Feira de Santana

Vereador diz ter sofrido ameaças e ofensas racistas por e-mail em nome de órgão municipal

Em entrevista ao Acorda Cidade, o vereador revelou o teor das mensagens.

Foto: Paulo José/ Acorda Cidade
Foto: Paulo José/ Acorda Cidade

O vereador e pré-candidato a deputado estadual pelo Psol Jhonatas Monteiro, confirmou na tarde desta sexta-feira (29), que vem recebendo ameaças de morte e ofensas racistas por parte de alguém através de um e-mail que, segundo ele, simula ser da Secretaria de Prevenção à Violência de Feira de Santana (Seprev).

Em entrevista ao Acorda Cidade, o vereador revelou o teor das mensagens. O remetente afirma que se o político não parar de dar declarações à imprensa sobre a atuação do governo municipal irá queimá-lo e também a sua família.

“Nós já havíamos recebido algumas delas em abril, fizemos o registro de ocorrência e foi aberta uma investigação. Houve algum nível de avanço por parte da Polícia Civil, do ponto de vista de determinação de autoria, embora o trabalho ainda não tenha sido concluído. E, aparentemente, as coisas estavam mais tranquilas. Mas agora no início de julho, precisamente no dia 4, recebemos um e-mail institucional com uma mensagem que trazia não só referência aos episódios de violência dentro do prédio da prefeitura, como mais escancaradamente ofensas racistas e também ameaça direta de morte não só a mim como à minha família, indicando que queimaria e outras coisas mais”, relatou.

Jhonatas Monteiro diz que após as ameaças precisou mudar a sua rotina e cobra mais atenção do governo municipal às investigações.

“O e-mail explicitamente reivindica ter sido escrito por pessoas do governo municipal. Isso não quer dizer que seja, mas por si é algo que merece atenção. Significa que alguém estaria utilizando o nome da prefeitura para cometer ameaças, porque é isso que está lá, e já tem o registro documentado e uma investigação em andamento. Nós recebemos essas ameaças, fizemos o registro de ocorrência e modificamos algumas coisas também do ponto de vista de segurança, da rotina do próprio mandato, de ordem familiar e acionando as instituições que estão acompanhando não só essa situação mais recente, mas todo esse contexto de violência política em Feira de Santana”, destacou.

Ainda conforme o vereador do Psol, desde maio, ele foi incluído no Programa a Defensores de Direitos Humanos, Comunicadores e Ambientalistas.

“É um programa federal e tem uma gestão estadual também, que tem monitorado a situação e também está ciente disso. Foi uma avaliação que, depois de tomadas as providências, era importante divulgar, porque isso também é uma medida protetiva. Isso significa também dizer que não vamos ceder a esse tipo de tentativa de intimidação, e transmitir a mensagem que com os cuidados devidos, vamos enfrentar a situação que for necessária. Dizem que se eu não parar de falar com a imprensa, vão jogar gasolina em mim e em minha família. Fazem referência, inclusive, à Queimadinha, que é o bairro que eu resido, de modo negativo e fazem referência ao fato de que as ameaças que tiveram repercussão em abril tiveram repercussão nacional em um site chamado Alma Preta, que é ligado ao movimento. E a mensagem diz que o nome é errado, porque pessoas pretas não teriam alma e que lá trabalham vários macacos”, afirmou.

O parlamentar criticou a postura do governo municipal com relação ao caso mais recente de ameaças, assim como os episódios de violência ocorridos em abril deste ano dentro do prédio da prefeitura, durante a manifestação dos professores.

“O grande problema é que quem fez, além de usar um serviço de e-mail temporário, se deu ao trabalho de cobrir os seus rastros, e simula ser um e-mail da Seprev (Secretaria Municipal de Prevenção à Violência). Em qualquer caso, o governo municipal deveria abrir uma sindicância para apurar, ao invés de sair dizendo coisas sem fundamento. É prova cabal que o governo municipal corrobora com esse cenário de violência política. Faz isso desde a violência dentro da prefeitura. A posição do prefeito Colbert Martins é uma vergonha, porque ao invés de dizer que vai apurar para saber se houve excesso de força e abuso, ele já foi dizendo que toda a violência que ocorreu era normal, era proporcional, nem sequer uma sindicância foi aberta. Em nenhum momento em qualquer declaração que eu tenha disse que essas ameaças partem da prefeitura ou de alguém. Quem tem que apurar isso é a Polícia Civil. Não sou irresponsável de vir a público, sem que as providências legais tenham sido tomadas”, reiterou.

Em resposta às denúncias do vereador Jhonatas Monteiro, a prefeitura de Feira de Santana divulgou uma nota pública afirmando que o e-mail utilizado para o registro da denúncia não existe e é anônimo. Informou também que aguarda a conclusão do inquérito aberto pela Polícia Civil e associou o gesto do parlamentar em vir a público com as informações a ‘denúncias sensacionalistas’. Leia na íntegra:

“Em razão de uma nota distribuída à imprensa pela assessoria do vereador Jonathas Monteiro, cujo conteúdo atribui a integrantes da Guarda Municipal um e-mail com ameaças de agressão, de morte e ataques racistas contra o parlamentar e à família dele, o Governo Municipal assim reage:

  1. O e-mail é assinado pela “Secretaria Municipal de Direitos Humanos de Feira de Santana”, que não existe. Logo, o e-mail é anônimo, pois é de autoria desconhecida;
  2. O vereador já divulgou que prestou queixa na Polícia Civil e aguarda o resultado das investigações que buscam descobrir a autoria desta e de outras ameaças que ele diz ter recebido. Portanto, mesmo sendo um legislador, o parlamentar tem agido pelo menos com imprudência ao expor o nome de uma instituição como a Guarda Municipal sem respeitar o procedimento legal instaurado pela polícia, que pode ou não resultar em alguma prova que sustente sua acusação;
  3. O vereador tem relatado as agressões em razão da participação dele na invasão da Prefeitura Municipal, em março deste ano. Apurações estão sendo feitas pela Polícia Civil, inquéritos estão em andamento, e o Governo Municipal, respeitando a ordem legal, aguarda os resultados para se manifestar, evitando criar especulações eleitoreiras que possam macular a imagem de alguém ou de uma instituição. As aspirações na política partidária não devem permitir denúncias sensacionalistas que caracterizam a busca por holofotes sem atitudes nobres que justifiquem.”

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

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