Feira de Santana e a literatura de cordel se entrelaçam desde os primórdios da cidade que pulsava no comércio das feiras e ganhava eloquência nos versos dos repentistas e dos folheteiros. O cordel é a marca registrada das narrativas orais que povoam o imaginário popular e nos dias atuais, também, caracterizam a dinâmica e a diversidade cultural brasileira, notadamente, dos seus poetas, temáticas e leitores.
Reunindo cordelistas, outros artistas, estudantes e comunidade geral, a Feira do Livro / Festival Literário e Cultural de Feira de Santana (Flifs) prestou homenagens ao cordelista Franklin Maxado no primeiro dia de realização do evento promovido pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs). Na ocasião, foram destacadas as contribuições do cordelista por meio de suas obras e história de vida.
Natural de Feira, Maxado tem 80 anos, é casado e pai de cinco filhos; formado em Direito, pela Universidade Católica do Salvador (UCSal), e em Comunicação/Jornalismo, pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Morou em outros estados do Brasil, mas “era feirense demais para estar fora de Feira de Santana”, ele lembrou, aos risos, a partir do que ouviu de amigos cordelistas e outros artistas com quem encontrou ao longo de sua trajetória.
O espaço onde atualmente está sediada a Câmara de Dirigentes Logistas (CDL) de Feira de Santana foi a casa em que nasceu e viveu ao longo de sua infância e juventude. Então, ele se sentiu literalmente “em casa”, como fez questão de partilhar na Flifs. Para Maxado, o cordel reforça raízes com o espaço e identidades locais, em meio às transformações da cultura. “Ele vai se atualizando com o tempo, com novos meios de impressão e divulgação”, avaliou.
Maxado relatou sua participação nas edições pioneiras da Flifs: “há 15 anos, fui o primeiro poeta de cordel”. Mesmo apontado como referência artística pelas várias outras instituições e locais por onde protagoniza a potência de sua arte, a Flifs traz um diferencial: “essa homenagem feita pelos conterrâneos tem um sabor especial, de reconhecimento desse trabalho que venho realizando nesses mais de 50 anos de atividades”, contou.
“É altamente merecedor”, expôs sobre Maxado o pernambucano e cordelista Chico Pedrosa, mencionando também a sua participação em várias edições anteriores da Flifs. Para Juliana Maciel, “ele é um divisor de águas no cordel brasileiro”. Ela enalteceu o legado das tradições, mas vislumbra mudanças positivas, como a participação das mulheres na cena cordelista – tema, inclusive, de mesa na qual mediou frutíferas discussões, na sequência do evento.
Participaram das homenagens ainda Jurivado Alves, Domingos Santeiro, Carlos Silva, Romildo Alves, Luciano Santos e outros outros artistas. As obras de Franklin Maxado e dos cordelistas que prestaram as homenagens estão disponíveis nos estandes da Flifs. Continue nos acompanhando, na praça Padre Ovídio e por aqui.
Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram