Entre janeiro e abril desde ano, o Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Feira de Santana, registrou 59 casos suspeitos de esporotricose. Destes exames realizados, quatro tiveram o resultado confirmado para a doença e três foram negativos.
Os outros 52 animais, foram diagnosticados pela avaliação do quadro clínico epidemiológico, quando os sintomas são suficientes para concluir o caso, de acordo com a Secretaria de Comunicação Social.
Diante deste alerta que foi acendido no município de Feira de Santana, o Acorda Cidade foi em busca de maiores informações sobre os cuidados que as pessoas devem ter para evitar a contaminação pela doença, já que também pode ser transmitida para o ser humano.
De acordo com a médica veterinária e pós-graduanda em medicina felina, Taciele Dias, a esporotricose, é uma doença causada pelo fungo Sporothrix schenckii, sendo encontrado também na madeira e nos vegetais, não acometendo apenas os gatos.
“A esporotricose é uma doença causada pelo Sporothrix schenckii, e é encontrada disseminada na natureza, no solo, na madeira e nos vegetais. Ela acomete gatos e acomete os humanos também. Já foram relatados casos em outras espécies, como os chimpanzés, golfinhos, cães, mas o gato é o maior disseminador do fungo. Aqui na clínica, já chegaram casos com características de esporotricose, eu não posso usar a característica como diagnóstico. Infelizmente esses tutores não fizeram exames para diagnosticar, mas as lesões que tinham na pele desses dois animais, eram bem características da doença. Eu acabei tratando os sintomas, porque eu não tive um diagnóstico completo, mas com em relação a isso, a gente tem que se preocupar muito com o diagnostico diferencial, que são as doenças que têm as mesmas características, mas que não é a esporotricose”, explicou.
Segundo Taciele Dias, os animais apresentam lesões sobre a pele, e até mesmo lesões internas pelo corpo. O tratamento pode levar até 120 dias.
“Estes animais ficam com lesões cutâneas pelo corpo, que são lesões na pele e lesões extra cutâneas, que são lesões nos órgãos internos. As lesões de pele nos gatos, ficam geralmente na cabeça, na região da orelha, pescoço, rabo, nos membros posteriores e as lesões extra cutâneas geralmente vem com a parte da respiratória, que aí os tutores tem que se atentar com os espirros. O tratamento é feito sistêmico, tem vários tipos de tratamento, o que é o mais usado, é o sistêmico com o antifúngico, esse antifúngico, o gato usa por 90 dias e após a cura clinica é passado mais 30 dias para não ter resistiva, tem que se atentar também aos outros sintomas como a parte respiratória, porque tem que associar esse antifúngico com outros medicamentos”, informou.
Por ser uma doença que também é transmitida para os seres humanos, a médica veterinária, informou à reportagem do Acorda Cidade que as pessoas devem manter total cuidado assim que os sintomas forem surgindo.
“Por se tratar de pegar em humanos, o ideal é que as pessoas façam o controle, peguem os animais doentes e façam uma quarentena que é o mais indicado e sempre atentar para a segurança, quando for pegar esses animais colocar luvas, colocar uma roupa com manga longa, sempre atento com essa segurança, e evitar o contato das crianças com os felinos. A gente sabe que eles gostam de brincar com os animais, porém neste momento, o recomendado é que as crianças não brinquem com este animais que apresentarem lesões”, disse.
De acordo com a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses e também médica veterinária Mirza Cordeiro, os animais que apresentarem sintomas, os tutores deverão informar ao órgão.
“A gente orienta as pessoas que possuem seus animais, a não deixar ficarem soltos, principalmente no bairro Capuchinhos, que é a área onde começou este surto. Então a gente pede para as pessoas deixarem seus animais presos, domiciliados, aqueles animais que estiverem com suspeita, o Centro de Zoonoses deve ser comunicado. A gente faz aqui um apelo aos médicos veterinários que estão atendendo casos de animais com esporotricose, que façam essa notificação. Nós já enviamos através da Associação dos Médicos Veterinários, um formulário onde esses médicos veterinários podem notificar ao Centro de Zoonoses, porque nós precisamos realizar a busca ativa, ou seja, a gente precisa identificar aonde estão os casos dessa doença, para a gente tomar todas as providências necessárias, para que não haja a disseminação. A gente tem alguns bairros que a gente já tá fazendo a busca ativa, já fomos recolher o animal, animais que não tem domicílio, nós estamos recolhendo”, disse.
Ainda segundo a coordenadora, os exames laboratoriais estão sendo realizados em parceria com Universidade Federal da Bahia (UFBA).
“Nós já estamos fazendo a notificação de casos em humanos, já fizemos também toda a parte do fluxo com o qual vai ser realizado e os animais estão vindo para o Centro de Zoonoses, onde nós realizamos o exame laboratorial na UFBA, a parceria que a prefeitura municipal junto com a Secretaria de Saúde estão tendo. Nós estaremos realizando os exames na UFBA, e no caso humano, nós já temos o centro de infectologia, o consultório de infectologia, às quintas-feiras onde estamos fazendo esse atendimento prévio”, explicou.
Muitas pessoas estão assustadas com a doença e questionando ao órgão, se os animais serão sacrificados. De acordo com Mirza Cordeiro, cada caso será avaliado.
“Muita gente está nos ligando e perguntando, ‘esse gato vai ser eutanasiado, vai ser sacrificado?’. Gente, algumas Zoonoses, um dos controles é a preconizada eutanásia, têm doenças que existem a preconização via Ministério da Saúde, com Nota Técnica da eutanásia, esporotricose é uma delas. Só que a gente está avaliando, porque cada caso é um caso, se o animal faz o tratamento e responde, por que eu vou entanasiá-lo? Se ele tem uma resposta positiva ao tratamento? Nós tivemos um caso aqui de um animal por exemplo, ficou quatro meses aqui no Centro de Zoonoses e já voltou para o seu domicílio negativo. Então ele volta ao seu lar. Se a gente observar que o animal não responde ao tratamento, infelizmente a gente tem que fazer a eutanásia. Quero pedir a população para ter calma, estamos fazendo a nossa parte, a finalidade do Centro de Zoonoses é essa, controle das Zoonoses. Estamos atendendo na maior brevidade possível, todos os casos. Pedimos às pessoas que tenham animais suspeitos, que manipulem esses animais com tranquilidade, usem uma luva, manipular jardim, usem uma luva. E quando forem ligar para o telefone, mande mensagem, é melhor com o endereço, foto do animal, que fica muito mais fácil a gente agilizar o processo de vista técnica.”, concluiu.
Ao Acorda Cidade, a infectologista Melissa Falcão, também chamou à atenção dos cuidadores dos gatos, em observar o estado de saúde dos felinos.
“Tivemos o aumento dos casos de esporotricose dos gatos em nosso município e já temos casos confirmados nos humanos também. Então o aumento dessa esporotricose, que é uma doença fúngica, que dá na pele dos gatos, acaba fazendo com que os seus cuidadores, as pessoas que têm o contato também adquiram a doença. Então se tiver algum gato que esteja com esta doença de pele, entrar em contato com o Centro de Zoonoses para que possa fazer o acolhimento deste gato, fazer uma avaliação, um tratamento se necessário, pois o contato da ferida com alguma lesão na pele da pessoa que estiver cuidando, vai acabar transmitindo a esporotricose para os humanos, para o cuidador. A gente sabe que os gatos circulam, então existe uma grande preocupação porque os gatos que são cuidados em casa com todo amor, com todo carinho, mas eles saem, circulam na rua, têm contato com outros gatos de rua e acabam podendo adquirir outras doenças. Então o mais importante para a população, é que comunique ao Centro de Zoonosea e também que os veterinários comuniquem se tiverem algum caso suspeito para que seja feito o bloqueio e o controle em todos os bairros”, disse.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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