Perigo, medo e distância: moradores do Campo do Gado Novo sofrem para conseguir atendimento em posto de saúde

Atualizada em 20.12.22 às 17h10*

Moradores do Residencial Vida Nova Caraíbas, localizado no bairro do Campo do Campo do Gado Novo, em Feira de Santana, estão enfrentando uma série de dificuldades para obter atendimento de saúde.

Em entrevista ao Acorda Cidade, um grupo de mulheres reclamou que os moradores do Residencial recebiam atendimento no posto de saúde da Caraíbas, mas sem nenhum aviso prévio foram realocados para uma unidade de saúde no Parque Servilha, que fica muito distante de onde moram.

Moradora há oito anos do residencial Vida Nova Caraíbas, Jucileide Souza informou que o posto de saúde no Parque Servilha fica em um local de difícil acesso e muito perigoso, mesmo para quem vai durante o dia.

“A situação é que, sem nenhuma comunicação específica, lançaram a gente para um posto no Parque Servilha, em um local conhecido como Baixa das Canas. Um lugar extremamente perigoso, de difícil acesso para os moradores, ainda mais aqueles com crianças especiais, e a gente não tem condição nenhuma de estar se deslocando para lá, pois é muito longe. Fora que há menos de dois meses os próprios funcionários do posto de saúde fizeram uma movimentação para barrar a construção de uma quadra de escola ao lado do posto. Já que eles querem construir uma quadra lá, não podem construir uma nova unidade aqui para atender a todos?”, questionou a dona de casa.

Ela destacou que quando perguntados sobre os motivos da mudança, os funcionários alegaram falta de estrutura e de profissionais suficientes para atender a todos os moradores da região.

“A alegação do posto é que eles não estão tendo estrutura, nem profissionais suficientes para atender a todos, que fazem parte da Caraíbas, Campo do Gado e Campo Belo. Então eles pegaram só a gente aqui da Caraíbas e jogaram lá para o Parque Servilha. A gente está temendo assaltos, porque é um local perigoso, estupradores, que mesmo durante o dia já houve vários casos de estupros no local, e assaltos, fora que tem mães com crianças especiais, como uma que está aqui conosco, que a criança dela tem autismo, e é impossível para essa mãe sair daqui com essa criança andando para pegar uma medicação naquele posto”, protestou.

A dona de casa Silvia Bessa, que é mãe de uma criança com Transtorno do Espectro Autista (TEA) também falou sobre o sofrimento de ter que sair da Caraíbas com o filho para buscar medicação e receber atendimento no Parque Servilha.

“O posto aqui do Campo do Gado Novo jogou a gente para o Parque Servilha, que é um lugar muito distante para eu me deslocar com meu filho. Não tenho transporte, dependo dos ônibus, e por mais que eu pegue ônibus, tem um lugar lá que a gente tem que passar que é deserto, muito perigoso, e eu não tenho como sair com meu filho especial, indefeso, botando a vida dele em risco, em busca de um medicamento no posto, que muitas vezes a gente não consegue nem ser atendido e muito menos consegue uma medicação. Ele tem vários problemas de saúde, é uma criança doente, e estamos sempre indo ao posto”, lamentou.