minha mulher Meire, meu irmão Gildo, guitarrista profissional, com sua esposa, e Valmar, meu filho. Eu, Meire e Valmar já conhecíamos o som daquela turma. Meu irmão saiu impressionado com o que ouviu – e, caro leitor, ele é um experiente músico, bem exigente, que observa a execução de cada nota.

Portanto, antes de pedir licença para modestas sugestões, que desejo fazer, devo dizer que admiro, profundamente, a qualidade da 80 na Pista, que é realmente muito boa, com o seu quinteto de músicos no palco. O fã-clube da banda, que não perde uma apresentação, tem razão de não abandona-la nunca. Quem gosta do pop internacional daquela década não tem como não se encantar com a versatilidade do seu “crooner”, Gedson, que revela todo o seu talento desde quando explora os agudos de “Thriller”, hit do Michael Jackson, até desafiar a ele mesmo enfrentando a feminina voz de Madonna, em “Holliday”, ou de Laura Braningan, em “Self control”. Além de extremamente humilde e interativo, o rapaz esbanja carisma.

É irretocável a performance do guitarrista Vitor Duarte e do baixista Vinícius, seu irmão; o baterista Kelinho e o tecladista Wanderson, no mesmo nível. Vinícius e Vitor fazem muito bem o backing. Seguramente, toda a classe desfilada pela banda em suas apresentações é resultado de muito ensaio e, claro, do longo período de estrada, já que estão em ação desde 2008. É como se a gente, dançando na pista (porque atrás daquele som, diria o poeta, “só não vai quem já morreu”), estivesse num show ao vivo do Phill Collins ou do Dire Straits, Men At Work, Duran Duran, Asia e outros. Excelente!

Na última festa que fui da ’80’, tive o prazer de uma grande coincidência. Eles lançavam, naquele inesquecível 6 de agosto, uma novidade muito gostosa e que, de pronto e em cheio, levou o público ao delírio. Trouxeram para o seu repertório de músicas internacionais o melhor do rock brasileiro daquele período. Ao iniciar o quadro, com os clássicos nacionais, foi uma loucura. Os acordes da guitarra, adestrada pelo excepcional Vitor, anunciaram “Olhar 43”, do RPM, e, a partir dali, ninguém ficou parado. Quem já estava meio cansado buscou energias para levantar da mesa, pedir uma cerveja bem gelada e voltar pra pista como se a noitada estivesse apenas começando. Sacada sensacional!

Então, meus amigos, que posso eu sugerir, diante de um “case” de sucesso como é o 80 na Pista? Muito pouco, é claro. Não de hoje, mas desde os primeiros shows que acompanhei, observo que a playlist da banda, nos shows, pode ser melhorada. Em conversa com outros fãs, vejo que se existe algo a ser aprimorado por este excepcional conjunto, é a sua seleção musical. Não deve, por exemplo, deixar de executar algo do Gun’s, durante uma apresentação inteira. Sentimos falta de grandes hits como “Sexual healing”, do Marvin Gaye; “Dont want me”, do Human Leag; “Young heart”, do Rod Stewart; “Flash in the night”, do Secret Service; “Its my life”, do Talk Talk; “I never be”, da Sandra; “Eyes without a face”, do Billy Idoll.

Como radialista e pesquisador da música dos anos 80, estou mencionando aqui apenas alguns sucessos, de uma série extensa, que não percebemos no repertório da banda, ou muito raramente são tocados nos shows. Evidentemente, há muitos outros. Enquanto isso, embalos, ou músicas românticas pouco executadas naquela era, pelo menos no Brasil, são muito mais frequentes nas apresentações. Nesses momentos, percebe-se facilmente um certo desinteresse do público, algo que a produção pode melhor observar e corrigir revisitando os maiores hits da época. Hoje, estarei presente em mais uma apresentação desse maravilhoso 80 na Pista, levando um casal de amigos que está bastante curioso para ver de perto o que tenho falado para eles sobre este “ícone pop” da música feirense. No mais, é reafirmar que a animação está sempre garantida, para quem participa de um show desses caras. Vale muito à pena cada minuto!

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