Laiane Cruz
No dia 14 de abril deste ano, o entregador de delivery Valmiro Santana Santos Junior, 24 anos, morador do bairro Asa Branca, sofreu um grave acidente de moto, que o deixou incapacitado para o trabalho.
Em entrevista ao Acorda Cidade, ele relatou que o fato ocorreu na Rua Edelvira de Oliveira, após realizar uma entrega no Hospital Dom Pedro de Alcântara (HDPA). No retorno para a base de entregas, próximo ao prédio do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), no cruzamento após a sede da 64ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM), a condutora de um veículo ultrapassou a via e parou repentinamente, gerando a colisão.
“Ela vinha saindo de uma rua paralela para a principal. Avistei o veículo, tentei reduzir a velocidade, porque percebi que ela vinha também em velocidade e não daria para nenhum dos dois passar. E quando eu reduzi, acredito que ela se assustou quando me viu no meio do cruzamento, e parou. Foi quando tentei desviar e colidi na traseira do carro dela. Cai a uns 200 metros, já não senti mais as minhas pernas. Quando eu vi, minha perna estava dobrada, de modo que meu pé estava batendo na minha cintura, uma fratura exposta. O pessoal começou a me levantar, eu também tentei, mas cai. Chamaram o Samu, que levou menos de 10 minutos para chegar, e fez os primeiros socorros no local”, contou.
Segundo Valmiro Junior, a proprietária do veículo tentou se evadir do local do acidente, mas foi contida por populares. Logo em seguida, prepostos da Superintendência Municipal de Trânsito (SMT) chegaram para fazer a ocorrência.
“A mulher tentou evadir-se do local, o pessoal a segurou, e a SMT conversou com ela. Me perguntaram, e eu confessei que não era habilitado, meu único erro ali, pois na via que ela estava, tinha que parar no cruzamento, inclusive tinha uma placa de 'Pare'. Acredito que ela vinha desligada, não conhecia o local, ou estava no celular. Desde então, ela se negou a ajudar com as medicações, mesmo diante do prejuízo financeiro. Ela se valeu do fato de eu não ter a CNH. Eu fui encaminhado para o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), onde fiquei cerca de uma semana, fiz a cirurgia, coloquei um ferro na coxa e hoje tenho três parafusos, dois no joelho. Estou na casa de minha mãe, tomando medicações, em repouso total, sem poder trabalhar e sem nenhuma renda”, disse.
Ele destacou ainda a importância das pessoas se conscientizarem no trânsito. “Eu sou pai de família, responsável por levar o meu sustento para casa. Gostaria mesmo que as pessoas se conscientizassem e respeitassem mais a vida do próximo”, frisou.
Os acidentes envolvendo condutores de motocicletas estão entre os principais atendimentos na urgência e emergência do Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA). De acordo com o diretor da unidade hospitalar, José Carlos Pitangueira, aos finais de semana aumenta a demanda e são dezenas de vítimas de acidentes de moto que dão entrada no local.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Nós acompanhamos sempre e a média aos finais de semana é sempre de 35 a 40. Então se fizermos a média de 120 a 130 por mês, você já tem esse ano quase 500 acidentes de moto só no fim de semana. E temos uma média de 500 a 550 durante toda a semana aqui. O ano passado tivemos muitos acidentes, mas agora está muito pior. Com a liberação total está todo mundo saindo. Está certo, mas que pelo menos tenham cuidado. E vem a situação clara, que eu sempre digo, pois a sociedade tem que entender que a polícia é amiga, a 'prefeitura do trânsito' é amiga. Temos que fazer blitz para proteger esse pessoal. Se não tiver a blitz, aqueles que bebem e caem das motos são a maior parte que vem para aqui e prejudicam diretamente os outros pacientes. Então cada vez que tem mais acidentes, mais vagas ficam presas para salvar outras vidas”, alertou o diretor do HGCA.
Pitangueira enfatizou que vítimas de acidentes geralmente levam entre 30 a 90 dias internadas, ocupando 50% das vagas de UTI, e isso prejudica todos os outros pacientes.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Aí reclamam da regulação, mas têm que reclamar também dos acidentes que estão acontecendo em Feira de Santana, que são demais. E sempre aumentam nos finais de semana, porque é o período que se pode tomar uma cervejinha, e ao invés de pegarem o carro de aplicativo, andam na moto. Esses pacientes sofrem com fraturas e às vezes o Traumatismo Craniano Encefálico (TCE), porque muitas vezes estão sem capacetes e a pancada na cabeça sempre prejudica mais, e fratura de fêmur está tendo demais, e sempre com um na garupa, então aí já são dois pacientes para serem atendidos. São jovens, numa média de 18 e 19, e tem gente que menor de idade e não tem carteira e anda, mas também muitas pessoas de meia idade”, reclamou.
O superintendente municipal de trânsito, Cleudson Almeida, ressaltou que este mês os órgãos ligados ao trânsito na cidade irão reforçar as ações de conscientização à população sobre o respeito e às normas de trânsito, por meio da campanha Maio Amarelo.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“E quando a gente fala sobre a população, tem que estar inseridos aí o cidadão, o poder público e todas as entidades envolvidas na questão do controle e fiscalização das normas de trânsito. Então não parte só para a conscientização, única e exclusivamente do poder público, mas a sociedade civil como um todo e todos aqueles agentes envolvidos na questão das normas de trânsito. Simbolicamente o amarelo, como dito nas normas de trânsito, representa a atenção, então o Maio Amarelo é um mês dedicado às questões relacionadas ao trânsito para que tenhamos maior atenção às normas e a necessidade de respeitá-las. A campanha deste ano nos traz um tema de suma importância que diz: ‘Juntos salvamos vidas’. Isso parte do princípio de que todos estão envolvidos: condutores de veículos, de motocicletas, pedestres, ciclistas, poder público, toda a sociedade civil engajada”, salientou.
Ele informou que o número de acidentes envolvendo motociclistas supera às demais categorias. Na avaliação do superintendente, alguns fatores dentro do contexto social contribuem para isso, como a facilidade da aquisição de motocicletas, o aumento de serviços de entrega que se utilizam desse tipo de veículo, e sobretudo o desrespeito às normas.
“É comum a gente ver motociclistas fazendo manobras de conversão proibida, excedendo os limites de velocidades das vias, não respeitando o conjunto semafórico e avançando no sinal vermelho e isso é um conjunto de fatores que reflete em acidentes. Este ano, houve vítimas fatais e recentemente participamos de um seminário onde ficou definido que dos que tem acesso ao sistema de saúde, em termos de acidente de trânsito, em sua maioria são motociclistas. E os acidentes que a gente tem com mais frequência no município advêm de infrações, como avanço de sinal, uso de celular ao volante e o excesso de velocidade. Isso é um grande risco. As multas mais comuns são de avanço de sinal, excesso de velocidade, conversões proibidas e estacionamento em fila dupla”, informou.
Trechos perigosos
Conforme o superintendente de trânsito Cleudson Almeida, alguns trechos da cidade de Feira de Santana apresentam maior risco de acidentes, em determinados horários.
“Temos os trechos da Getúlio Vargas, que no período da noite é de risco, na Noide Cerqueira também. Nos locais onde há radar, é respeitado o limite de velocidade, mas quando passam pelo equipamento, logo adiante imprimem velocidade que chega ao dobro do permitido na via. As câmeras que fazem parte do videomonitoramento não conseguem fazer o registro do excesso de velocidade, pois o agente de trânsito que opera não vai conseguir estabelecer o limite de velocidade e fazer essa verificação. A questão do excesso é feita pelos equipamentos de controle, que são os radares, que são fixos e possuem dentro da sua composição a capacidade de fazer o registro da velocidade do veículo nas vias da cidade. Pelo videomonitoramento é possível ao agente registrar infrações como conversão proibida, estacionamento irregular, contramão, falta do cinco de segurança e uso de aparelhos celulares ao volante.”
Cleudson Almeida frisou que durante a campanha a SMT irá ministrar uma série de palestras em empresas da cidade.
“Neste momento estamos com uma série de palestras agendas, em empresas que possuem veículos que prestam serviços, com um número grande de condutores, empresas que utilizam muitas motocicletas, estamos com uma parceria com a Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SMTT) e Sest/ Senat, todos os órgãos envolvidos, que fazem parte do contexto, para que possamos implementar ações de orientação.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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