Laiane Cruz
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) realiza até o dia 8 de abril a Semana de Conscientização sobre o Autismo, com estandes montados em frente à entidade e no estacionamento da prefeitura municipal de Feira de Santana. Durante a programação estão sendo ministradas palestras e atividades para pais, crianças e jovens, além de arrecadação de recursos financeiros.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
Em entrevista ao Acorda Cidade, o vice-presidente da Apae em Feira e pai de autista, Jurandir Mato Grosso, falou sobre a importância da Apae no tratamento do seu filho, que hoje aos 35 anos de idade apresenta uma boa evolução e segue em acompanhamento multidisciplinar.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
“Eu tenho um filho autista que hoje tem 35 anos, vai fazer 36 em agosto. E é muito gratificante essa convivência dele como autista dentro da Apae. Foi na entidade onde ele realmente se encontrou, e a partir de um tratamento muito bem acompanhado, multidisciplinar, ele tem conseguido se superar e hoje a gente considera que ele evoluiu muito. Ele tinha 1 ano e meio quando identificamos o Transtorno do Espectro Autista. Então nós procuramos recursos fora, porque, na verdade, Feira de Santana não tinha, então recorremos a Salvador e São Paulo, onde foi dado o laudo final”, contou.
Segundo Jurandir Mato Grosso, após idas e vindas, a família foi orientada a procurar a Apae e desde 1999 recebem apoio da entidade.
“Foi recomendado que procurássemos os tratamentos que existiam na época, como a fisioterapia de sensibilidade, pois ele não tinha muita sensibilidade na pele, e fomos descobrindo outros tipos de coisas. Então participamos de eventos de terapia e conseguimos superar, e eu encontrei isso aqui na Apae de Feira, por indicação de uma médica de Salvador, que conseguimos em 1999, e desde então estamos aqui. Ele ainda é acompanhado hoje, não pode paralisar. É um trabalho permanente. O autismo é uma condição onde a evolução acontece também de acordo com a permanência do acompanhamento. O progresso do meu filho é visível e ele tem muita habilidade com sons, imagens, adora filmes, cinema, fotografia. Já tem coisas que ele não gosta. Todo autista é assim: a autonomia e o controle são deles e a gente só precisa administrar isso. É o que temos feito”, pontuou.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
A diretora da Apae, Mary Portugal, destacou que o Dia 2 de abril foi o Dia Mundial de Conscientização sobre o Autismo, uma data que foi destinada pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que todos pudessem fazer mobilizações e chamar a atenção sobre a complexidade do autismo.
“Então iniciamos ontem a semana com uma caminhada no bairro Jardim Cruzeiro, com apitaço, cartazes e chamando a atenção para a questão, e hoje estamos com um estande na porta da Apae e outro no estacionamento da prefeitura, mostrando os serviços que a entidade oferece, com algumas palestras, e no momento tentando também conseguir alguns associados, que permitam aumentar um pouco mais a renda da Apae e possamos continuar prestando os atendimentos. A programação ocorre até o dia 8 de abril. Paralelo a essa programação, os jovens estão no Parque da Cidade em um momento de lazer e os profissionais e as famílias nesse momento em busca de recursos. Em todos esses dias teremos palestras e atividades para os pais e familiares, além da programação para as crianças e jovens”, explicou.
Foto: Ney Silva/ Acorda Cidade
Conforme Mary Portugal, a Apae é uma entidade filantrópica e não tem nenhum recurso seguro ou próprio.
“Vivemos de doações e da contribuição de associados, mas que não chegam a atender nem a metade das nossas necessidades. Com autismo, temos cerca de 200 pessoas sendo atendidas atualmente na Apae. Temos uma lista de espera, algo que realmente nos incomoda, é uma lista que não acaba, e tem pessoas que estão há mais de um ano esperando. Tínhamos até o ano passado um programa do Ministério da Saúde, que foi encerrado e 85 crianças ficaram sem atendimento. Ficamos abalados com isso, mas conseguimos que alguns desses pacientes retornassem, mas não foi como antes, que tínhamos 15 profissionais especializados e agora nós não temos essa quantidade somente lá no Núcleo de Autismo do Jardim Cruzeiro.”
A diretora salientou que a sociedade precisa entender o que é o autismo, uma vez que não se trata de uma doença, e sim um transtorno, que traz, principalmente, uma dificuldade de comunicação.
“É preciso entender o que o autista quer comunicar. Às vezes, aquele momento de gritos, bater cabeça, é porque a pessoa não está sendo compreendida. Muitas vezes, eles estão com uma dor, tentando comunicar alguma coisa e não conseguem ser entendidos. O grande déficit do autismo é a comunicação, e quando pais e familiares começam a entender, o autista muda. Outra questão é a sensorial, que eles têm uma dificuldade muito grande nessa parte. É um transtorno muito complexo, mas com a família sendo bem orientada, eles se desenvolvem.”
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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