Política

Câmara repudia atos de violência praticados pela Guarda em manifestação de professores

De acordo com o vereador Silvio Dias (PT), durante a sessão de hoje foram narrados, com apoio de imagens e vídeos exibidos em um telão, todos os fatos que ocorreram durante o processo de reintegração de posse do paço municipal.

Laiane Cruz

Atualizada às 15h48

A Câmara Municipal de Vereadores realizou, na manhã desta terça-feira (5), uma reunião para discutir medidas do poder legislativo com relação aos atos de violência praticados pela Guarda Municipal durante a manifestação dos professores no interior do prédio da prefeitura na última quinta (31) e sexta-feira (1º).

De acordo com o vereador Silvio Dias (PT), durante a sessão de hoje foram narrados, com apoio de imagens e vídeos exibidos em um telão, todos os fatos que ocorreram durante o processo de reintegração de posse do paço municipal, como as agressões físicas a professores e vereadores pela Guarda, com uso de fumaça de extintores, sprays de pimenta e golpes de cassetete nos manifestantes. Centenas de professores também acompanharam a apresentação.

No início da tarde, a Casa Legislativa emitiu uma nota pública repudiando os atos praticados pela Guarda Municipal, que agiu, segundo entendimento dos vereadores, a mando do prefeito Colbert Martins, na tentativa de silenciar o movimento dos professores. 

Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade

“Foi apresentado para os vereadores como tudo ocorreu. Foi relatado que na última quinta-feira, estávamos aqui em sessão, quando os professores chegaram pedindo nosso apoio para que fizéssemos uma interlocução com a prefeitura. Entramos em contato, chamamos o vereador Pedro Américo, para que fizesse contato com a prefeitura, ele ligou e procurou saber se o prefeito estava e avisou que os vereadores estavam indo para manter esse diálogo. Em seguida, os vereadores foram à prefeitura, ficaram no térreo, e os professores foram para o primeiro pavimento, porque a prefeitura estava aberta e toda a população pode entrar no local. Lá chegando, ligamos para o vereador Pedro Américo, pois encontramos a porta fechada e uma guarda estava à frente da porta. Mantivemos um diálogo com ela para que entrasse em contato e ligamos para Pedro Américo, que ligou novamente para a prefeitura a fim de saber da situação. A partir disso, há aquela agressão por parte da Guarda Municipal em relação aos vereadores e aos professores. O que foi discutido na reunião foi quais trâmites deveriam ser seguidos agora em diante pelo legislativo, pois é importante que se posicione. O poder legislativo foi atacado pelo poder executivo”, relatou o vereador Silvio Dias.

Na avaliação dele, era necessário mostrar para todos o que realmente ocorreu, pois os vereadores governistas estão seguindo um discurso falso, que não condiz com as imagens.

“Toda a Feira de Santana viu as imagens de covardia, grosseria, onde mulheres foram espancadas, onde uma pessoa caída ao solo apanha com cassetetes e agridem o vereador Jonathas Monteiro, que tenta intervir e apanha também, tem um dente quebrado. Há sangue derramado em uma manifestação que tinha a intenção de ser pacífica. Os professores foram à prefeitura para dialogar com o prefeito. Foi colocado em pauta sobre o afastamento do prefeito, mas não foi ainda fechada a questão. Não há como achar que a Guarda agiu daquela forma durante a noite sem pensar que o prefeito tinha conhecimento e deliberadamente ordenou que fosse daquela forma. Teve uma ordem do secretário, que em muitos momentos avisa também que está cumprindo ordens”, salientou.

O vereador da base governista José Carneiro (MDB) afirmou que participou da reunião acerca dos atos praticados pela Guarda Municipal durante o protesto. Ele disse ainda que é contra qualquer ação violenta e propôs a moção de repúdio por parte dos vereadores.

“Na verdade, primeiro teve uma reunião do grupo dos 13. Posteriormente, nós do governo, fomos convocados e lá estivemos. E o objetivo foi exatamente falar do que ocorreu com o vereador Fernando Torres e com o vereador Jonathas Monteiro. Eu, particularmente, repudio qualquer ato de violência. Não compartilho das ações que aconteceram, sou defensor do repúdio às ações e atitudes violentas que aconteceram no processo. Quando nós chegamos, a reunião já tinha acontecido, e nós fomos convocados apenas para chancelar algumas ações, que não foram ditas quais são. Eu defendi uma moção de repúdio às ações de violência", afirmou.

Leia a nota pública da Mesa Diretora da Câmara de Feira de Santana na íntegra:

"NOTA PÚBLICA


A Câmara Municipal lamenta e repudia, de forma veemente, os atos de selvageria e barbárie ocorridos nos últimos dias 31/03 e 01/04, no prédio da Prefeitura de Feira de Santana, quando o Poder Executivo, por meio de violência, tentou silenciar o movimento dos professores da rede municipal, autorizando prepostos da Guarda a agredi-los. Também foram atacados os Edis Fernando Torres, Silvio Dias, Emerson Minho e Jhonatas Monteiro, que, legitimamente, tentavam intermediar um entendimento entre Governo e docentes, com o objetivo de ajudar a encerrar a greve da categoria.

Os professores têm importância impar para a coletividade, são os propagadores de valores éticos e conhecimento, desde a infância, com fundamental participação na formação de todos. Ademais, é fato notório o estado de abandono das escolas municipais e ausência de condições básicas, até de merenda. Apesar da sua relevância, a classe é frequentemente menosprezada e negligenciada pela Administração Municipal.

A conduta do Executivo Feirense por meio de guardas municipais, com violência desmedida e atroz, revela o desrespeito a sociedade que sofre tanto com salários baixos, péssima infraestrutura e ausência de recursos. O gesto de autoritarismo do Executivo, que lembra os anos sombrios da ditadura militar, teve também como alvos os Edis da Câmara Municipal de Feira de Santana, que foram as ruas lutar junto com a classe em prol dos seus direitos atuando como legítimos representantes do povo e cumprindo o que compete ao exercício da cidadania e da vereança.

Em um regime democrático, os Princípios Constitucionais basilares asseguram a todos a livre manifestação de pensamento e o direito inafastável de lutar pelo que se acredita. A Casa da Cidadania sempre atuará na construção de uma sociedade justa e igualitária, respeitando todos os pensamentos, utilizando sempre o diálogo, sem atos de violência e supressão dos direitos fundamentais, como praticados pelo Executivo no nosso Município. O Legislativo, o Ministério Público, o Judiciário e toda a sociedade civil organizada, haverão de dar a resposta cabível a esta truculência. Feira de Santana, 05 de abril de 2022"
 

 

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.

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