Nesta quarta-feira (26), foi instalado um Comitê Antifascismo na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). O evento contou com a presença do reitor da universidade, Evandro Nascimento Silva e com o apoio da Associação dos Docentes da Universidade Estadual de Feira de Santana (Adufs), do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia (Sintest) e do Diretório Central dos Estudantes (DCE).
O professor Elson Moura, coordenador da Adufs, contou ao Acorda Cidade que a criação de um Comitê Antifascismo surge em resposta aos ataques que a universidade vem sofrendo.
“Essa iniciativa surgiu em uma reunião ampliada entre professores e professoras e depois a gente dividiu com a representação do DCE e do Sintest. A iniciativa cumpre o objetivo de respondermos de forma coletiva aos ataques que estão sendo direcionados à universidade. E o nosso entendimento é que eles não cessarão após a eleição. Logo, precisamos responder de forma coletiva e em defesa da Universidade pública. Se nesse caminhar a gente entender que tem que se manifestar de alguma forma, do ponto de vista técnico e político, nós vamos fazer. Nós não podemos ser impedidos de fazer isso. Isso independe do resultado do pleito eleitoral do domingo, a Universidade está em risco e nós estamos organizados para defendê-la”, destacou.
Sobre o episódio no qual dois homens adentraram a secretaria do Gabinete da Reitoria constrangendo servidores com gravação de imagem em celular, enquanto faziam inquirições sobre a faixa com o dizer “Fora Bolsonaro”, de autoria da Associação dos Docentes da Uefs (Adufs), o professor Elson Moura analisou como um ato fere a autonomia da Universidade.
“Nós avaliamos que esse é um ato autoritário, antidemocrático que fere a autonomia da Universidade naquilo que lhe é fundamental, que é o livre pensar e a livre exposição dos seus pensamentos. Quem veio aqui, se escudando no discurso de liberdade e democracia é incapaz de ouvir a opinião do outro, não à toa, furtam a nossa faixa, não à toa, rasgam a nossa faixa e vão à reitoria pressionar o reitor sobre a nossa livre manifestação, então nós não vamos aceitar esse tipo de ataque na Universidade. A ideia aqui é que a gente tenha como um pontapé inicial, a construção de um comitê antifascita em defesa das liberdades democráticas e em defesa da Universidade, para garantir a missão da universidade, Ensino, Pesquisa e Extensão, e resolver os problemas que impendem que a humanidade se desenvolva. Após este momento, que vamos ouvir as falas das pessoas presentes, a gente se organiza em uma reunião mais fechada, cria um mínimo regimento, as normativas e o que fazer no Comitê. Mas o título dele já é bem representativo, é um Comitê Antifascita em defesa da universidade,” informou.
Pedro Henrique, coordenador geral do Diretório Central dos Estudantes, salientou que a criação do Comitê pretende defender a Universidade.
“É um momento muito importante, onde as três categorias da universidade se juntam. Os estudantes pelo DCE, os professores pela Adufs, e os técnicos administrativos pelos Sintest se unem nessa movimentação para construir um Comitê Antifascista e um Observatório Antifascita dentro da Universidade. A gente sabe que esses ataques não são em vão, são projetos, que retratam o avanço que o bolsonarismo vem fazendo com a Universidade pública, um projeto também de sucateá-la e privatizá-la. Então, a gente ver que esses ataques contra a universidade vem através de calúnias, mentiras e informando coisas que não existem dentro da universidade. E a gente tá aqui para mostrar que a gente produz ciência, educação e mostrar que a universidade tem um papel estratégico para a sociedade brasileira. Então, a gente precisa defendê-la, porque esse movimento bolsonarista quer fechá-la, esse é um projeto que eles têm. Então, as três categorias se unem para inaugurarmos esse Comitê, justamente, para a gente conseguir mobilização e expulsar essas movimentação fascista que existe aqui dentro da universidade,” relatou.
Ataques
“Essas movimentação bolsonarista vem de fora, quem colocou a faixa foi a Adufs, sindicatos dos professores, de forma legal. O STF em 2018 permitiu essas manifestações políticas dentro da Universidade. Só que essa movimentação do ‘Fora, Bolsonaro’ vem de dentro da Universidade para fora. E essa movimentação bolsonarista vem de fora para dentro. As pessoas que estão querendo colocar faixas bolsonarista não são de dentro da Universidade, é uma movimentação de fora que tenta coagir e tentar à força adentrar a Universidade, como na invasão que aconteceu na reitoria e coagiram o reitor. Essa movimentação facista é muito perigosa, então a gente precisa combatê-la,” esclareceu Pedro.
Ao Acorda Cidade, Daiana Alcântara, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Terceiro Grau do Estado da Bahia, ressaltou a importância de respeitar os direitos.
“A gente precisa fazer esse encontro, até para fortalecer as nossas lutas unificadas, porque, nesse momento a gente precisa preservar o direito de poder dizer, é isso que a gente veio aqui, enquanto Sindicatos dos Trabalhadores viemos dizer que a gente defende a democracia, defendemos o pleito democrático, a gente acredita na Justiça Eleitoral e a gente não pode ficar tendo ataques e mais ataques contra os processos democráticos da nossa sociedade,” disse.
O direito da livre manifestação
“Na universidade, a gente vive uma contradição, uma diversidade constante, mas sempre foi muito respeitosa. O que está nos assustando é quando uma forma de se manifestar passa a ser vista pela comunidade externa, pela sociedade feirense como algo que não pode ocorrer. A Universidade é um espaço diverso, onde convivem pessoas com múltiplas ideias, mas sempre foi muito respeitoso. A gente não pode achar que o direito de manifestar pode ser calado, então isso a gente é contra, a gente precisa ter o direito da livre manifestação garantido,” frisou.
As informações são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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