Gabriel Gonçalves
Um grupo de entregadores de aplicativo (delivery) paralisou as atividades na manhã desta sexta-feira (1º) ao lado do Terminal Central na Avenida Olímpio Vital, em Feira de Santana, para protestar por melhores condições de trabalho.
Ao Acorda Cidade, o entregador Jean Santos Oliveira, destacou que o protesto é nacional, no qual, a categoria está insatisfeita com a precarização da mão de obra.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Essa paralisação é nacional, hoje ela acontece no Brasil todo, onde todos os entregadores estão paralisando as suas atividades em protesto, em busca de melhorias, melhores condições de trabalho, para os motoentregadores, contra a precarização da nossa mão de obra. Todos sabem que os aplicativos ficam de forma incitando os entregadores a fazerem entregas cada dia, de forma mais rápida, para poder dar conta das suas entregas, que eles têm dentro dos estabelecimentos. A taxa mínima hoje é de R$ 5,31, sendo que a gasolina aumentou muito nos últimos dias, e nós não conseguimos ver um ganho palpável onde possamos sustentar nossa família, com essa taxa tão baixa que os aplicativos hoje pagam para os motoentregadores", relatou.
Segundo Jean, existe uma modalidade pelo aplicativo que não paga o entregador a partir do momento que ele se desloca para pegar o material, mas apenas a partir do momento da entrega da encomenda para o cliente.
"Hoje eles têm taxa mínima de R$ 5,31, alguns até menos. Eles pagam R$ 1 por km rodado, mas eles não pagam para a gente ir coletar o pedido, ou seja, se a gente estiver em um local e o povo chama lá, a gente está aqui no Transbordo Central, se chamar lá no McDonald's, eles não pagam para a gente ir até lá retirar esse pedido, eles começam a contar a partir de lá. Aí acaba se tornando injusto da parte deles esse pagamento. Hoje estão cadastrados em aplicativos mais de 5 mil entregadores em Feira de Santana", informou ao Acorda Cidade.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Além desta reclamação, a categoria solicita o fim das 'rotas duplas'.
"Entre essas, nós temos outras reivindicações, como o fim das rotas duplas, que é quando os aplicativos mandam seus entregadores coletarem dois pedidos e paga o preço de apenas uma entrega. Sabendo que eles pegam o nosso dinheiro dessa outra entrega que foi feita, para poder fazer promoções para os clientes. Nós não temos nada contra que eles façam promoções para os clientes, porém que não tirem dos nossos ganhos. O que é que eles fazem, cobram os clientes, na nota chega lá um preço, a entrega é um preço na nota, porém esse valor não chega até nós, é muito menos do que o que está lá na nota para o cliente ver. Muitos entregadores foram bloqueados por conta de desvio de rota, muitas vezes se a gente chega em uma via que não tem condições de estar passando por aquela via, a gente tem que desviar por outra via para poder chegar até o local. Porém os aplicativos não entendem isso, eles entendem isso como um desvio de rota, e acabam penalizando os seus motoentregadores por conta disso", explicou.
Homenagem
Foto: Priscila Oliveira/Leitora Acorda Cidade
Também nesta quinta-feira (1º), os entregadores fizeram um protesto em forma de homenagem ao colega Luiz Paulo, que morreu em serviço. A homenagem ocorreu durante o velório, no momento em que os entregadores juntaram as mochilas com os compartimentos onde são depositados os alimentos.
O objetivo foi chamar atenção quanto às condições precárias que enfrentam diariamente, como a imposição do tempo para concluir cada entrega, expondo-os a acidentes como o que vitimou fatalmente Luiz Paulo, no conjunto Feira V, próximo à farmácia Brito, no último dia 19 de março. Ele passou 13 dias internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu.
Com informações do repórter Ed Santos e da jornalosta Andrea Trindade do Acorda Cidade
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