Perigo das fumaças

Pneumologista fala sobre impactos da inalação de fumaça das fogueiras e fogos

De acordo com ele, podem ser usadas algumas medicações como comprimidos sublinguais ou até seja necessário que o paciente vá até a emergência para utilizar oxigênio, passar por outros cuidados e investigações.

Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil
Foto: Sumaia Villela/Agência Brasil

As fogueiras e fogos de artifício são elementos característicos do período junino. Há quem diga que não há São João sem fogueira e muito menos sem os fogos. Há quem não abra mão de se esquentar nas chamas da fogueira, assar o milho e aproveitar as brasas para queimar os fogos, mas há também quem prefere ficar longe de toda a fumaça emitida por esses elementos.

Muita gente, principalmente com problemas respiratórios crônicos e alergias sofre com a fumaça e esse período é um verdadeiro terror para a saúde. O médico pneumologista Ivan dos Santos Silva Júnior, esclareceu sobre o assunto ao Acorda Cidade, os impactos da fumaça e também deu algumas dicas para que as pessoas possam aproveitar a data de forma segura.

Segundo ele, a fumaça emitida pelas fogueiras e fogos é irritante e atinge tanto as vias aéreas inferiores, como superiores. São compostas de gases ácidos como dióxido de enxofre, dióxido de nitrogênio, além de monóxido de carbono, dióxido de carbono, material particulado entre outros.

“O principal público alvo desse período do ano é o público portador de doença respiratória crônica, como asma, enfisema, bronquite. Também são afetados os pacientes que têm doenças cardíacas isquêmicas. Eles podem ter uma evolução bastante desfavorável. Os sintomas podem ocorrer no contato imediato, com a fumaça ou até 24h a 48h após. Mesmo esse contato não sendo continuado até esse período, as intoxicações pela fumaça podem provocar tosse, chiado no peito, provocam também em algumas situações dores de cabeça, dores no peito e podem causar também alterações cardíacas outras que levam o indivíduo a emergência”, explicou.

Ivan dos Santos frisou ainda que o paciente que tem uma doença crônica e tem contato com a fumaça de fogueiras e fogos, apresentando sintomas respiratórios, deve seguir as orientações do médico que já lhe acompanha, de forma a controlar as crises. Esse controle pode ser feito através de bombinhas com medicação de resgate, usos de corticóides orais ou inalatórios. Em caso de não melhorarem devem procurar de imediato a emergência para que essa situação não se agrave.

Além disso, pacientes com doenças cardíacas que venham descompensar, devem seguir também a orientação do médico responsável pelo seu acompanhamento. De acordo com ele, podem ser usadas algumas medicações como comprimidos sublinguais ou até seja necessário que o paciente vá até a emergência para utilizar oxigênio, passar por outros cuidados e investigações.

“As pessoas que têm problemas respiratórios ou outros problemas cardíacos geralmente fazem o tratamento contínuo e têm os cuidados de forma que eles possam realizar todas as atividades ou a maioria das atividades da sua vida, do dia a dia. Nesse período em que essas comemorações são tradicionais, a pessoa com asma, com enfisema, bronquite, não se sentiria muito bem ser discriminada. Claro que se estiver com a doença descompensada não é aconselhável participar de um ambiente de fumaça e até teria que se afastar e ir para outro lugar que o contato com a fumaça seja bem menor. No entanto, se estiver com a doença controlada, pode participar com alguns cuidados do período junino”, pontuou o médico.

Dicas para aproveitar o São João

Entre os cuidados que devem ser tomados pelos pacientes, o médico listou sobre o paciente nunca esquecer suas medicações de uso contínuo, estar bem hidratado, evitar o contato direto com a fumaça, caso queira participar de algum festejo, busque ficar mais afastado das fogueiras e da fumaça, não fume cigarros e busque na medida do possível usufruir do período e socializar com outras pessoas, mantendo sempre o bom senso e a cautela.

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