Laiane Cruz
O diretor regional da Associação de Policiais e Bombeiros e de Seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra-Bahia), soldado PM dos Anjos, comentou na segunda-feira (9) sobre as mortes de três policiais militares em Salvador, no último fim de semana.
De acordo com Dos Anjos, a entidade recebeu a notícia com muita indignação e apontou que há muito tempo vem buscando que o governo incremente os efetivos da Polícia Civil e da Militar.
“Nós sabíamos que em determinado momento isso iria acontecer, porque a gente não vê por parte do estado a mínima vontade em fazer segurança pública para o cidadão baiano. Isso coloca os policiais em risco. Há pelo menos 9 anos a gente bate nesse quesito do efetivo, que está bastante defasado. O ano passado o comandante-geral publicou o número, dando conta de aproximadamente 29 mil homens, para um estado de mais de 15 milhões de habitantes. Temos mais de 200 cidades que têm apenas um ou dois policiais. Ano passado fui transferido para Salvador, para a 14ª Companhia Independente (CIPM), e lá constatei essa realidade de guarnições com apenas dois policiais, muitas vezes sem uma arma longa, apenas pistola, uma estrutura muito precária, viaturas com várias limitações e infelizmente isso está por toda a Bahia, não só na Capital, e a gente observa que não há nenhuma atitude para segurança do cidadão e do próprio policial”, protestou o sindicalista.
Segundo o soldado Dos Anjos, falta boa vontade e projetos para a área de segurança, uma vez que a Bahia enfrenta o aumento da violência há muitos anos, ocupando o topo do ranking do país desde 2016.
“A criminalidade está a cada dia fazendo seus acordos com outras facções do sudeste do país, trazendo armamentos e treinamento para esses marginais, e cada dia estão mais ousados. Temos um aparato extremamente defasado e desvalorizado e estamos pagando essa conta. Hoje estamos abandonados e jogado às traças. Os policiais e bombeiros da Bahia são policiais extremamente valorosos, que podemos chamar de heróis. Faço parte e conheço essa realidade, conheço as precariedades e as mágicas que esses profissionais fazem todos os dias, para romper com as dificuldades, as limitações e dar um pouco de segurança ao cidadão baiano. Eu lhe digo que, infelizmente, é o estado que está causando tudo isso, porque quando você não ocupa o seu lugar, outros vão ocupar. O estado não ocupa o seu lugar e tem dado margem para esses criminosos. Se você tem um efetivo cada dia mais reduzido, sendo que do outro lado, o inimigo a cada dia aumenta o seu efetivo, você está jogando para perder”, declarou.
O diretor da Aspra denunciou ainda que a entidade vem sofrendo ataques por parte do governo do estado, por isso avalia de que forma poderá convocar a categoria a se manifestar.
“Toda vez que a Aspra se movimenta de alguma forma, o governo usa os seus para acionar a Justiça e tentar fechar a associação. Então, nós estamos avaliando a melhor resposta a ser dada. Infelizmente, estamos numa situação muito complicada, porque muitas vezes não segue as leis, e a Aspra vem sendo coagida e perseguida. Estamos avaliando se de fato temos condição de fazer uma manifestação. E se fechar a Aspra, a Bahia vai perder muito, porque hoje não tem organismo de fiscalização mais eficiente do que a entidade”, argumentou.
Com informações do repórter Aldo Matos do Acorda Cidade.
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