A primavera é conhecida pelas inúmeras espécies de flores, trazendo o colorido para os jardins. A estação, que tem início em setembro e terá seu fim apenas em 21 de dezembro, é também responsável pelo agravamento de quadros alérgicos. Segundo pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (Asbai), o número de pessoas que sofrem com sintomas alérgicos no Brasil chega a 30%.
Para especialistas, o risco na primavera aumenta devido a mudanças da própria natureza. É nessa estação que acontece a polinização das plantas, ou seja, o pólen, quando em maior quantidade no ar, pode ser responsável por desencadear diversos quadros respiratórios. Segundo Pedro Abreu, professor de tecnologia da PUCRS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul), algumas plantas fazem a polinização de forma anemofilia, ou seja, pelo vento, e, na primavera, essas plantas liberam uma quantidade maior do elemento, permitindo que ele seja transportado por dezenas de quilômetros.
Além disso, a alta umidade do ar, causada pelas chuvas da estação, também é responsável por gerar inflamações. As janelas tendem a ficar fechadas nesse clima, dificultando a ventilação e permitindo que a disseminação de vírus e bactérias derrubem a imunidade do corpo.
De modo geral, as alergias são causadas quando uma substância estranha, normalmente inofensiva, entra em contato com o organismo, assim o sistema imunológico responde de forma exagerada. Segundo Cristine Secco Rosario, alergologista do Hospital Otorrinos Curitiba, a genética também é um fator importante para o agravamento dessa reação do corpo. A especialista afirma que, se um dos pais tiverem alergia, há chance de 25% de a criança adquirir o problema, e o risco aumenta para 50% quando ambos os pais possuem o quadro.
As crises alérgicas causadas na primavera, normalmente, não apresentam risco de vida; elas são responsáveis por causar incômodos e hipersensibilidade em alguns sentidos do corpo. Há diversos motivos e substâncias que podem causar quadros alérgicos; entre os principais, estão:
• Asma: doença causada por substâncias alergênicas que ocasiona a inflamação das vias aéreas, substâncias como pólen, poeira e fumaça podem ser responsáveis pelo desencadeamento da doença. Entre os principais sintomas, estão: coceira no nariz e nos olhos, dor de cabeça, olhos lacrimejantes e vermelhos.
• Bronquite alérgica: inflamação dos brônquios muito comum, causada por inúmeros fatores, como alergia a substâncias externas, poeira, fumaça ou até mesmo o vício em cigarro. Entre os principais sintomas, estão: tosse, falta de apetite, congestão nasal e desconforto no peito.
• Rinite alérgica: inflamação das mucosas do nariz causada pelo combate do corpo a substâncias nocivas, como pólen, poeira, poluentes, cheiros fortes, como os de produtos de limpeza e perfumes. Os principais sintomas são: irritação na mucosa, congestão nasal, coceira no nariz, na garganta e nos olhos.
• Sinusite: caracterizada pela inflamação das mucosas dos seios da face, a sinusite é normalmente desencadeada por quadros de rinite alérgica. Causando extremo desconforto, seus principais sintomas são: congestão nasal, diminuição do olfato, dor de cabeça, dor nos olhos, cansaço e dores musculares.
Nesta época, crianças de até 5 anos, idosos e pessoas com comorbidades são mais suscetíveis a esse tipo de alergia. Alguns vírus responsáveis por doenças como resfriado, sinusite viral e faringite viral estão em maior circulação na primavera. O diagnóstico para esse grupo de pessoas se torna ainda mais importante, devido à semelhança de sintomas com casos mais sérios, como o da Covid-19, por exemplo. Para esses grupos, é recomendável fazer um acompanhamento com um alergista.
Algumas medidas são eficientes e ajudam a evitar que as alergias se manifestem nesta estação, como, por exemplo, evitar o contato direto com o pólen. Durante a manhã, a quantidade da substância no ar é elevada; com isso, sua disseminação se torna ainda maior. Manter as janelas fechadas e evitar atividades físicas neste período podem bloquear a entrada de pólen no organismo. Fazer o uso de óculos de sol durante as manhãs também evita que a substância tenha contato com os olhos.
Fazer uma lavagem nasal com soro fisiológico ou água morna, assim que voltar de um passeio externo, pode ajudar na limpeza do organismo e até melhorar sintomas da alergia. Além disso, é importante fazer o consumo de água ao longo do dia, e, para os dias sem chuva, utilizar umidificadores ou recipientes com água para melhorar o ambiente.
As alergias também podem ser causadas por sujeira, por isso é importante manter a casa sempre limpa e livre de poeira. Além disso, as roupas de cama, tapete, móveis e colchões precisam sempre ser higienizados e colocados ao sol, evitando a proliferação de ácaros e bactérias.
Para evitar ainda mais os riscos, é fundamental que a vacinação esteja em dia, incluindo a vacina contra a gripe. Há também a possibilidade de fazer o uso de medicamentos antialérgicos; dessa forma, é possível controlar os sintomas e evitar que eles avancem.
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