Feira de Santana

Ouvido novamente na CPI da Saúde, secretário depõe sobre descredenciamento do HTO e consultoria de R$ 400 mil

O relatório final da CPI será encaminhado à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

Andrea Trindade

O secretário Municipal de Saúde, Marcelo Britto, voltou à Câmara de Vereadores de Feira de Santana nesta terça-feira (12) para concluir seu depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), que investiga contratos da Secretaria de Saúde.

Na oitiva de hoje, ele respondeu sobre os serviços de consultoria prestados à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Queimadinha antes de se tornar secretário e o descredenciamento do HTO, que segundo o secretário, foi motivado pela exposição negativa da unidade na CPI e por conta do baixo valor pago pelo SUS pelos atendimentos.

O relator da Comissão, vereador Professor Ivamberg (PT), disse ao Acorda Cidade, que não consta no comunicado da direção do HTO à prefeitura, o mesmo motivo dito pelo secretário como a causa do descredenciamento. Marcelo Britto, por sua vez, manteve a mesma resposta, mas não convenceu o relator. Por este motivo a CPI vai convocar um representante da nova direção do hospital para prestar esclarecimento.

Para o secretário há um jogo político ao envolver o hospital na CPI, e quem perdeu com o descredenciamento foi a população.

“Todas as perguntas foram respondidas imediatamente, todas justificadas de forma técnica, justa, ética, direita e legal. Vamos somar agora quase seis horas de depoimento (…). Sobre o descredenciamento, eu ratifiquei, afirmei e reafirmei: o HTO disse que iria fazer o descredenciamento, primeiro, por causa do baixo valor pago, mas esse fato já existia antes e, segundo, pela exposição negativa que a CPI estava submetendo ao hospital. Que eu fique nesta situação faz parte, é um jogo político, mas o prejuízo agora é da população que perdeu um credenciado que fazia aproximadamente três mil atendimentos por mês por causa de uma briga política”, disse o secretário.

Marcelo Britto informou que o HTO recebia R$ 10, 00 (dez reais) por cada consulta feita pelo SUS. “Uma cirurgia de antebraço e braço, por exemplo, o SUS paga um valor de R$170 para ser repartido entre toda a equipe”, disse o secretário destacando que o serviço era prestado há mais de 30 anos.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

O vereador Ivamberg Lima ressaltou em entrevista ao Acorda Cidade, que com relação às consultorias havia contradições entre as respostas do secretário e da diretora da Unidade da UPA do bairro Queimadinha, Ivete Silveira Borges, quando a mesma prestou depoimento na CPI.

“Por exemplo, a data da consultoria dele foi no final de 2019 até junho de 2020. Dona Ivete entra na UPA da Queimadinha em julho de 2021. Ele disse na oitiva que se reportava a dona Ivete pra tudo, mas como ele se reportava a dona Ivete se ela não estava aqui ainda, e ela deixou claro que o conheceu quando chegou para assumir a direção da UPA? A consultoria foi paga com dinheiro público através de um contrato que a prefeitura celebrou pelo Fundo Municipal de Saúde. Se a CPI é dos contratos, nós temos que investigar quais pagamentos foram feitos de forma lícita ou ilícita. O objetivo é saber se ele fez essa consultoria porque ele não tem relatório, ele não sabe quem são os profissionais que o ajudaram, não sabe quem estava na UPA para atestar, tudo dele é intangível", declarou.

Segundo o vereador, o secretário informou que a consultoria foi no valor de R$ 400 mil, mas que ele recebeu R$ 210 mil. “Esta nota de R$ 210 mil está no processo, está com a gente uma cópia desta nota e colocaremos no nosso relatório final. O que ele disse não convenceu porque o que ele traz não é nada palpável”, afirmou.

Sobre a consultoria o secretário ironizou e disse que quando o serviço foi realizado, ele não sabia que seria futuramente nomeado secretário.

“A consultoria foi realizada há um ano, muito antes de eu me tornar secretário, com bom resultado, atingimos o objetivo. E eu não tenho previsão, se eu tivesse eu jogaria na Mega-Sena, não vou usar essa previsão pra me tornar secretário no futuro.”

Segundo Ivamberg, o secretário respondeu que os serviços de consultoria eram referentes ao treinamento e capacitação de profissionais da saúde para utilizar o prontuário eletrônico da empresa Voipy Tecnologia, porém, a direção da empresa afirmou que o serviço é executado pela própria equipe da Voipy, contratada pela prefeitura pelo valor anual de R$ 3.7 milhões.

O relatório final da CPI será encaminhado à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal.

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Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade 

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