Artigo

Direito de todos

Sem trabalho, a pessoa vai caminhando diretamente para a miséria e a fome.

No dia 1º de maio celebramos o Dia do Trabalho. Numa borracharia, junto à Estrada do Mar, é possível ler: “Aquele que é pago, deve trabalhar; aquele que trabalha deve ser pago”. No Brasil, muitos podem ser enquadrados num outro ângulo: há os que ganham sem trabalhar e os que trabalham ganhando muito pouco.

O TRABALHO, o emprego e a justa remuneração, são necessários para que os trabalhadores possam sustentar dignamente a si e aos seus dependentes. Sem trabalho, a pessoa vai caminhando diretamente para a miséria e a fome. Sem trabalho, a assistência à saúde, a aposentadoria e todos os direitos sociais ficam prejudicados e afetam a dignidade do trabalhador.

QUANTAS pessoas, hoje, são vítimas do desemprego! A atitude de pedir emprego, muitas vezes, se assemelha a um pedido de esmola. O pedido é feito de uma maneira mais ou menos envergonhado, como se fosse uma coisa errada, ou se a pessoa tivesse culpa de não estar empregada. Na realidade, ela está exigindo um direito fundamental: o direito de trabalhar. O trabalho não é um favor. É um direito de todos!

AS MÃOS dos trabalhadores e trabalhadoras cultivam a terra, erguem edifícios, preparam alimentos, fabricam bens, curam, constroem, limpam, ensinam, educam, acariciam… Enfim, convertem a matéria bruta da natureza em bens de uso que servem para uma vida de qualidade. As mesmas mãos que são capazes de transformar a natureza, nos ajudam nas relações interpessoais, comunitárias, culturais e religiosas.

COM O OBJETIVO de dar um protetor aos trabalhadores e um sentido cristão ao trabalho, o Papa Pio XII instituiu, em 1955, a festa de São José Operário. Inseriu-a na festa dos trabalhadores, universalmente celebrada no 1º de maio, para proclamar a dignidade do trabalho humano que sempre deve ser um serviço á comunidade e um prolongamento da obra do Criador.

SÃO PAULO, estabelece uma lei dura: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2 Ts 3,10). O próprio Cristo quis ser um trabalhador manual, passando grande parte de sua vida na carpintaria de São José. Por intercessão de São José Operário e de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, invocamos a proteção de Deus sobre os trabalhadores e suas famílias.


Dom Itamar Vian
Arcebispo Emérito
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