Com o reajuste elevado no preço do quiabo em Feira de Santana, o caruru de São Cosme e Damião, comemorado no dia 26 de setembro, vai ficar mais caro. Mas, não é só em datas especiais que o ingrediente é consumido pelos baianos.
O quiabo é a estrela de pratos como a quiabada, serve como acompanhamento do cozido, participa do cortadinho com a abóbora e a carne seca, pode ser inteiro ou picadinho, e apesar da baba, há quem goste até de fazer farofa com ele.
Todos esses quitutes da culinária baiana agora estão mais salgados, e essa situação é por conta do preço, que em alguns locais sofreu um aumento de 100%.
No Centro de Abastecimento, os vendedores estão temerosos. Vai se aproximando a festa religiosa e a esperança é que a produção volte a aumentar, para pelo menos segurar o valor atual do cento, que está custando R$ 20. Antes, saia por R$ 15.
Já a dúzia, que custa em média 1 real, teve um aumento de mais de 100% em algumas bancas, e está sendo vendida por R$ 2,50.
Para o vendedor Josiel de Souza Silva, proprietário de uma banca no entreposto comercial, o quiabo que é comercializado aqui vem da cidade de Santo Estêvão. E por conta do inverno, a produção lá não está bem.
“A produção está devagar esse período. O cento custava 15 reais, e a dúzia, que antes saia na pegada de 1 real a R$ 1,50, agora está custando R$ 2,50. Esse quiabo vem de Santo Estêvão, e é um dos melhores, é bem cultivado, mas está vindo pouco. A produção caiu 50%, por causa do inverno, e o quiabo não é habituado ao frio. Espero que a produção possa aumentar e fique pelo menos desse valor, porque de 20 reais já está caro”, afirmou o comerciante.
Samuel Silva é vendedor de quiabos há mais de 30 anos no Centro de Abastecimento e confirmou que as chuvas são a causa do aumento do preço. “Ele gosta mais de sol, e o preço está elevado”, disse.
Segundo o vendedor, assim como os colegas, ele compra para revender e para manter a clientela tem que dar um jeito.
“Quando o cliente chega, a gente sempre dá um desconto pra ele sair satisfeito. O movimento está devagar, mas a gente vai levando, com fé em Deus tudo vai dar certo. A dúzia está saindo por 2 reais, custava 1 real, aumentou em 100%”, disse.
Prejuízo
A proprietária do restaurante e lanchonete Delícia da Conça, Dona Rosita de Jesus carneiro, lamentou o reajuste no preço do alimento. Toda sexta-feira, ela serve o caruru no estabelecimento, e acredita que é melhor sofrer o prejuízo do que repassar o aumento no prato para os clientes.
“Não dá pra passar o reajuste para os clientes, mesmo com o aumento do preço. A concorrência aqui é grande, e se eu repassar fico sem minha clientela. Tenho que manter o mesmo padrão. Aqui é self-service, custa 12 reais, e você se serve à vontade. É prejuízo, mas tem que manter a tradição de toda sexta-feira, e vendo bem. Meu caruru é nota 10”, avaliou a empreendedora.
Trabalhando há alguns meses no restaurante Frigideira, no Centro de Abastecimento, a cozinheira Sandra Silva de Souza disse que a elevação no preço do quiabo já pesou nos custos do estabelecimento. Para minimizar essa situação, a alternativa é fazer substituições ao ingrediente em alguns pratos servidos no local.
“Caruru sem quiabo não é caruru, mesmo caro vai ter que comprar. Já o ensopado dá pra substituir, colocar mais batatinha, cenoura, chuchu, beterraba”, afirmou.
E quanto ao reajuste, terá que ser repassado no caruru aos clientes. “Tem que repassar senão não dá para manter”, completou.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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