Bahia

Polícia identifica suspeitos de atirar em adolescente que promoveu ataque à escola em Barreiras

Segundo a delegacia de Barreiras, os dois são policiais militares e agiram à paisana.

Foto: Tv Oeste
Foto: Tv Oeste

Dois homens suspeitos de atirarem no adolescente que promoveu um ataque armado no Colégio Municipal Eurides Sant’Anna, em Barreiras, no oeste da Bahia, foram identificados. A ação terminou com a morte de uma estudante de 19 anos, cadeirante.

Nesta quinta-feira (29), o delegado Rivaldo Luz, que investiga o caso, afirmou que os dois são policiais militares e agiram à paisana. Um deles foi chamado por um funcionário do colégio, e o outro é vizinho da unidade. Ele foi ao local após ouvir os disparos.

Os nomes dos policiais não foram divulgados, no entanto, o delegado detalhou que eles prestarão depoimento na sexta-feira (28). Algumas crianças também deverão ser ouvidas pela polícia.

O adolescente segue internado em um hospital. Ele está apreendido pela polícia, tem estado de saúde estável, e também prestará depoimento. Ainda não há previsão de alta médica.

Caso

Foto: Redes Sociais

O caso aconteceu na manhã da última segunda-feira (26). O adolescente entrou com um revólver e um facão na escola e atacou colegas. Ele disparou vários tiros, que geraram uma correria no colégio. Com o facão, ele atacou Geane Brito, 19 anos.

Geane era cadeirante e, mesmo não sendo o alvo do ataque, o aluno aproveitou a dificuldade de locomoção para golpeá-la. O corpo dela foi enterrado sob forte comoção, após um cortejo que teve a participação de alunos de diversas escolas. As aulas foram suspensas por uma semana.

Adolescente era introspectivo, diz professora

A professora de inglês do adolescente que atirou na escola disse que ele é um aluno introspectivo e não apresentava comportamento violento.

“Ele era um aluno muito calado. Se expressava poucas vezes nas aulas, mas fazia as atividades escritas com muito capricho. Sempre sentava no mesmo lugar, e se relacionava sempre com os mesmos colegas que estavam próximos a ele. Não era um aluno de muitas amizades, interagia pouco e a interação era sempre com os mesmos colegas”, contou Aline Herok.

Ela afirmou ainda que a escola não tinha informação sobre um comportamento violento por parte dele.

“Nós não tínhamos conhecimento de comportamento violento, a família nunca nos procurou demonstrando esse comportamento diferente, do aluno. Na sala de aula ele não demonstrava nenhum aspecto de agressividade, de violência, ele era muito calmo, muito tranquilo”.

O rapaz, que não teve nome divulgado por ser menor de idade, está hospitalizado sob custódia, após ter sido baleado quatro vezes. A pessoa que disparou contra ele ainda não foi identificada. As investigações da polícia apontam que o adolescente não tinha um alvo (veja detalhes abaixo).

Além de um revólver, ele também usou um facão na ação. Foi com esse facão que ele atacou a estudante Geane Brito, que não resistiu aos ferimentos e morreu ainda na escola, após ter sido degolada.

Aline Herok também ensinava à vítima e classificou a morte dela como “irreparável”. “A Geane era uma aluna muito querida, a escola está consternada com essa perda irreparável. Uma aluna muito querida que, mesmo com suas limitações por ser uma cadeirante e ter grandes dificuldades motoras e de oralidade, e interagia muito com os colegas”, disse a professora.

Arma usada pelo estudante pertencia ao pai

Foto: Divulgação/Polícia Militar

O estado de saúde do jovem é estável, apesar de grave. O delegado Rivaldo Luz, que investiga o caso, informou que o revólver usado no ataque era do pai dele, subtenente aposentado no Distrito Federal.

“Ele disse que a arma estava guardada. Disse que o filho era introspectivo, calado, tinha poucas amizades, mas era um bom menino, tirava boas notas, embora relatasse que ele tinha faltado muito às aulas, e tinha dificuldade de fazer amizades”. Dentro de casa, ele tinha uma boa relação e cuidava, inclusive, de um tio que é cadeirante também. O pai relatou que não consegue entender o motivo que levou a criança fazer isso”.

O pai do jovem tem a documentação regular desse armamento, que estava escondido em um colchão. Ele também poderá responder pelo caso, já que a arma usada no ataque deveria estar sob o cuidado dele.

“O dever de cautela é do portador da arma, que é quem tem a autorização legal. Vamos avaliar com bastante calma, junto com outros delegados que também estão trabalhando no caso, para que agente possa fazer as coisas com bastante serenidade, com bastante cuidado, para conseguirmos chegar a um final comum”.

Publicações nas redes sociais
Segundo o delegado, a polícia apura publicações na internet feita pelo adolescente. Ele informou que investiga a participação dele em outros ataques, que teriam sido praticados em outros estados.

“Nós estamos em contato com autoridades de outros estados, porque há indício de relação com outras situações, em outros estados. Ele tinha uma relação na internet muito forte, e nós estamos investigando outras autoridades para conseguir entender os motivos, a forma, se alguém financiou e incentivou de alguma forma, se participou desse atentado”.

O delegado Rivaldo Luz destacou que o adolescente foi responsável por comentários racistas na internet. Ele informou que todo material publicado por ele será investigado.

“Ele é aluno introspectivo, conversava pouco, gostava de usar roupas pretas, de fazer comentários racistas na suas escritas. Então nós entendemos que ele programou tudo isso”, afirmou.

Apreensão
Depois que receber alta médica, o adolescente seguirá apreendido. O delegado também informou que já acionou o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a Justiça, com relação ao ataque.

“É uma prisão diferenciada, por ele ser menor de idade, mas é uma prisão. Ele está à disposição da Justiça. Estamos em contato com o Ministério Público e o Judiciário, para que a gente consiga mantê-lo apreendido pelo maior tempo possível, até para entender a situação melhor, tomar o depoimento dele e conseguir avançar bastante na investigação”, explicou.

O delegado disse ainda que a escola não tinha câmeras internas de segurança, o que dificulta as investigações para saber como foi a dinâmica do ataque. No entanto, as imagens registradas pelos alunos e por moradores, do lado de fora, vão ajudar nas apurações.

“Essas imagens poderiam nos ajudar bastante para entender como aconteceu o fato. As imagens da câmera de fora já foram recolhidas, estão sendo tratadas para que a gente consiga montar toda a logística do atentado. Na investigação a gente tem muita coisa para desvendar ainda. Vamos continuar ouvindo algumas pessoas e vamos fazer a investigação digital”.

Fonte: G1

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