Feira de Santana

Dia do Agricultor: presidente do Sintrafs destaca a falta de incentivo para que jovens permaneçam no campo

De acordo com Conceição Borges, a própria família desmotiva os jovens para trabalharem na Zona Rural.

Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Nesta quinta-feira, 28 de julho, é celebrado em todo o Brasil, o Dia do Agricultor, data criada ainda no ano de 1966 em razão do centenário da fundação do Ministério da Agricultura, pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek.

Profissão antiga, sempre passada de geração para geração, atualmente encontra certos desafios. Os jovens não estão querendo continuar seguindo os passos dos pais e dos outros familiares, e vão buscando outras oportunidades de emprego.

Ao Acorda Cidade, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Sintrafs), Conceição Borges, informou que faltam incentivos para que a juventude possa continuar no campo.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Ser agricultora além de ser uma atividade prazerosa, é uma missão, uma fé, é plantar, sabendo que dali, vai nascer prosperidade. Mas não há por parte dos nossos poderes públicos, um tratamento da agricultura familiar, como um investimento para que as pessoas possam viver apenas da agricultura. Nossa juventude aprende na escola que ser agricultor é feio, é vergonhoso, e isso não atrai os jovens para permanecerem no campo. Quando um jovem ou outro decide ficar, realmente é por amor, quer continuar aquela trajetória da família”, pontuou.

De acordo com Conceição Borges, a própria família desmotiva os jovens para trabalharem na zona rural.

“A gente vive na roça plantando, não tem espaço para comercialização, não tem investimento, não tem beneficiamento, não tem espaço decente, então já é na família, que as crianças começam a observar tudo isso. Muitas vezes os pais dizem: ‘Eu quero que você vá estudar, para não ser agricultor, não passar o que passei’. Então a criança já cresce ouvindo tudo isso. Caso não haja essa renovação no campo, a gente vai chegar em um determinado momento em que a gente vai consumir apenas enlatado. Outro detalhe que a gente também chama muito a atenção, se hoje uma família tem um pequeno espaço de terra, amanhã pode não ter mais, porque aquele local se tornou um condomínio”, relatou.

Moradora do distrito de Bonfim de Feira, Jaciara Boaventura da Silva, contou à reportagem do Acorda Cidade, que foi na infância, que já começou ajudar a família dentro da agricultura.

Segundo ela, o trabalho no campo, demonstra a valorização da origem, principalmente por marcar a forma de sustento que a família teve.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Desde os meus 13 anos de idade, que eu já ajudava o meu pai, a minha mãe na plantação de milho, feijão, e ser agricultor, como hoje eu sou, é valorizar a nossa origem, valorizar a terra que plantamos, que damos o nosso bom e melhor produto agrícola, por isso que eu amo o que faço”, disse.

Para Jaciara, a ausência dos jovens no campo, também é motivada pela falta de incentivo.

“Hoje a gente percebe que as coisas não estão acontecendo como antigamente, os jovens não querem trabalhar no campo, não querem ser agricultores, não existe mais aquele incentivo. Sendo que antigamente, os incentivos eram de nossos pais para ajudar nas lavouras e plantações. Hoje os jovens querem entrar na Universidade, querem ter essa oportunidade de vida em algo mais rentável para obter uma profissão melhor”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram

Inscrever-se
Notificar de
0 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários