Laiane Cruz
Ano de eleição e as arrumações políticas correm a todo vapor dentro dos partidos, e em meio a essa corrida para composição da chapa majoritária ao governo da Bahia, o grupo que lidera o PT ‘levou um cavalo de pau, virou de ponta a cabeça e a boleia do caminhão ficou para trás’. É a análise bem humorada do empresário do ramo de comunicação e analista político Humberto Cedraz.
Para ele, com a indisposição do governador Rui Costa (PT) de conduzir a campanha do seu sucessor ao Palácio de Ondina, para não ficar sem mandato, e colocar seu nome para ser candidato ao senado, as relações dentro do partido se enfraqueceram, o que culminou com a desistência de Jaques Wagner (PT) em se candidatar para o cargo e a partida de João Leão (PP) para os braços de ACM Neto (UB).
“O governador não teve a paciência de Jaques Wagner, que pegou Rui com 1 ou 2%, patinando até 4% até o sexto mês do seu lançamento e continuou no cargo para ter o compromisso de ajudar a mudar o quadro e ganhar a eleição em 2006. Rui não queria ficar sem mandato, e se expôs criando uma dificuldade com Otto. Sem dúvida, Rui Costa, se Lula ganhar a eleição, ele sabe que, como Wagner, não iria ficar desamparado e iria ser um ministro, não tenho dúvida disso. Só que isso não foi acertado com os companheiros”, avaliou Cedraz.
Acerca da candidatura de Jerônimo Rodrigues (PT) para governador do estado, Humberto acredita que construir a imagem dele será algo difícil.
“Desarrumou tudo. E colocaram Jerônimo, que na semana passada se entrasse na Câmara de Feira, onde ele morou por longo tempo e ensinou na faculdade, acho que nem os vereadores petistas o conheceriam na galeria, se não tivesse de paletó e gravata, e acompanhado por seguranças e auxiliares. Então essa relação terá que ser construída e é muito difícil. Foi bom para ACM Neto que ganhou de presente João Leão, com um número grande de prefeituras”, disse.
Quanto às chances de José Ronaldo (DEM) em compor a chapa como vice-governador de ACM Neto, o empresário entende que são muitos nomes no páreo, que terão que aguardar em banho-maria a decisão de Neto lá na frente.
“Ronaldo, eleitoralmente, é o melhor nome e carece de um partido, que o defenda como um nome seu e em condições de assumir, a exemplo do Republicanos, para onde vai Marcelo Nilo. E Ronaldo está atrás do PDT para ver essa posição de vice, que eleitoralmente é o melhor quadro para ACM Neto. O PDT quer, mas o próprio Leo Prates, que foi com Ronaldo a Brasília, disse que a vaga pode ser para o Félix Mendonça e tem João Gualberto, do PSDB, que também luta por isso há muito tempo. Enfim, todos esses, fora João Leão, já estão no páreo para vice, e não tem nada definido. Ronaldo já disse que ficar sem mandato está fora de cogitação, era o senado a luta, agora já disse que é ser vice”, destacou.
Para ele, o escorregão do PT que mudou a situação de Neto para melhor. Só que o PT está querendo dar o troco em ACM Neto, porque tomou 1 a 0 com a retirada de Leão, e para isso está investindo no PDT, que José Ronaldo namora. Mas, para Humberto Cedraz, não existe chance de Ronaldo andar de mãos dadas com Lula, caso não seja contemplado por Neto.
“Não pegaria bem, ele não iria levar o seu rebanho dizendo que Lula é o maior, tendo Zé Neto como liderança maior do PT em Feira e iria querer contabilizar os votos para ele. E eu também não acredito que José Ronaldo pode ir atrás da hóstia que João Roma (Republicanos) pode dar a ele, essa não faz milagre. Ronaldo é uma pessoa muito fria. Ele ficaria sentido, mas não com uma mágoa que ficaria exposta com ACM Neto.”
Mais detalhes dessa entrevista você confere no PodCast.
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