Aos 80 anos de idade, a japonesa Misako Watanabe tem energia de sobra e é forte exemplo de que é possível realizar sonhos em qualquer fase da vida.
Moradora de Feira de Santana desde a década de 70, a idosa representou a cidade no II Concurso de Natação Master, realizado em Salvador, aonde venceu os 50m livre e 200m livre em sua categoria, estabelecendo um novo recorde baiano para os 200m livre e ficando a 30 centésimos do recorde nos 50m livre.
Em entrevista ao Acorda Cidade, a nadadora contou um pouco sobre a sua história e de quando se mudou para Feira de Santana. Atualmente, ela reside com a irmã de 74 anos, e o cunhado de 76, no bairro Jardim Cruzeiro.
Segundo Misako, tudo começou quando os pais dela resolveram imigrar para o Brasil na década de 70, quando ela tinha apenas 15 anos. A irmã mais nova também veio na época.
“Quando chegamos aqui, não sabíamos o valor do dinheiro, então nós trocávamos. A maioria dos Japoneses trocavam com roupas, vestidos, sapatos, com mercadorias. Porque próximo ao rio Amazonas, tinha muitas pessoas que iam vender, aí trocávamos uma caixa de banana por um sapato, sempre trocando, e foi assim que sobrevivemos”, relatou sobre a chegada da família primeiramente em Belém do Pará.
Ainda em Belém, Misako Watanabe se casou e teve três filhos. Entretanto, o relacionamento não deu certo e após a separação, a japonesa, os filhos, a irmã e o cunhado vieram para Feira de Santana. Ela relembrou que antes de seguir para o município baiano, trabalhou com plantação de arroz junto com o pai, a quem também ajudava a derrubar árvores para retirar a madeira.
“Eu e meu pai trabalhávamos com machado, facão e eu gostava, era coisas que no Japão não podia nem encostar. Nós derrubávamos as madeiras para plantar. Plantávamos pimenta do reino, sempre plantávamos verdura, levava para a feira vendia. Eu cheguei aqui em Feira na segunda semana de outubro de 1974. Vim pra cá porque a plantação de pimenta do reino que nós tínhamos pegou uma doença e ficou muito difícil lá, então viemos para cá. Essa doença foi terrível e acabou com muita gente. Por isso viemos para cá”, relatou.
A idosa destacou que a última vez que viajou para o Japão foi em 2017, mas logo retornou devido ao alto custo de vida do país de origem. “Fui em 2017, mas eu gosto mais daqui. Minha filha não quer mais ir para o Japão morar com o meu neto, diz que lá não tem conhecimento. Foi trabalhar mais voltou logo para cá”, informou.
Questionada sobre como a natação entrou em sua vida, a japonesa revelou que foi somente aos 65 anos que começou a praticar o esporte.
“Sempre gostei de água, nadava, mas depois que eu aposentei entrei na natação e gosto, faço hidroginástica. Atualmente vou todo dia, uma hora de distância. Só dia de terça que faço caminhada, aí pedalo e nado, faço hidroginástica. Todo dia uma hora”, contou sobre a sua rotina.
Mas não é só a natação que alegra o coração da atleta, Misako ama mexer com as plantas. E sobre a sensação de ser uma campeã baiana no esporte aquático, ela ressalta que a sensação é muito boa.
“Quando ganhei em 20 de agosto, primeiro ganhei nos 50 metros, o primeiro lugar. Na arquibancada, meu treinador trouxe uma coisa pequena, eu disse que queria maior, mas eu não sabia o que significava. Ele me explicou que significava que eu era campeã do estado da Bahia, e a arquibancada gritou. No treino, eu nado cerca 1.500 metros, mas depois percebi que não adiantava. E para nadar mais rápido agora eu estou nadando para esquentar 400 metros”, falou com muita naturalidade.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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