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Estudantes de uma escola estadual na Zona Norte do Recife foram socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), durante uma crise coletiva de ansiedade, na sexta-feira (8).
O caso ocorreu na Escola Estadual de Referência em Ensino Médio (Erem) Ageu Magalhães, no bairro de Casa Amarela. Os alunos relataram sintomas como falta de ar, tremor e crises de choro. O pai de uma aluna disse que o cenário era "de filme de terror".
As imagens de um vídeo que circula nas redes sociais mostram ambulâncias estacionadas e vários alunos no chão, alguns deitados e outros sentados, sendo amparados por profissionais do Samu e por outros colegas. No momento em que o vídeo foi gravado, os estudantes que não passaram mal estavam sendo retirados do colégio.
As aulas foram suspensas naquele dia e os alunos, liberados. A Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco informou que as aulas devem ocorrer normalmente nesta segunda (11)
A secretaria estadual também declarou que a escola realiza um trabalho voltado à educação emocional dos alunos, incluindo orientações dos jovens e dos responsáveis deles sobre esse tema.
Por meio de nota, o Samu informou que foi preciso acionar 16 profissionais em seis ambulâncias e duas motocicletas para o atendimento. "Os jovens apresentaram sudorese, saturação baixa e taquicardia, foram atendidos no local e não precisaram de remoção para unidades de saúde", disse o serviço.
A crise de ansiedade desencadeou uma reação em cadeia que atingiu várias turmas da escola. Em poucos minutos, alunos de outras salas de aula começaram a gritar, e seus gritos podiam ser ouvidos pelos corredores, segundo estudantes que presenciaram o ocorrido.
De acordo com o psicoterapeuta cognitivo-comportamental Igor Lemos, ouvido pelo g1 no sábado (9), alguns fenômenos psicológicos podem ser desencadeados de forma coletiva. O profissional explicou que existe o chamado "adoecimento partilhado", que age como "efeito dominó".
A mãe de uma aluna do 1º ano do ensino médio da escola, que foi atendida pelo Samu depois de passar mal, contou ao g1 que a filha, de 15 anos, não se sente segura em voltar às aulas nesta segunda (11). "Ela está com medo de ir à escola", afirmou.
Segundo a mulher, que preferiu não se identificar, a jovem faz uso de medicação para controlar a ansiedade. A mãe disse que, quando chegou na escola, a filha estava ao lado da ambulância, deitada na grama.
O pai de uma aluna, também do 1º ano, relatou que "o cenário era de filme de terror". Ele contou que a filha presenciou correria e tumulto e avisou que estava voltando para casa após ser liberada pelo colégio.
Pais e mães preocupados
Uma comerciante disse que ficou assustada quando o filho de 15 anos contou o que aconteceu na escola. Segundo ela, o garoto não sentiu nada e foi liberado para ir para casa.
No início, ela achou que poderia ter sido algo relacionado à alimentação, devido a um caso ocorrido em março, quando 60 alunos de uma escola técnica estadual passaram mal após comerem a merenda, mas descartou essa possibilidade após o filho relatar o ocorrido.
Uma outra mãe disse que a crise coletiva de ansiedade teria começado depois que uma aluna perdeu os sentidos e os outros estudantes pensarem que se tratava de algo mais grave. Essa mulher também afirmou que soube que um aluno teria levado arma para a escola, mas não soube dizer quando ocorreu o fato.
O g1 entrou em contato a Secretaria de Educação e Esportes de Pernambuco para questionar sobre as denúncias de um aluno armado dentro da escola e sobre a agressão entre os estudantes, mas não recebeu resposta até a última atualização desta reportagem.
Fonte: G1
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