A solidão fez morada no artista visual baiano Caíque Costa por seis longos anos e se transformou em arte. Buscando entender os motivos da aparente carência de afetos, resolveu publicar anúncios nos jornais, transporte público e banheiros de bares grande circulação da capital baiana com a mensagem Sinto-me Só. Escreva-me carta de amor.
A troca de cartas com desconhecidos afim de melhor compreender o sentimento no atual cenário contemporâneo resultaram na mostra exposição Sinto-me Só. Escreva-me carta de amor, aberta no último dia 6 de dezembro no Museu de Arte da Bahia (MAB).
A inquietação de Caíque não termina com a mostra. O tema virou objeto para um livro arte que amplia a discussão sobre a temática da solidão e será lançado hoje (14), na Livraria LDM do Shopping Bela Vista. Trata-se de uma experiência estética relacional na qual arte e vida caminham abraçadas.
“Os leitores vão encontrar percepções, questões e desdobramentos sobre um sentimento comum, pelo qual todos passam alguma vez na vida, mas evitam comentar pois é sempre visto como um mal”, cutuca Caíque.
O lançamento, marcado para 19h, terá como convidado o psicoterapeuta Iarodi D. Bezerra. “A expectativa, tanto para a exposição quanto para o livro, é que eles sejam pontes. O livro amplia mais a discussão, promove diálogo e leva o tema solidão para outras esferas. Que cada um com sua particularidade consiga se identificar e pensar a respeito da sua experiência e até ajudar alguém que esteja passando por situação semelhante. Afinal, esse é o objetivo da arte”.
“Antes mesmo da abertura, recebi mensagens de pessoas que sofrem de solidão e pediam ajuda. A mostra abriu um caminho para o diálogo para algo que estava latente, mas estava guardado”, avalia.
Arte relacional, fruto da interação e da relação que se desenvolve com pessoas. Sinto-me Só. Escreva-me carta de amor nasceu do encontro de individualidades. Entre os itens que fazem parte da exposição estão comprovante de pagamento e fotos da caixa postal utilizada para receber as cartas, recortes dos anúncios e de matérias sobre solidão e trechos das cartas em resposta ao anúncio, claro que preservando o anonimato dos remetentes. E seus desdobramentos através de colagens e outras formas de arte digital.
O artista conta que já encarou a solidão apenas pelo viés negativo. “Hoje sou uma pessoa que busca a solidão. Entendo que é um período, às vezes, necessário. Nunca é fácil, mas já sei que vai passar. É um exercício constante para aprender a gostar de si, a viver com seus demônios e saber domesticá-los”, define o baiano que atualmente cursa mestrado em Artes Visuais pela Universidade de São Paulo.
Serviço:
O quê? Lançamento do livro Sinto-me só. Escreva-me carta de amor”
Quem? Caíque Costa
Onde? Livraria LDM, Shopping Bela Vista, em Salvador, às 19h
Quanto? Evento gratuito
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