O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou na última sexta-feira (14), uma nova norma voltada a orientar como os médicos devem tratar sobre o uso do canabidiol.
Sem avanços e mais restritiva, a resolução CFM nº 2.324 autoriza que produtos de cannabis sejam usados apenas para tratar alguns quadros de epilepsia.
A resolução também apresenta um novo artigo que diz que é vedado aos médicos, prescrever o canabidiol para outras doenças, exceto se o tratamento fizer parte de estudo científico.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o médico e prescritor de canabinoides, Leopoldo Pires, informou que esta decisão pode se tornar um retrocesso por parte do Ministério da Saúde, fazendo com que muitos pacientes fiquem sem os medicamentos à base de canabinoides.
“Foi suspendido basicamente para todos os tratamentos, exceto para os casos de epilepsia da síndrome de dravet ou da esclerose tuberosa. Então todos os outros como, autismo, esclerose múltipla, câncer, ansiedade, insônia, não podemos mais prescrever. Avaliamos como retrocesso, é péssimo para o cenário da cannabis medicinal porque já estava instalado no Brasil, a resolução ela atualiza uma parte que diz que não é mais só especialistas que podem prescrever, o que até seria um avanço, porém em contraponto, traz um outro lado que é o de não podermos mais prescrever nenhum derivado da cannabis, que não o canabidiol. Apenas nesses casos que a gente citou de epilepsia e esclerose tuberosa, um total retrocesso porque limita demais as prescrições e vários pacientes têm riscos de ficarem sem os medicamentos por conta disso”, explicou.
De acordo com o médico, com esta decisão tomada pelo CFM, vai na contramão com relação a outros países.
“Todos os países mais avançados do mundo tem uma legislação muito mais abrangente com relação a cannabis, como no Canadá, nos Estados Unidos, na Holanda, Suíça, Suécia Inglaterra e Espanha, já é usada de forma muito mais abrangente, muito mais legal e aqui a gente vai na contramão da tendência mundial. Estes pacientes ficam limitados, muitos ficarão sem acesso ao seu tratamento e até que tenhamos algo que sobreponha sobre esta norma do CFM, os pacientes estão em risco. Temos pacientes graves, pacientes moderados e até pacientes leves que também vão ficar com este acesso limitado”, disse.
Segundo o médico Leopoldo Pires, apenas em Feira de Santana, cerca de 200 pacientes utilizam medicamentos à base de canabidiol.
“Só aqui em Feira de Santana, a gente já tem cerca de 200 pacientes. Como eu atendo todo o Brasil, já temos atualmente aproximadamente 600 casos atendidos, então é muita gente”, finalizou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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