Acorda Cidade
Às vésperas do centenário de nascimento de Jorge Amado, em agosto de 2012, chega às telas de cinema de todo o Brasil a adaptação cinematográfica de um de seus mais célebres romances, sob direção da neta do escritor, Cecília Amado. Com Capitães da Areia, ela faz bom uso de seu ponto privilegiado de observação da obra do avô para contar, com propriedade, as desventuras de Pedro Bala e sua turma por uma Bahia como há muito não se via no cinema.
A trajetória do grupo de meninos de rua que vive de pequenos furtos e mora num trapiche abandonado tem muitos elementos para seduzir o espectador, seja ele conhecedor ou não da obra escrita em 1937 e que contabiliza mais de 5 milhões de exemplares vendidos. A começar pela escolha dos atores que dão vida ao bando de Bala, todos adolescentes selecionados em ONGs e preparados por Christian Durvoort (Ensaio Sobre a Cegueira e Cidade dos Homens), durante quatro meses de oficinas na Bahia. A opção de ter não-atores nos papeis principais do filme imprime realismo à narrativa ficcional, beneficiada ainda pelo sotaque legítimo dos meninos baianos, todos cheios de ginga e desenvoltura de sobra para se aventurar no ora sedutor, ora espinhoso território da malandragem.
A fotografia de Guy Gonçalves é outro ponto alto do longa-metragem, que tem trilha sonora de Carlinhos Brown. A marca da música que embala o filme é a percussão, mas há também espaço para temas românticos, como o que embala o romance de Pedro Bala e Dora, vividos por Jean Luis Amorim e Ana Graciela Conceição. No bando, destacam-se ainda Robério Lima, terno como o Professor; Jordan Mateus, malandro e divertido como Boa Vida, e Paulo Abade, elegante na composição de Gato. Sucesso na novela Cordel Encantado, a baiana Ana Cecília Costa participa da trama dando vida à prostituta Dalva, que habita, com justiça, os sonhos do rapaz batizado como felino. As informações são da Veja.