Após ser acusado de aplicar o ‘golpe do cheiro’ em uma passageira no último final de semana e ter sua imagem circulando nas redes sociais, o motorista de aplicativo Jailson Pereira Barbosa, morador de Feira de Santana, registrou um boletim de ocorrência na tarde de segunda-feira (29). Acompanhado de dois advogados, ele se dirigiu à 1ª Delegacia Territorial, situada no Complexo Investigador Bandeira, no bairro Jomafa, onde prestou depoimento e alegou ser inocente.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o motorista afirmou que tudo aconteceu após ele aceitar uma corrida de uma passageira, que alguns minutos após entrar no veículo, abriu a porta do carro, pedindo que ele parasse, pois estaria passando mal.
Jailson contou então que, após este episódio, ficou sabendo através da irmã que sua foto estava circulando na internet, com a acusação de que ele aplicou o ‘golpe do cheiro’, e que essa informação teria sido publicada por uma médica, que teria prestado atendimento à passageira.
“Eu vim prestar queixa, primeiro para preservar a minha vida, porque podem vir pessoas, sem saberem dos fatos reais, sem eu dar minha explicação. Meu motivo é esclarecer esse mal entendido que essa médica postou sobre a minha pessoa. E também estou sendo prejudicado porque a plataforma me bloqueou, passei três dias sem trabalhar, preciso pagar minhas contas. Tenho uma filha e estou sendo prejudicado por causa dessa situação”, alegou o motorista.
Ele disse também que, por orientação da Polícia Civil, irá retornar à delegacia para prestar novos esclarecimentos e que a polícia se comprometeu a investigar os fatos.
“Os advogados estão me orientando e vou ter que voltar aqui para dar mais explicações, ser ouvido de novo, e os advogados vão correr atrás e procurar saber da médica quem é essa paciente que eu levei e vai tentar achar o endereço da passageira, porque até então a gente está correndo atrás. Quem me conhece no meu bairro sabe que não sou de fazer mal a outra pessoa, mas quem não conhece pode pensar mal. Estou até com medo de rodar em aplicativo, de pegar passageiro, porque tem a minha foto e foi divulgado placa do carro e tudo. Estou sem trabalhar”, alegou.
O advogado Daniel Vitor, que acompanhou o motorista à delegacia, declarou que o motorista de aplicativo teve sua foto divulgada e foi acusado injustamente.
“Ele veio à 1ª delegacia, informou que ficou sabendo das informações através de sua irmã, e veio à autoridade policial porque a circunstância deve ser investigada pela Polícia Civil, já que o motorista sequer tinha conhecimento dessas circunstâncias. Nós trouxemos à autoridade policial um print retirado de uma rede social, onde foi exposta a circunstância, então a Polícia Civil disse que irá buscar as pessoas que divulgaram essa falsa informação para que elas sejam responsabilizadas”, destacou.
Segundo a presidente do sindicato que representa os motoristas de aplicativo em Feira de Santana (Sincaap), Viviã da Rocha, essa situação deixou a classe revoltada, uma vez que as acusações teria sido infundadas.
“Não existem provas reais de que realmente ocorreu essa situação e isso marginaliza toda a nossa categoria, que está sendo vítima desse tipo de informação nas redes sociais, expondo pais e mães de família. Esse motorista é um pai de família que passou o final de semana sem trabalhar, pois ele com medo não sabia que cliente iria pegar e o que poderia acontecer com ele, e toda uma cadeia é prejudicada com isso. Quando você chega em uma rede social e diz que um motorista de aplicativo aplicou um golpe, todos são vistos da mesma forma”, afirmou.
Viviã da Rocha disse que a passageira abriu a porta após percorrer 2km. “A passageira passou 1 minuto e 25 segundos dentro carro desse motorista. Existe o registro de que ele só andou 2 km com ela, onde ela abriu a porta do carro, e ele parou o veículo para que ela não caísse. Então será que essa intoxicação, se é que ela realmente foi intoxicada, foi no carro do motorista ou foi somente uma impressão? A queixa foi registrada e vamos dar prosseguimento a essa investigação para averiguar os fatos e para tirar essa imagem marginalizada da categoria e mostrar a sociedade de que isso que está sendo dito não é real.”
Em solidariedade a Jailson Pereira Barbosa, motoristas de aplicativo se reuniram na Praça Matriz, na tarde de ontem (29), para protestar contra a acusação sofrida pelo colega. Eles se mobilizaram em frente a uma empresa de onde teria partido a corrida e onde supostamente a passageira trabalha.
Conforme Elizangela Araújo da Silva, que também atua como motorista de aplicativo, o objetivo da manifestação foi mostrar à sociedade que essas pessoas são trabalhadoras.
“Queremos chamar a atenção da sociedade para dizer que a gente não vai aceitar esse tipo de comportamento da parte dos cidadãos com a gente. Nós conhecemos esse motorista, esse profissional, que é uma pessoa idônea, então a gente estabeleceu esse protesto em frente à empresa, porque temos ciência que ela trabalha neste local e se ela quis causar uma imagem negativa da plataforma, dos motoristas, distorcer toda essa situação, então ela vai ter que provar que ela foi intoxicada pelo nosso colega. Nosso movimento está com mais de 100 motoristas, temos vários grupos, e a categoria hoje se fortaleceu bastante. Só queremos pedir que a sociedade olhe para a gente sem nos marginalizar, pois somos pais e mães de família”, argumentou.
Com informações dos repórteres Aldo Matos e Paulo José do Acorda Cidade.
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