Laiane Cruz
Muitas pessoas em busca de afinar a silhueta, conquistar a chamada ‘barriga tanquinho’ ou simplesmente dar aquela ‘secada rápida’ para um evento importante podem, sem saber, provocar graves problemas ao funcionamento de um dos órgãos mais importantes do corpo: o rim.
O uso de emagrecedores, como chás, suplementos e outros medicamentos para emagrecimento rápido podem causar lesões renais e até mesmo provocar a morte desses pacientes, conforme alerta feito médico nefrologista César Oliveira, que atua em clínicas particulares e públicas, como o Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), em Feira de Santana.
O alerta feito pelo médico nesta quinta-feira (10) é muito importante, sobretudo porque nesta data se comemora o Dia Mundial do Rim. Segundo ele, um caso recente de uso abusivo de emagrecedores foi o da cantora Paulinha Abelha, vocalista da banda Calcinha Preta, que morreu aos 43 anos no dia 23 de fevereiro, em Aracaju.
A artista teria sofrido lesões graves nos rins e fígado, após tomar uma combinação de medicamentos para emagrecer e dormir.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“A cantora me parece que usou uma combinação de sete ou oito substâncias e uma delas diurético, que acaba afetando a função dos rins. E essa combinação foi excessiva, com muita medicação associada no tratamento. Como tudo no Brasil, temos uma dificuldade de regulação e controle. Então você vai ter fabricantes de boa qualidade, com bom controle, registros, e você vai ter coisas por aí feitas em fundos de quintal, sem nenhum controle. Eu acho que quem quer emagrecer e ficar mais bonito tem, às vezes, um desespero e se propõe ou aceita fazer coisas que não seriam normais ou habituais, e isso gera um risco muito grande. É preciso muito cuidado quando se faz essa opção de mudar o corpo. O preço pode ser caro, como no caso dessa cantora”, destacou o especialista.
A questão, na avaliação do médico, é a grande quantidade de substâncias associadas nestas fórmulas, que muitas vezes são desconhecidas ou têm um efeito ainda não comprovado para um emagrecimento saudável.
“O problema é que a gente tem nessas fórmulas emagracedoras uma combinação de coisas misteriosas. Então a gente tem diurético, inibidor de apetite, antidepressivo, remédio para emagrecimento, tem produtos ditos como naturais, mas que são ervas tóxicas, ou seja, uma formulação muito estranha e que evidentemente pode causar, além de lesão hepática, também a lesão renal. E temos suplementos proteicos e suplementações excessivas de vitamina D, que também podem causar lesão renal”, alertou durante entrevista ao Acorda Cidade.
Mas para que serve o rim?
O rim, conforme César Oliveira, funciona como o ar condicionado do corpo humano, regulando a sua temperatura, além disso tem um importante papel na pressão arterial, na produção de eletrodos, hormônios e diversas outras funções dentro do organismo.
“O rim tem um papel essencial no organismo. Ele regula a quantidade de água que esse organismo tem, a pressão arterial, todos os eletrodos que nós precisamos para funcionar, como o sódio, cálcio, magnésio, potássio. Ele fabrica o hormônio que ajuda a fazer o sangue, regula a vitamina D, uma parte da glicemia, ou seja, o rim tem uma série de funções. O nosso corpo só funciona bem quando está na temperatura ideal ou no PH ideal. O rim é que mantém o ar-condicionado do corpo na temperatura ideal para ele funcionar. Quando não tem rim, não funciona bem isso”, explicou.
Ainda de acordo com o nefrologista, quando uma pessoa começa a perder a função renal, há diferentes fases, que vão da fase 1 até a 5, sendo esta última a fase terminal.
“A função 5 é quando o paciente vai para a hemodiálise. Quando ele começa a ser destruído é que a gente vai classificando a função renal. É uma doença que acomete muita gente, estima-se que 10 milhões de brasileiros tenham alguma doença renal. Mas temos alguns grupos prioritários. Por exemplo, todo paciente hipertenso tem o risco de perder a função renal porque o rim é que regula a pressão arterial. Até 40% dos pacientes diabéticos terão uma função renal comprometida. Pacientes que usam anti-inflamatório constantemente estão em risco, pacientes com doenças crônicas e pacientes idosos, porque a partir dos 50 anos começamos a diminuir a função do rim”, esclareceu.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.
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