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Pesquisadores desenvolveram uma nova vacina capaz de oferecer proteção contra mais de 300 cepas de meningococo B, o patogênico bacteriano que causa a meningite, segundo um estudo publicado nesta quarta-feira na revista Science Translational Medicine.
A equipe, liderada pelo microbiólogo Rino Rappuoli, afirma que até agora o desenvolvimento de uma vacina amplamente protetora foi "difícil", já que há "inúmeras cepas da bactéria circulando".
A meningite é causada por diferentes microorganismos. Os grupos A, C, W-135 e E podem ser neutralizados com vacina. No entanto, o meningococo B, que é ao mais comum, é também o mais difícil de controlar, por isso focaram neste tipo de bactéria.
As pessoas que têm meningite costumam sofrer com frequência dano cerebral, problemas de aprendizagem, perda de audição e podem até morrer, por isso que "a doença continua sendo motivo de preocupação de saúde pública em nível global, especialmente em crianças, as mais vulneráveis".
Rappuoli, chefe de pesquisa do departamento de vacinas da multinacional farmacêutica Novartis, e sua equipe desenvolveram 54 imunógenos (substâncias capazes de desencadear uma resposta das defesas imunológicas do organismo) que foram testadas em ratos.
Após fazer testes em animais para ver se o imunógeno incitou a criação de anticorpos, depois de serem expostos a diversas cepas de meningococo B, os pesquisadores focaram em oito que apresentaram a melhor resposta.
Os estudiosos os utilizaram para testá-los em experimentos contra um grupo maior e diversificado de cepas de meningococo B.
Sendo assim, Rappuoli e sua equipe conseguiram identificar com precisão o imunógeno mais eficaz (chamado G1), capaz de induzir anticorpos que podem eliminar todas as cepas de meningococo B, o que indica que o G1 pode ser aproveitado para produzir uma vacina amplamente protetora.
Este novo enfoque para desenvolver vacinas "pode ser útil para outras patogenias que apresentam um alto grau de variação similar, tal como o HIV" e se abrem novas perspectivas para o futuro desenho de vacinas universais, disse Rappuoli em declarações à Agência Efe.
"O estudo foi realizado para provar uma nova forma de fazer vacinas contra as patogenias que até agora não tínhamos obtido resultados e, no entanto só se fez de maneira experimental". "Acreditamos que os dados obtidos com ratos podem prever um resultado em humanos", afirmou.
A equipe utilizou o meningococo neste campo porque é menos complexo que agentes como o HIV, explicou.
"O desenvolvimento de vacinas universais capazes de proteger contra todas as variantes naturais de patogenias que mutam com frequência como a gripe, a malária, o HIV e o meningococo é um dos principais desafios da ciência moderna", afirmou o cientista.
Rappuoli assinalou que já têm uma vacina contra o meningococo que está sendo pesquisada pelas agências reguladoras, mas esta seria uma "segunda geração" mais avançada, embora reconheceu que ainda falta alguns anos para ser disponibilizada.
No estudo, intitulado Rational Design of a Meningococcal Antigen Inducing Broad Protective Immunity, participaram cientistas do Departamento de Vacinas e Diagnósticos da farmacêutica Novartis, assim como da Universidade de Florença (Itália). As informações são do Estadão