A prefeitura de Feira de Santana criou um Fórum Permanente de Discussão, sob a presidência do vice-prefeito Fernando de Fabinho, em parceria com secretarias e diversas instituições, para definir ações diagnósticas e de requalificação do Rio Jacuípe, bem como os riachos municipais que o alimentam.
De acordo com o diretor do Departamento de Planejamento e Educação Ambiental do município, João Dias, o fórum conta com a participação de representantes da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), da faculdade Unifacs, o Instituto Pensar Feira, e as Secretarias de Meio Ambiente (Semman), de Planejamento (Seplan), de Desenvolvimento Econômico (Settdec) e a de Agricultura e Recursos Hídricos (Seagri), dentre outros órgãos, como o Senai/ Cimatec, a Embasa e a Cerb.
Em entrevista ao Acorda Cidade, ele ainda explicou qual o objetivo deste Fórum Permanente de Discussão e o que ficou definido nas primeiras reuniões.
“Inicialmente, nas reuniões que foram realizadas, ficou definido que a Semman e a UFRB iriam produzir um diagnóstico sobre o Rio Jacuípe, somente na parte de Feira de Santana. Nós já fizemos um levantamento prévio, e encontramos 20 riachos que estão poluindo e contaminando o rio. Vale salientar que poluição é diferente de contaminação. Os maiores problemas que encontramos estão no riacho Cipriano Barbosa, que passa no Centro de Abastecimento e na Rua Nova. Ele nasce na Avenida Maria Quitéria, no bairro São João, e vai até o Rio Jacuípe, sem nenhuma coleta de tratamento. No caminho, ele recebe outros riachos, como o Buraco Doce, o riacho da Baraúnas, o riacho 18 do Forte da Rua Nova, os riachos do Tanque da Nação, como o Manoel Matias, e esses riachos, juntamente com os do Jardim Cruzeiro e do Tanque do Urubu, do Feira IX, vão todos para o Jacuípe”, informou João Dias.
O diretor do departamento da Semman citou ainda outros riachos que estão com sérios problemas de poluição. São locais utilizados para descarte irregular de lixo, entulhos e materiais inservíveis.
“Outros riachos com maiores problemas são o da Gabriela, conhecido como Riacho das Panelas, que recebe dois riachos do Homero Figueiredo. E por último, há o Riacho da Espuma, no Feira X, que nasce na Senador Quintino, absorve riachos do Jardim Acácia, do Areal, da Vila Verde e do Viveiros, e chegam ao Jacuípe muito poluídos, levando muito lixo. Para se ter uma ideia, em 1 ml é para ter até 500 bactérias heterotróficas, que consomem matéria orgânica, porém em 1 ml analisado no Rio Jacuípe, próximo à ponte, teve 5.300 bactérias. Então está na hora das autoridades e a sociedade civil se unirem, porque o planeta está ficando sem água potável, e a gente tem que tomar uma providência para requalificar o Rio Jacuípe, a partir desses riachos”, alertou o ambientalista.
Campanhas educativas
Conforme João Dias, uma das primeiras ações a ser realizada em favor da despoluição do Rio Jacuípe, na região de Feira de Santana, será campanhas educativas em escolas, sobretudo nos bairros por onde passam riachos.
“Nós já planejamos estrategicamente fazer um trabalho nas escolas da Bacia do Jacuípe, porque a clientela estudantil desses bairros deve se tornar multiplicadora, para ajudar os pais a diminuírem tanto as ligações clandestinas de esgotos, quanto o descarte irregular de resíduos nos riachos, como fraldas descartáveis, fraldas geriátricas, capacetes de motos, cadeiras de salão de beleza, garrafas, pacotes de salgadinho, uma série de coisas que estão sendo jogadas nesses riachos e que vão parar no rio. Vamos realizar uma campanha educativa nas escolas e também colocar redes nos riachos como forma de coadores, para que os materiais não cheguem ao rio”, esclareceu.
O diretor do Departamento de Planejamento e Educação Ambiental da Semman acrescentou que o fórum de discussão irá continuar até que seja possível resolver toda a problemática que envolve o rio Jacuípe.
“Isso envolve milhões, e a gente precisa do engajamento da sociedade civil, da sociedade política, das pessoas envolvidas com associações, cooperativas, e precisamos principalmente de recursos federais e privados. Por isso, convidamos o CIS, o Senai Cimatec, a Embasa, a Cerb, entre outras instituições, porque precisamos alocar recursos e desenvolver ações no sentido de coibir e parar a contaminação do Rio Jacuípe. Por exemplo, aquela espuma é proveniente das ligações clandestinas, água de lavagem de roupas e banhos, então é provocada pelos sabões e xampus”, frisou.
Segundo João Dias, a próxima reunião do fórum será no dia 1º de setembro, às 10h, no auditório do Edifício Multiplace, no shopping Boulevard, com a presença do prefeito Colbert Martins, do vice-prefeito, as secretarias e os demais órgãos integrantes. “O Dia 18 de Setembro é o aniversário da cidade. E é importante que as pessoas saibam que Feira só existe por conta do Rio Jacuípe.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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