Nesta terça-feira (25), é celebrado o Dia do Sapateiro. Uma profissão antiga, mas que não deixa de ser procurada por muitas pessoas. A habilidade de manusear, consertar e dá um toque artesanal aos diferentes tipos de calçados ainda está presente nas vida de muitos profissionais como os da Praça do Sapateiro em Feira de Santana.
A primeira mulher sapateira de Feira de Santana, Dayane Santana, descreveu ao Acorda Cidade como conheceu a profissão.
“Eu não sou a única mulher sapateira, porque aqui na praça, por exemplo, tem mais duas. Mas eu sou a primeira em Feira de Santana, tenho 17 anos aqui. Essas duas sapateiras chegaram em um período que estávamos sobrecarregados e conseguimos mais duas auxiliares para trabalharem como sapateiras aqui na praça,” contou.
Como tudo começou
“Eu costumo dizer aonde quer que eu vá, que eu tenho o maior orgulho de ser sapateira. Porque, eu entrei no ramo de costura, sou costureira profissional, já trabalhei até em fábricas, só que eu não me identifiquei, tem gente que não sabe, mas eu montei até uma fábrica em minha casa para costurar, comprei seis máquinas. Mas mesmo assim eu não me identifiquei. Eu vim para cá para ser costureira no sentido de colocar zíper em bolsas, mas eu acabei me identificando como sapateira, e hoje já trabalho há 17 anos na praça,” relatou.
Dayane disse ao Acorda Cidade que realiza o mesmo trabalho que os seus colegas.
“Faço o mesmo trabalho que os meus colegas do sexo masculino fazem. É uma pena que nem todas as mulheres querem entrar no ramo, mas seria bom que tivessem mais sapateiras em Feira de Santana, porque o público é muito grande, tem trabalho para todo mundo, seria bom que as mulheres pensassem e analisassem,” indicou.
Ainda segundo a profissional, já cogitou a possibilidade de montar um curso de sapateira.
“Eu já pensei em dar curso de sapateira, justamente para agregar mais mulheres na minha profissão”, informou.
A sapateira revelou que aprendeu a profissão observando seus colegas.
“Eu não aprendi a minha profissão exatamente só. Eu vim trabalhar como costureira e vendo os meus colegas desenvolvendo a profissão eu fui me informando com eles como é que se fazia determinado serviço até que eu comecei a praticar e hoje sou uma profissional na área. Tem gente que diz que não se aprende olhando, mas aprende sim. O Olhar desperta a curiosidade e despertou em mim,” relembrou.
Dayane disse que nunca sofreu preconceito sobre sua profissão, mas já recebeu algumas indagações.
“Preconceito nunca senti, pelo contrário, muitos me abraçam. Mas alguns me questionam a respeito do meu marido, ‘seu marido deixa você trabalhar em lugar que só tem homens?’, muitas vezes é uma curiosidade que a pessoa tem, mas eu levo na esportiva. Meus clientes me abraçaram e meu índice de clientes hoje é muito grande,” disse.
A profissão pode acabar?
“Eu não digo que a profissão pode acabar, porque alguns optam por comprar em vez de consertar, porque infelizmente, hoje, muitos sapatos de loja só têm beleza, deixam a desejar em termos de qualidade. A profissão pode acabar, porque têm muitas pessoas que não querem entrar no ramo. Tem sapateiros aqui que o filho não quer entrar no ramo, então pode ser que entre em extinção,” revelou.
Reformar ou comprar outro?
“Às vezes é melhor reformar do que comprar outro, porque têm sapatos, como os de couro, que são muito bons, já tem um determinado tempo, então ele acaba rasgando se deteriorando em alguns lugares e trazem para a gente fazer esse conserto. É mais vantagem do que comprar um na loja, porque muitas das vezes o custo fica muito alto. E uma das queixas que recebemos aqui, de muitos clientes, é quando compram um sapato e descobrem que não é couro, algumas lojas vendem o sapato como couro, mas não são,” alertou.
O ponto da Praça dos Sapateiros é estratégico por estar centralizado na região do comércio de Feira de Santana, porém Dayane destacou a necessidade de uma reforma.
“Eu acho que deveria reformar, melhorar as condições para a gente. Porque, na verdade, sabemos que essa praça já tem tradição, é a praça dos sapateiros, geralmente todos conhecem. A última reforma aqui foi há 22 anos, então hoje em dia vivemos dessa forma. Merece ser reformada. Tem cobertura aqui que foi a gente que colocou, se não tivéssemos colocado estaríamos a mercê de sol e chuva. E como somos cidadãos de bem, pagamos os nossos impostos, é a reivindicação que a gente faz para as autoridades nos ajudarem. Queremos que reformem, mas não queremos ser transferidos para outro lugar, porque aqui é o nosso lugar,” reivindicou.
Ao Acorda Cidade, Carlos Oliveira Junior, conhecido como Binha, revelou os principais serviços que são procurados pelos clientes. “Um dos serviços que são mais procurados são costura e a colagem”.
Preços
“Dependendo de como está o tipo de sapato, fica a partir de R$10, R$15. Os serviços cobrados pelos sapateiros fica na média de R$20, R$25, R$30 depende do serviço. Uma reforma completa do sapato, como trocar solado, tudo completo, por exemplo, fica no valor de 70 reais,” informou.
Binha ressaltou que algumas pessoas sempre pechincham. “Algumas pessoas reclamam dos valores, sempre tem isso, alguns dão valor, outros não. Mas toda área tem isso,” afirmou.
Para Binha, a profissão é mais uma prova de compromisso, pois faz o que gosta.
“Tenho mais de 15 anos trabalhando como sapateiro, tenho três filhos, vivo da profissão de sapateiro. É o que eu gosto de fazer,” concluiu.
As informações são do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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