Gabriel Gonçalves
Atualizada às 17h46
A Petrobras reajustou nesta sexta-feira (11) os preços de gasolina e diesel para as distribuidoras. O preço médio de venda da gasolina para as distribuidoras passou de R$ 3,25 para R$ 3,86 por litro, um aumento de 18,8%. Já para o diesel, o preço médio passou de R$ 3,61 para R$ 4,51 por litro, uma alta de 24,9%.
Por conta deste aumento, vários caminhoneiros paralisaram as atividades na manhã desta sexta, na BR-116 Norte, próximo à passarela do bairro Cidade Nova, em Feira de Santana.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Proprietário de uma transportadora, Adriano Santana, informou que o maior objetivo da manifestação é chamar a atenção pela grande alta do preço do diesel.
"Estamos aqui reivindicando sobre o preço do diesel, porque tivemos um aumento absurdo. Somos pais de família, precisamos trabalhar. O preço subindo cada vez mais e dessa forma, não tem condições de rodar. O diesel estava custando cerca de R$ 5,60 e hoje já está custando quase R$ 8,00. Meus veículos rodam para toda a Bahia, o estado de Sergipe e Alagoas. Estamos pagando para trabalhar, tirando do bolso, porque o frete não paga o que estamos gastando em combustível. Por isso, estamos fazendo este movimento aqui, mas já temos informações que em Vitória da Conquista já parou, Poções também e estamos na luta", disse.
Ainda de acordo com Adriano Santana, apenas veículos pequenos, ambulâncias e carros transportando produtos perecíveis estão passando.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Já para o caminhoneiro Flávio Vitório que mora em Feira de Santana, a manifestação deveria ser feita nos postos de combustíveis. De acordo com ele, isso apenas prejudica quem não tem relação com o problema.
"Eu não estou trabalhando nesses dias, mas estou aqui reivindicando junto com meus colegas, porque isto é em prol de toda a categoria. Infelizmente é uma situação complicada que estamos passando com este preço, mas eu entendo também que a manifestação poderia ser feita nos postos, os motoristas ficando em casa e sem rodar, mas fechar a pista desta forma, eu não sou a favor. Infelizmente o caminhão que dirijo consome muito, e realmente não tem condições de trabalhar desta forma, porque imagine fazer apenas 2 quilômetros com o litro da gasolina e tenho que investir cerca de R$ 7 mil para encher o tanque", concluiu.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
Na estrada há cerca de três dias, o caminhoneiro José Donizete Magalhães, 43 anos de idade, saiu da cidade de Paulínia, interior do estado de São Paulo com destino à João Pessoa na Paraíba.
Sem poder continuar com a viagem, José contou ao Acorda Cidade que agora 'só resta' aguardar o posicionamento dos líderes da manifestação.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eu sair de São Paulo na última terça-feira e tinha como previsão chegar em João Pessoa amanhã, para entregar um material de ressonância magnética. Mas agora não sei como vou fazer. Estou aqui parado, esperando o posicionamento deles para continuar com a viagem. Nunca tinha visto pararem carga de material hospitalar e agora decidiram parar, mas realmente o combustível está muito caro, é inaceitável tudo isso, é necessário que os governadores possam achar uma solução para isso", informou.
Segundo o caminhoneiro, em média é pago mais de R$ 7 mil em combustível.
"Hoje eu não tenho como calcular um valor extado pelo preço que é pago, porque todo dia é um valor novo nestes postos. Eu mesmo abasteci por quase R$ 7. Então o tanque aqui é de 1.200 litros, quando a gente vai para a ponta do lápis, é mais de R$ 7 mil", contou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Sem previsão para concluir a viagem, José se vira como pode. Com uma 'cozinha' improvisada na lateral do caminhão, ele contou ao Acorda Cidade que a rotina é sempre assim.
"Aqui eu como coisa simples, é um feijão com arroz, hoje tem calabresa, amanhã pode ter só ovo, um dia pode ter bife, até mesmo carne cozida, aí nesse caso, precisa comprar no mesmo dia, porque não tem como guardar a carne. E assim vou levando nesta rotina, sem previsão para retorno para casa", lamentou.
Presente na manifestação, Silvania Ramos, é proprietária de uma carreta e estava dando apoio aos outros caminhoneiros.
Ao Acorda Cidade, ela contou que toda a manifestação é pacífica sem cunho político.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Esta á uma mobilização pacífica onde nós não estamos mais suportando, não só os caminhoneiros, mas estamos falando de toda a população. Isto é um abuso que não estamos mais aguardando, não estamos suportando e não podemos continuar desta forma. O gás, a gasolina, o diesel chegou em um momento extremo que não dar mais para sobreviver. Quem carrega tudo nas costas, são os caminhoneiros. Se eles pararem, tudo para, porque são eles que transportam a carne, a água, o alimento e como fica? Nosso intuito aqui é ser pacífico sem nenhuma intromissão política. Aproveitamos também e arrecadamos alguns valores com os próprios motoristas, para que possamos efetuar a compra de toldos, para que tenhamos aqui um ponto de apoio, com cadeiras, pois estes profissionais estão sem a família, e neste momento, nós que somos a família", concluiu.
Fábio Luiz conhecido como ‘Galo Velho’, coordenador do movimento dos caminhoneiros avaliou a manifestação da categoria como ordeira e pacífica e informou que em Feira de Santana cerca de 300 caminhoneiros participaram.
Segundo ele, a manifestação é em prol de toda população e os caminhoneiros não aguentam mais a situação do aumento dos combustíveis. Ele frisou que o salário mínimo não acompanha as despesas e se as pessoas não se unirem pode tudo aumentar ainda mais.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Se não brigarmos pela redução dos combustíveis, o cidadão brasileiro não vai aguentar. Estamos brigando pela redução do combustível e se a gente for brigar na íntegra pelo acompanhamento do frete, os empresários não aguentam pagar”, disse.
Após negociação com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), uma via sentido Feira-Serrinha foi liberada pelos manifestantes.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Por volta das 17h50, alguns caminhoneiros que não quiseram aderir ao movimento começaram a se retirar do protesto, seguindo viagem.
Um dos líderes da manifestação, Flávio Luís, que negociou com a PRF a liberação da pista informou que cabe à população brasileira se conscientizar que a situação atual não é boa para ninguém, mas quem quiser deixar a manifestação poderá fazer.
"Eles estão fazendo garantir o direito de ir e vir, e quem não quer continuar na manifestação indo embora, mas quem quiser continuar vamos permanecer aqui. O direto de ir e vir está constituição, agora cabe à população brasileira se conscientizar que as coisas não estão boas", afirmou
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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