Permissionários do shopping popular Cidade das Compras estão insatisfeitos com a determinação de fechamento dos boxes na parte térrea do empreendimento. Cerca de 10 boxes que funcionam no local serão lacrados. O prazo para o fechamento é até hoje, e os comerciantes terão que se mudar para o piso superior.
Segundo alguns permissionários ouvidos pelo Acorda Cidade não está claro de quem partiu a ordem para o fechamento dos boxes, se da prefeitura ou do consórcio que administra o shopping.
A vendedora de confecções Solange Pereira afirmou, no entanto, que a prefeitura sabe que os camelôs estão sendo colocados para fora dos boxes. Ela reclamou que investiu na estrutura do espaço, mas acredita que não será ressarcida com a mudança.
“Eu trabalhei muito para ter o que eu tenho hoje. Meu box foi sorteado e agora tenho até hoje para desocupar e ir para qualquer um que eles estão dando em qualquer lugar. Eles vão arcar com a fachada e os móveis planejados? Porque o meu tem tudo isso. Eu investi alto para agora estar sendo escorraçada. Está sem movimento no térreo e a gente pediu para subir, mas a resposta do Elias [Tergilene] foi que o box tinha sido por sorteio. Antes não podia, mas agora é de qualquer jeito, a qualquer custo. Por que eles não vêm e conversam com a gente, dá um lugar decente para ir, que eu falei que iria para a Rua 18, que está desocupada, mas falaram que não pode porque lá é de Elias”, protestou.
Nadjane dos Santos Teles comercializa variedades e lanches e lamentou as perdas financeiras com esta mudança repentina.
“Estou no mesmo processo, a gente investiu e agora vão fechar as portas aqui. Estão dando boxes para a gente, mas é no fundo, onde não tem movimento nenhum e aí a gente está à mercê deles. A última palavra é deles e a gente não tem vez”, disse.
Outra comerciante, chamada Ilza, disse que trabalhou por 40 anos na Rua Sales Barbosa como camelô vendendo roupas, mas depois que se mudou para o shopping popular não tem boas vendas.
“Me botaram aqui nesse lugar que não vende nada e querem me colocar em um lugar pior do que aqui. Trabalhava aqui do térreo também. Está fechando tudo, e tem até hoje para fechar. Aqui só tem abertos 10 boxes, mas são mais de 350. Em dois anos só funcionaram essas. Vou ter que subir, mas o lugar que nos deram é ruim, não vende nada. É na Rua 1 e todo mundo que trabalhava lá já fechou porque não vende nada. Ruas 1 e 2”, informou.
Outro proprietário de box, Alberto Oliveira contou que o espaço dele foi fechado e ele estava tendo dificuldade para reabrir. Agora, ficou sabendo da mudança para outro piso e não ficou satisfeito.
“Meu box ainda está lacrado, mas a gente já fez o acordo. Para deslacrar tem que pegar senha e eles deram um prazo até dezembro ou janeiro. E agora meu box nem foi aberto e hoje já vai baixar as portas do shopping e eu continuo sem trabalhar. O térreo vai fechar, e o fundo já está fechado. Eles querem que a gente suba a qualquer custo. Colocam a gente para procurar os pontos lá em cima, e quando a gente chega, os donos dos boxes ameaçam a gente, que se a gente entrar, vai arrancar a mercadoria. É um jogo de empurra. A prefeitura joga para o consórcio, que joga para a prefeitura, e aí ninguém resolve nada”, relatou.
O secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo, Sebastião Cunha, esclareceu que os boxes da parte térrea do Shopping Popular Cidade das Compras estão sendo fechados, devido a um entendimento do consórcio que administra o empreendimento e que foi avalizado pela prefeitura.
O objetivo, segundo o secretário, é levar os permissionários para o piso superior, ocupando espaços que estão vazios, e assim diminuir as despesas com água, energia e demais custos.
“A respeito do fechamento da parte térrea, a princípio, que fica de frente para a Olímpio Vital e também da parte superior, mais próxima do Centro de Abastecimento, o que acontece é que dentro do trabalho que nós estamos fazendo, eu, o vice-prefeito, Fernando de Fabinho, e o pessoal da Concessionária, temos discutido constantemente e nos foi trazida essa possibilidade de redução de despesas. Como não tem todas as áreas ocupadas, eles nos pediram e muitos camelôs também concordaram. O que será fechado é em torno de 40% do shopping e eles irão colocar tapumes nas partes que não estão ocupadas, diminuindo assim os gastos com energia elétrica e etc”, esclareceu Sebastião Cunha.
O secretário de desenvolvimento informou que quem está à frente das negociações com os permissionários é a concessionária, pois se trata de uma PPP (Parceria Público-Privada), então eles é que têm a gestão e a governança do empreendimento.
“Eles conversaram e a proposta deles é plausível, porque o objetivo é levar todos os camelôs a ocuparem todos os pontos, na parte de cima, e cria-se um novo momento, alamedas realmente ocupadas por comerciantes e isso trará um sentido positivo para o consumidor que verá lojas de um lado e do outro das avenidas, das ruas de dentro. Isso atrairá, segundo o entendimento da concessionária, e que nós avalizamos, essa questão de trazer um aspecto de ocupação mais adensado, o que vai influenciar na visão do consumidor”, acredita.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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